Tópicos | propostas de intervenção

A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) geralmente propõe temas que são relevantes para a sociedade. Durante o desenvolvimento do texto, o candidato precisa apresentar uma proposta de intervenção para a temática que foi estabelecida.

Você sabe o que é uma proposta de intervenção, onde ela aparece e qual a importância dela para a construção da nota? Os professores de redação Diogo Xavier e Diogo Didier, em entrevista à reportagem do LeiaJá, explicam essas questões.

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O professor Diogo Xavier diz que a proposta de intervenção é uma maneira de o estudante provar ao avaliador que ele consegue elaborar formas possíveis para eliminar o problema sobre o qual se fala no texto. “É uma forma de o candidato mostrar para o leitor que é capaz de sugerir medidas viáveis de combate ao problema discutido no texto, para assim diminuí-lo, reduzir sua gravidade”, detalha.

“O tema que o Enem vai trazer para nós é uma problemática, ou seja, um conjunto de problemas que exigirão do estudante uma posicionamento social para isso. Então, nada mais é do que uma resposta ao tema da problemática que será trabalhada, que muitos ainda têm aquela ilusão de que muitos temas do Enem não têm solução, quando eles têm. Cada tema tem muitas soluções possíveis. Agora basta que a gente tenha uma sensibilidade e um entendimento maior com relação a essas possíveis soluções ou propostas de intervenção, da qual a gente tem que interver como cidadão, para se colocar no texto”, comenta Diogo Didier.

Xavier ainda indica que o mais sugerido é que a proposta de intervenção esteja no final da redação. “O mais comum e mais indicado é que esteja na conclusão da redação, depois que o problema já foi amplamente discutido no desenvolvimento”, comenta. Diogo Didier pondera essa afirmação. Assim como Xavier, Didier conta que geralmente a proposta de intervenção aparece na conclusão, mas ele também destaca que não é errado que no desenvolvimento 1 (D1) ou no desenvolvimento 2 (D2), o estudante possa, se quiser, depois de finalizar o argumento de cada um desses parágrafos, terminar a ideia adiantando um pouco a conclusão no final do D1 e do D2.

Sobre a importância da proposta de intervenção para a construção da nota, Xavier comenta que, caso o estudante não apresente propostas, poderá perder até 200 pontos da nota. “Ela é avaliada na competência V da prova do Enem. Caso o candidato não dê propostas, perderá 1/5 da nota, ou seja, 200 pontos. Faz toda diferença. Para alcançar nota máxima nesse quesito, a proposta deve estar relacionada ao que foi discutido no texto, ser viável e detalhada, indicando o que fazer, quem o fará, como e com qual finalidade”, conta.

“A importância dela é, indubitavelmente, a de caráter cidadão. O candidato vai ser analisado pela perspectiva não só de posicionamento dele como indivíduo que faz parte de um mundo, que entende aquela dilemática, e tem de traçar construções sociais para solucioná-la para curto, médio ou longo prazo. Antes de tudo, acho que a importância maior é porque é o principal termômetro do texto, em que a vertente dos direitos humanos é cobrada. A gente sabe que a competência 5, que nos pede a intervenção, ela também nos cobra ao longo do texto que essa solução seja feita a partir da perspectiva de respeito aos direitos humanos, que hoje no vestibular não é mais penalizado, como era antes, com a anulação da prova. Ou seja, se o candidato desrespeitar o direito humano hoje, ele não zera a redação, mas tem aquele trecho desrespeitoso cortado e desconectado da redação. Então, é uma forma, também, da banca sentir qual o grau de humanidade, de empatia, de respeito, de solidariedade que o candidato tem para com aquela temática ao ponto de trazer soluções que não sejam extravagantes, que não sejam utópicas ou punitivas, apenas", acrescenta Diogo Didier.

Na prática

O LeiaJá e o projeto Vai Cair No Enem desafiaram os professores. Eles elaboraram propostas de intervenção com a pauta do coronavírus. Confira:

Tema: Estratégias de combate ao novo coronavírus no Brasil - Diogo Xavier

Proposta 1: É necessário que o Ministério da Saúde, por meio de direcionamento de verbas do Governo Federal, amplie a disponibilidade de testes para o novo Coronavírus, a fim de que os estados e municípios possam contabilizar com mais precisão os infectados e, assim, planejar medidas de controle.

Proposta 2: Ademais, o Congresso Nacional deve aprovar a liberação dos 2 bilhões de reais direcionados às campanhas das eleições municipais deste ano para serem aplicados na assistência a famílias as quais estejam com a renda comprometida, para que seja possível manter um isolamento social mais amplo, de modo a achatar a curva de transmissão do vírus e não sobrecarregar, ainda mais, os hospitais.

Tema - Medidas políticas para combater o coronavírus no Brasil - Diogo Didier

Proposta 3: Dessa forma, mais viral que o Coronavírus é o falatório infundado sobre ele. Porém, é possível dar outro rumo a essa prosa. Para tanto, é papel do Ministério da Saúde fazer investimentos maciços nos hospitais nacionais, por meio de requerimento ao Presidente da República, para que este viabilize verbas voltadas a qualificar o atendimento do SUS frente a tal pandemia; com fito de resgatar a confiança do povo neste órgão, ofuscado pela deficitária realidade da saúde atual. Em paralelo, o Estado deve criar uma campanha aliada a mídia intitulada de “Pode Confiar”, a qual, por meio de médicos especialistas, seriam difundidos comunicados na grade televisiva sobre os cuidados com o Coronavírus. Isso para que a sociedade seja conscientizada pelos seus governantes acerca do COVID-19, a fim de contornar a onda de pânico criada pela rede. Assim, não haverá coincidência entre a vida real e o cinema.

Tema - A pandemia do coronavírus na metropolização das sociedades 

Proposta 4: Logo, já que a metropolização dificilmente sofra retardo, é preciso unir forças na luta contra o coronavírus noutra perspectiva. Assim, a OMS deve criar uma comissão internacional urgente para que os maiores cientistas da atualidade possam trabalhar juntos contra esse vírus, a priori nas nações onde ele já foi diagnosticado e, a posteriori, traçando metas para que países mais vulneráveis como o Brasil não sejam acometidos por essa pandemia. Ao fazer isso, espera-se que haja celeridade no controle e combate da doença, levando em conta dilemas urbanos e ambientais, bem como possíveis saídas para criar nas metrópoles uma atmosfera onde as epidemias sejam diagnosticadas e tratadas antes de ganharem estágios pandêmicos.

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