Tópicos | Rogério Tolentino

O advogado Rogério Lanza Tolentino, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no mensalão, deixou nesta quinta-feira, 30, pela primeira vez a penitenciária em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, para seu primeiro dia de trabalho externo. Tolentino, que é ex-sócio de Marcos Valério Fernandes de Souza e já representou o empresário em ações judiciais, teve seu primeiro dia de trabalho como assessor jurídico da RQ Participações S.A., do ex-deputado federal Romeu Queiroz, outro condenado pelo STF no processo do mensalão.

Na empresa ninguém quis falar sobre o assunto, mas a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), responsável pela administração dos presídios mineiros, confirmou que Tolentino deixou a Penitenciária José Maria Alkmin no início da manhã para iniciar sua atividade na empresa do colega de trabalho e processo. Assim como o advogado, Queiroz cumpre pena na unidade de Neves e também recebeu autorização da Vara de Execuções Criminais (VEC) do município para trabalhar como gerente administrativo e financeiro da própria empresa.

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Ainda de acordo com a Seds, Tolentino receberá o mesmo pagamento que o dono da RQ, de um salário mínimo mensal, hoje em R$ 724, para cumprir uma jornada que vai das 8h às 18h nos dias de semana e das 8h às 12h aos sábados. O horário também é o mesmo de Queiroz e os dois seguem para bater o ponto em carro da empresa. Como a sede da companhia fica em Belo Horizonte, distante cerca de 35 quilômetros de Ribeirão das Neves, eles têm autorização para deixar o presídio às 6h e devem estar de volta até as 20h.

Para verificar as atividades exercidas pelos condenados, a empresa deve enviar relatório mensal à Seds informando a frequência e o desempenho dos presos que têm autorização para trabalhar, medida adotada para todos os aproximadamente 12 mil detentos do Estado que têm direito ao benefício. "Só que um deles é o dono da empresa", observou um funcionário da secretaria, referindo-se a Queiroz e Tolentino. Normalmente, as autorizações para trabalho externo são em instituições parceiras da Justiça, mas não há postos disponíveis, o que levou a VEC a autorizar o trabalho na empresa privada após a mesma apresentar documentos mostrando, por exemplo, que tem "interesse" nas atividades exercidas pelos detentos.

Rogério Tolentino e Romeu Queiroz cumprem pena no regime semiaberto. O primeiro foi condenado a seis anos e dois meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção, enquanto o ex-deputado foi sentenciado a seis anos e seis meses de prisão pelos mesmos crimes. Até o momento, seis condenados por envolvimento no mensalão já receberam autorização para trabalhar fora das prisões onde cumprem suas penas, todas no regime semiaberto. Em Minas, apenas Queiroz e Tolentino têm essa possibilidade, já que os demais envolvidos do Estado no caso foram condenados a penas em regime fechado.

O advogado Rogério Lanza Toletino, que teve a prisão decretada por envolvimento no mensalão, deve se apresentar à Polícia Federal apenas nesta sexta-feira, 13. O advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva, que faz a defesa do acusado, afirmou nesta quinta, 12, que já entrou em contato com a PF informando que seu cliente se apresentará espontaneamente. Mas, de acordo com Silva, o Supremo Tribunal Federal (STF) já expediu carta de ordem para que Tolentino cumpra a pena de seis anos e dois meses de prisão em regime semiaberto na Penitenciária José Maria Alckmin, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.

"Quero conversar com o juiz da VEC (Vara de Execuções Criminais) para saber as condições em que a pena será cumprida antes da apresentação", disse. Silva afirmou ainda que pedirá para que seu cliente continue atuando no escritório de advocacia que mantém na Savassi, área nobre da capital mineira. "É a única coisa que ele faz", justificou.

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Tolentino foi condenado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro e também apresentou embargo infringente ao STF contra a sentença. "Conferi no site do Supremo e não vi notícia relativa a isso. É preciso aguardar", salientou Paulo Sérgio. Seu cliente é amigo pessoal do empresário Marcos Valério Fernandes da Silva, que já cumpre pena no complexo da Papuda, em Brasília (DF), e, quando teve início o julgamento do caso, trabalhava com o empresário no escritório em Belo Horizonte. O mandado de prisão contra o advogado foi expedido nesta quinta pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, após o ministro decretar o trânsito em julgado das condenações.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (5) reduzir em seis meses a pena de Rogério Tolentino, ex-advogado das agências de publicidade de Marcos Valério. No início da quinquagésima sessão de julgamento, o presidente do STF e relator da ação, Joaquim Barbosa, leu uma petição da defesa de Tolentino que dizia não ter ficado "totalmente claro" o voto da ministra Rosa Weber, quanto ao crime de lavagem de dinheiro. Foi o voto de Rosa que se sagrou vitorioso na sessão do dia 22 de novembro.

A ministra esclareceu que, na ocasião do voto, considerou que o crime de lavagem de dinheiro ocorreu, no caso de Tolentino, uma única vez. Dessa forma, Rosa não considerou que houve continuidade delitiva, o que levaria a um aumento da pena base fixada por ela, em 3 anos e 2 meses de prisão. Ao proclamar anteriormente o resultado, Joaquim Barbosa havia considerado o crime continuado, elevando a pena do ex-advogado das empresas de Valério para 3 anos e 8 meses.

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Mesmo com a mudança desta quarta, Tolentino continuará a cumprir a pena inicialmente em regime fechado. Ao todo, ele foi condenado a 8 anos e 5 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e corrupção ativa. Por lei, penas de prisão superiores a 8 anos têm de começar em regime fechado.

Depois, Joaquim Barbosa analisava a possibilidade de alguns dos crimes terem sido cometidos pelos condenados de forma continuada. Com isso, esses delitos seriam reunidos em um só e se aplicaria à pena mais alta com um agravante pela prática reiterada. Marco Aurélio já defendeu essa ideia em relação a crimes de corrupção passiva e peculato.

O Supremo Tribunal Federal (STF) aumentou o ritmo das decisões no julgamento do mensalão e conseguiu fixar penas por 10 crimes cometidos por pessoas ligadas ao empresário Marcos Valério. A sessão foi suspensa para intervalo no final da tarde desta quinta-feira. Na quarta (7), os ministros fizeram a pausa sem ter conseguido fixar nenhuma punição. Nas quatro sessões anteriores em que se analisou a dosimetria das penas, somente 15 sanções foram aplicadas.

O réu que está tendo as penas analisadas no final da tarde desta quinta-feira é Rogério Tolentino, ex-advogado das agências de Valério. Ele já recebeu punição de 2 anos e 3 meses de prisão por formação de quadrilha e de 3 anos de reclusão por corrupção ativa por ter auxiliado na compra de apoio no Congresso Nacional. Foi aplicada ainda multa superior a R$ 200 mil.

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Tolentino é acusado ainda por lavagem de dinheiro. Neste caso, o relator, ministro Joaquim Barbosa, propôs pena de 5 anos, 3 meses e 10 dias por entender ter ocorrido a participação do então advogado de Valério em 46 operações. O defensor dele, Paulo Sérgio Abreu e Silva, foi à tribuna para dizer que o seu cliente foi acusado de apenas uma operação por ter feito um empréstimo a pedido de Valério. O relator ficou de consultar sua assessoria sobre o tema e os ministros decidiram retornar o tema depois do intervalo.

Além das penas a Tolentino, os ministros concluíram hoje o julgamento de Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, ex-sócios de Valério. Ao primeiro, foram aplicadas penas que, somadas, chegam a 29 anos, 7 meses e 20 dias, pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Cristiano Paz, que não foi condenado por evasão de divisas, recebeu pena 25 anos, 7 meses e 20 dias de prisão pelos outros crimes. Ambos receberam ainda multas superiores a R$ 2,5 milhões cada.

O advogado Paulo Sérgio Abreu e Silva classificou como "roteiro de novela" a denúncia do Ministério Público no processo do mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele defende Rogério Tolentino, advogado de empresas do publicitário de Marcos Valério e acusado de integrar o esquema.

"Essa denúncia é um roteiro para novela das oito. Foi puxando aqui, puxando pra lá e chegando ao astronômico número de 40", disse Abreu e Silva.

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Ele destacou existirem várias provas nos autos que inocentariam seu cliente e afirmou que o Ministério Público ignorou laudos feitos pela Polícia Federal e outros órgãos a pedido das defesas dos réus. "Acho que algum auxiliar do eminente procurador, que fez a sustentação em cima da denúncia do seu antecessor, não consultou todos os autos, teve preguiça mental de ler esses autos".

O advogado enfatiza que Tolentino não era sócio de Marcos Valério. Afirma que o empréstimo de R$ 10 milhões feito no banco BMG a pedido do publicitário foi lastreado por uma garantia dada pela agência de publicidade SMP&B e que não coube a Tolentino a destinação dos recursos. A defesa sustenta que o advogado repassou a Valério os recursos, tendo inclusive assinado cheques em branco, que foram parar na conta de uma empresa, que fez repasse a três deputados do PP.

Sobre uma viagem a Portugal em que Tolentino acompanhou Valério para encontros com o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta, a defesa afirma que ele ganhou sem trabalhar porque não chegou a participar de reuniões. "O que Rogério Tolentino foi fazer em Portugal? Turismo remunerado. Deve ter comido um belo bacalhau, pastel de Belém, vinho não, porque não bebe", disse Abreu e Silva.

A defesa reconheceu que o cliente recebeu recursos de um "caixa dois" da SMP&B por seus honorários advocatícios. Disse que ele, inclusive, responde a processo na Receita Federal por esse tema. Nega, porém, que tenha havido lavagem de dinheiro porque teria sido o próprio Tolentino que gastou o R$ 1,49 milhão que recebeu da agência.

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