A segunda rodada de pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau na cidade do Recife não traz novidades em relação à anterior. O quadro eleitoral diagnosticado em dezembro permanece, apesar de alguns candidatos apresentarem mobilidade ascendente nos cenários pesquisados.
Os candidatos Raul Jungmann, Fernando Bezerra Coelho e Raul Henry cresceram eleitoralmente. Entretanto, este crescimento pode não representar uma tendência.
O eleitor recifense reprova majoritariamente o prefeito João da Costa – 75% dos eleitores afirmam que João da Costa não merece ser eleito prefeito do Recife. Mas, apesar desta reprovação, nenhum candidato da oposição tem, neste momento, mais votos do que o prefeito João da Costa. Em razão disto, indago: a longo prazo, é possível algum candidato da oposição conquistar mais votos do que João da Costa? Sim, pois campanhas importam. Mas as campanhas importam também para o prefeito. Neste caso, João da Costa pode se recuperar?
Os sentimentos dos eleitores revelam que João da Costa tem uma árdua tarefa, qual seja: reverter os sentimentos negativos dos eleitores em relação à sua pessoa – 75% dos eleitores afirmam que ele não merece ser reeleito, 77% não o admiram e apenas 8% dos eleitores frisam que ele, dentre um conjunto de vários candidatos, é o mais preparado para ser prefeito do Recife.
Eleitores não são árvores. No caso, eleitores não possuem raízes fincadas ao chão. Portanto, eles podem mudar de opinião e fazerem novas escolhas. Diante desta premissa, afirmo: João da Costa pode sim, através de estratégias eficientes, reverter os sentimentos negativos dos eleitores. Com isto, adquirir condições de ser reeleito prefeito.
É importante salientar que Mendonça Filho, o candidato da oposição mais bem colocado na pesquisa, está, em vários cenários, em empate técnico com João da Costa. Então, mesmo diante de um prefeito mal avaliado, nenhum candidato da oposição consegue ter mais votos do que o atual prefeito do Recife.
Diante desta realidade óbvia, embora poucos enxerguem, sábios irão sugerir múltiplas candidaturas como a melhor estratégia para derrotar João da Costa. Lembro aos sábios, que os vários cenários testados pela pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, revelam considerável percentual de eleitores que ainda não sabem em quem votar. – votos brancos e nulos e não sabe/não respondeu. Portanto, os eleitores, diante de um prefeito mal avaliado, não fizeram, neste instante, a opção pela oposição.
Qual candidato da oposição tem mais condições de conquistar os eleitores? Esta é a pergunta que os sábios estrategistas precisam fazer. As variáveis contidas na pesquisa revelam que são estes candidatos. De antemão, friso: este candidato poderia ser João Paulo, caso este estivesse em outro partido.
A melhor estratégia para a oposição – PMDB, PSDB, PPS e DEM – é lançar dois candidatos. Com isto, eles adquirem condições políticas para obter, casos sejam sábios, condições eleitorais para derrotar o PT.
O melhor candidato para o PT é João da Costa, pois 20% dos eleitores consideram que João Paulo é o melhor candidato que representa a oposição ao atual prefeito do Recife. Neste sentido, João Paulo não pode ser o candidato do PT, pois os candidatos da oposição provocarão os eleitores, e estes poderão refletir em torno dos seguintes dilemas: Por que João da Costa não é o candidato do PT? João Paulo aprova ou desaprova a gestão de João da Costa? Deste modo, caso João Paulo dispute a eleição, a sua candidatura poderá se tornar, com o decorrer da campanha eleitoral, frágil.
Os últimos eventos sugerem que o candidato do governador Eduardo Campos será João da Costa. Escolha política sábia do governador. Mas, diante da fragilidade da candidatura de João da Costa e da falta de norte da oposição, é prudente o governador lançar duas candidaturas para prefeito. Com isto, ele adquire condições reais de manter sobre o seu controle a prefeitura do Recife.
Ressalto que a pesquisa revela que os atores Eduardo Campos, João Paulo e Jarbas Vasconcelos, caso sejam adequadamente utilizados, contribuem para o sucesso eleitoral de candidatos. E, neste instante, João Paulo, caso opte por apoiar um candidato fora do PT, tem condições de dificultar a recuperação eleitoral de João da Costa.
O que poderá vir a acontecer? A expectativa que tenho é que João da Costa, caso consolide o apoio do governador Eduardo a sua candidatura, além de outros fatores, tende a se recuperar. E duas candidaturas atreladas ao governador Eduardo Campos poderão vir a disputar o segundo turno
Portanto, a oposição precisa se precaver. Neste caso, o PMDB, o PSDB, o PPS e o DEM precisam descobrir, urgentemente, qual candidato tem mais condições de derrotar o PT.
Por fim, recomendo que devemos ficar atentos aos passos do senador Armando Monteiro, pois as suas escolhas poderão interferir no xadrez eleitoral da disputa do Recife.