Tópicos | Ricardo de Moura

Joanna Maranhão anunciou nesta quarta-feira sua saída do Unisanta. Uma das principais nadadoras brasileiras dos últimos tempos, ela optou por se desligar do clube santista por causa da contratação do dirigente Ricardo de Moura, acusado de envolvimento em um escândalo de desvio de recursos públicos na modalidade.

"Não lutei 11 anos contra a antiga gestão da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) para ter Ricardo de Moura como coordenador técnico. Grata pela temporada de 2017, sigo em busca de novo clube", escreveu a nadadora em sua página no Twitter.

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Ricardo de Moura ficou pouco mais de dois meses preso em 2017, justamente pelas acusações de envolvimento no esquema de desvios da natação brasileira. Ele exercia o cargo de superintendente da CBDA e era homem de confiança do ex-presidente Coaracy Nunes, também preso na operação "Águas Claras", no ano passado.

Entre outras funções, o dirigente era responsável por controlar convocações, patrocínios e indicações para o Bolsa Pódio. Era também conhecido desafeto de alguns nadadores, entre eles Joanna. Desde o fim do ano passado, Ricardo passou a integrar a diretoria da Unisanta, liderada pelo ex-presidente do Santos Marcelo Teixeira.

"Por questões morais, acabei me tornando, por consequência do meus posicionamentos, referência de ética enquanto atleta. E é o que faz sentido para mim e me traz sensação de dever cumprido ao final de uma prova. Apesar de não me caber fazer qualquer tipo de julgamento, considero impossível e inviável minha permanência na equipe", explicou a nadadora em sua página no Instagram.

Apesar da opção pela contratação de Ricardo, Joanna fez questão de agradecer a Marcelo Teixeira e à diretoria da Unisanta pela temporada de 2017. Sem revelar seu destino, a nadadora comentou que vai "em busca de um novo clube para dar continuidade ao meu trabalho".

Foragido da Operação Águas Claras, o secretário-geral de natação e executivo da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Ricardo de Moura, se entregou na noite desta sexta-feira, no Rio. Contra ele, havia um mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

As investigações apuram o destino de cerca de R$ 40 milhões repassados à CBDA, que não teriam sido devidamente aplicados nos esportes aquáticos. O presidente Coaracy Nunes e outros dois dirigentes da entidade, Ricardo Cabral (coordenadoria técnica de polo aquático) e Sergio Ribeiro Lins de Alvarenga (diretor financeiro), estão custodiados na Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu - mesmo presídio onde está o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, capturado na Operação Lava Jato.

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Entre as fraudes investigadas pela Águas Claras, estão licitações para aquisição de equipamentos de natação no valor aproximado de R$ 1,5 milhão. Há indícios de que a empresa vencedora seja apenas de fachada, pois em seu endereço na capital paulista funciona uma Pet Shop.

Também é alvo da Águas Claras a contratação, com suspeitas de irregularidade, de agência de turismo que venderia passagens aéreas e hospedagens para os atletas com preços superfaturados. Essas contratações irregulares eram realizadas com verbas federais obtidas por meio de convênios com o Ministério do Esporte.

A operação apura ainda a suposta apropriação por parte dos dirigentes da CBDA de premiação de US$ 50 mil que deveriam ter sido repassados a atletas. Além disso, estima-se que cerca de R$ 5 milhões, provenientes do Ministério do Esporte, deixaram de ser aplicados no polo aquático. Embora a CBDA tenha recebido esta verba federal para aplicação nos torneios nacionais e internacionais, seus dirigentes não autorizaram a ida da seleção júnior de polo aquático, campeã sul-americana e pan-americana, para o Mundial do Casaquistão, sob o argumento da falta de recursos financeiros.

Na esfera cível, o Ministério Público Federal já levou à Justiça duas ações de improbidade administrativa contra o presidente da confederação, Coaracy Gentil Monteiro Nunes Filho, outros dirigentes e empresários pelas fraudes em licitações para a aquisição de itens esportivos.

A Operação Águas Claras está sendo conduzida pela Polícia Federal e pelos procuradores da República do Núcleo de Combate à Corrupção em São Paulo Thaméa Danelon, José Roberto Pimenta Oliveira e Anamara Osório Silva, com a participação da Controladoria-Geral da União.

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