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No dia 10 de novembro será aplicada a prova de Ciências da Natureza e suas tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que é composta por questões que envolvem as matérias de física, química e biologia. Com o objetivo de auxiliar o fera que almeja expandir ou revisar seus conhecimentos, o LeiaJá conversou com o professor de biologia, Douglas Marques, sobre a classificação dos seres vivos.

Sistemática é o ramo da biologia que se preocupa em estudar a biodiversidade existente, permitindo, assim, agrupar os organismos em categorias taxonômicas (táxons), baseado no grau de similaridade entre os mesmos.

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“Os primeiros modelos de classificação eram baseados em critérios artificiais, como por exemplo o hábitat ou a forma dos organismos (morfologia), sem levar em consideração os parentescos evolutivos e suas relações”, explica Douglas.

Em 1735, o médico sueco Carl Linné, mais conhecido como Lineu, publicou o livro “Systema Naturae”, no qual criou um sistema de classificação artificial que é utilizado até hoje, com algumas modificações. De acordo com Douglas, no livro de Lineu, a unidade básica e mais específica de classificação seria a espécie, na qual os indivíduos, que são semelhantes e têm capacidade de se reproduzir entre si, são agrupados em um único grupo. A categoria espécie pertence a um grande sistema de conjuntos como reino, filo, classe, ordem, família e gênero. Animais da mesma espécie são reunidos na categoria gênero. Gêneros semelhantes formam um grupo maior: a família. As famílias formam a ordem. As ordens formam a classe. Enquanto as classes formam o filo e os filos, finalmente, formam o reino.

Todos que pertencem ao mesmo gênero são agrupados em famílias, que são agrupadas em ordens, que por sua vez se reúnem em classes, reunidas em filos e, por fim, temos os reinos. Sendo assim:

Reino ->  Filo -> Classe -> Ordem -> Família -> Gênero -> Espécie

Com o passar dos anos, a filogenética, ramo da biologia que estuda a evolução das espécies, passou a aprimorar a classificação e utilizar diferentes critérios como caracteres anatômicos, fisiológicos, comportamentais, moleculares, entre outros. Segundo o modelo de Whittaker (1969), os organismos são baseados em cinco reinos: Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia.

Após Woese (1990) realizar análises de RNA ribossômico, foram estabelecidas relações de ancestralidade entre os grupos, sendo criada uma categoria acima de reino: os domínios. Ficou, então, da seguinte forma:

Domínios -> Reino ->  Filo -> Classe --> Ordem -> Família -> 

Gênero -> Espécie

Segundo estas análises, os procariontes do reino monera não eram um grupo coeso do ponto de vista evolutivo, sendo divididos em dois domínios: Archaea (arqueas – bactérias altamente resistentes) e Eubacteria (bactérias gerais e cianobactérias). Os outros reinos constituídos por células eucariontes são agrupados em um único domínio: Eukarya.

Características principais de cada reino:

Reino Monera: organismo procarionte, unicelular, isolados ou formando colônias, autótrofos (quimiossíntese e fotossíntese) ou heterótrofos (decompositores, parasitas...), aeróbico ou anaeróbico (obrigatório ou facultativo), reprodução sexuada ou assexuada (divisão binária).

Reino Protista: Algas (eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, autótrofos fotossintetizantes, promove a base da cadeia alimentar no ambiente aquático e também ajuda no sequestro de carbono da atmosfera). Protozoários (eucariontes, unicelulares, heterótrofos, classificados quanto ao modo de locomoção, possuindo organismos de vida livre ou parasitas).

Reino Fungi: eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, heterótrofos. Vivem em ambientes abafados com baixa luminosidade. Grande importância na ciclagem de nutrientes e na biotecnologia em geral.

Reino Plantae: eucariontes, pluricelulares, autótrofos fotossintetizantes. Organismos clorofilados com uma grande diversidade de tecidos e separados em 4 grupos: briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

Reino Animalia: eucariontes, pluricelulares, heterótrofos. Diferenciados em dois grupos gerais quanto a presença ou a ausência de coluna vertebral: vertebrados e invertebrados.

A profissão da vida. Essa frase caracteriza o trabalho de quem é bacharel em biologia, ou seja, o biólogo. De acordo com a coordenadora do curso na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jacilene Almeida, “biólogo é aquele que estuda a vida e atua desde laboratórios até em atividades de campo”. A profissão desenvolve nas pessoas a capacidade de realização de estudos através de atividades científicas, pesquisando sobre a vida humana, dos animais, das plantas, entre outras ações.

“Um médico quando erra pode acabar com uma vida. Um engenheiro quando erra pode matar muitas pessoas. Um biólogo quando erra pode exterminar a humanidade”, considera Jacilene, chamando a atenção sobre a responsabilidade do profissional. Ela também alerta que o biólogo precisa ter ética, procurando desenvolver trabalhos em prol do bem dos seres vivos. “Ele tem que ter muita ética e saber trabalhar com consciência, pensando em soluções que contribuam para a existência dos seres vivos”, salienta.
 
A coordenadora também explica como são algumas das atividades dos biólogos, uma vez que o campo de trabalho é muito amplo. “Há aqueles que atuam em laboratórios, nas áreas de micologia, estudando fungos, plantas, patologia, análise clínicas, que são exames laboratoriais. Existem também os que trabalham em zoológicos, jardins botânicos, museus de referência, que são atividades de campo. Em fim, existe um leque amplo de oportunidades”, explana.
 
Licenciatura e bacharelado
Ciências biológicas, no âmbito das graduações, possuem os cursos de licenciatura e o bacharelado. Porém, existem diferenças entre as duas metodologias, que atribuem aos cursos práticas diferentes. “O licenciado têm carga horária de aulas práticas muito menores do que o bacharelado. Eles são preparados para transmitir conhecimento, e não para aplicar as teorias. No entanto, eles têm disciplinas voltadas para a prática de ensino”, explica a coordenadora.
 
A graduação de um bacharel em biologia é mais voltada para a prática, segundo Jacilene. “O curso tem teoria e mais aulas de campo e laboratório, e possui muita carga horária prática. O bacharel pode trabalhar, por exemplo, com genética, vigilância sanitária, análise clínica, patologia médica, zoológicos, e muitas outras atividades de campo e pesquisa. Eles aplicam muito mais os estudos”, exemplifica a profissional.
 
Vivendo a profissão da vida
Formada desde o ano de 2006 pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Marina Falcão, 30, é bióloga e diz como decidiu seguir a profissão. “Eu sempre tive ligação com a natureza, e já pensava em fazer biologia. Quando comecei o curso, ampliei os meus conhecimentos sobre a profissão. Por isso optei por ser bióloga”, relata Marina. Em 2009, ela passou em um concurso para trabalhar no Parque de Dois Irmãos, que fica no Recife.
 
O trabalho de Marina não se limita apenas com os animais, mas se expande para toda a área ambiental e botânica do parque. “No zoológico, a gente é responsável pela vida dos animais. Também passamos para o público a importância da preservação das espécies. Como o parque é uma unidade de conservação, nós também cuidamos da Mata Atlântica em torno do zoológico, entre outras coisas”.



Marina também conta que antes de entrar no Dois Irmãos, ela fez pesquisas de campo e se capacitou na área. “Depois do curso eu fiz projetos de campo e me especializei em gestões de políticas ambientais. Essas atividades foram de suma importância para a minha carreira”, avalia a profissional.

Para ela ser bióloga representa ajudar a melhorar a qualidade de vida de tudo o que é vivo. “Nós melhoramos a qualidade de vida dos animais, das pessoas e das plantas. É um sentimento único de trabalhar com a vida, e isso é prazeroso”, descreve a profissional.

E o mercado de trabalho?
De acordo com Marina, em Pernambuco, o campo de trabalho em biologia ainda está atrasado, no sentido de realização de estudos e pesquisas. Entretanto, ela salienta que a exigência pela certificação ambiental, que é uma política exigida para as empresas, no sentido de gerir questões de preservação ambiental, vem absorvendo muitos biólogos. “As empresas têm que ganhar a certificação ambiental e os biólogos são contratados na função da auditoria ambiental. Eles trabalham para que as empresas desenvolvam suas atividades, ao mesmo tempo em que pensam em sustentabilidade”, relata.

Já para profissionais que querem atuar na natureza, as áreas são mais difíceis. “O campo de trabalho é mais restrito, porque existem poucos locais de pesquisa e aplicação dos estudos. Mas, fora do Brasil existem muitas oportunidades de pesquisa”, comenta. Apesar dessas dificuldades, Marina receita como se destacar no mercado. “O principal é estar se atualizando. É importante se capacitar cada vez mais. Para quem tem o sonho de ser biólogo, se você tem afinidade, entre no curso. Tudo vai depender do seu esforço”, diz.

Segundo a secretaria do Conselho Regional de Biologia (5ª região - Pernambuco), até o momento, não existe um levantamento sobre quantos biólogos existem em Pernambuco, bem como de quantos profissionais formados estão atuando na área.

Futura bióloga
Nichelle Oliveira (foto à direita) tem 23 anos e está no terceiro período do curso. Ela já tem formação técnica em enfermagem, mas também escolheu a biologia. “Pensei em estudar biologia sem sair da área de saúde. Ainda tive a oportunidade de estagiar no zoológico e me apaixonei de vez pela área"..

A jovem revela que apesar de gostar muito do curso, existem algumas cadeiras que para ela são difíceis. “Tem assuntos que exigem cálculos. Tudo que tem cálculo me aperreia”, brinca Nichelle.

De fato, a estudante quer seguir a carreira e descreve a profissão como um elo existente entre a biologia e com a natureza. “Natureza é tudo. Nós fazemos parte dela e temos que preservar tudo".

 


    
 

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