Em um estudo publicado na revista científica ACS Nano, nesta quarta-feira (12), pesquisadores da Universidade da Califórnia (UCLA) demonstram o desenvolvimento de nanopartículas que podem prevenir crises de alergia a amendoim. Essa alergia é uma condição que afeta as pessoas com sintomas que incluem coceiras, inchaço, dor abdominal, vômitos, congestão nasal e pode causar até um choque fatal.
Ao usar a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), a mesma usada em algumas vacinas contra covid-19, os cientistas desenvolveram uma nanopartícula que envia o mRNA para células específicas no fígado. Ao chegar no destino final, as células são treinadas a tolerar as proteínas do amendoim e, assim, reduzir os sintomas da alergia.
##RECOMENDA##Conforme o estudo explica, os imunologistas da UCLA escolheram o fígado por conta da capacidade do órgão de receber diferentes substâncias e pelas células apresentadoras de antígenos, responsáveis por treinar o sistema imunológico a tolerar proteínas estranhas; nesse caso, o amendoim.
Em testes realizados com ratos de laboratórios, as nanopartículas conseguiram reverter a alergia a amendoim, e, em alguns casos, até prevenir o desenvolvimento da condição. Os pesquisadores observaram que os camundongos tratados produziram sintomas mais leves que aqueles não tratados.
Além de acreditar que o método possa ajudar no tratamento de outras alergias e distúrbios autoimunes, a equipe está estudando a possibilidade de a nanopartícula ser usada para diabetes tipo 1. De qualquer forma, antes de liberar um tratamento com as nanopartículas, os cientistas ainda precisam se aprofundar na pesquisa para entender mais sobre o uso em humanos.
“Até onde podemos descobrir, o mRNA nunca foi usado para uma doença alérgica. Mostramos que nossa plataforma pode funcionar para acalmar as alergias e acreditamos que pode fazer o mesmo em alimentos e medicamentos, bem como em condições autoimunes”, pontuou o professor de medicina da UCLA e um dos autores do estudo, André Nel, em comunicado.