De partida, registramos que pesquisas revelam a satisfação, por enquanto, de parte da opinião pública nacional com o estado do bem-estar social e econômico brasileiro. Entrementes, gargalos infraestruturais existentes no Brasil podem colocar em cheque este estado do bem-estar, colocando em risco o destino do próprio país.
Temos, constantemente, visto na imprensa nacional notícias sobre o aumento da inflação aliado ao pífio crescimento do PIB no ano de 2012, além de problemas graves em relação do escoamento de produção, como as longas filas de caminhões parados na entrada do Porto de Santos, em São Paulo.
Ainda em relação à produção de grãos brasileira, vale lembrar que a soja é um dos principais itens da produção agrícola e, este ano, a colheita de grãos no país deve ser a maior da história, confirmando a expectativa de 185 milhões de toneladas anunciada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com isso, seremos o maior produtor mundial do grão. Entretanto, apesar de o Brasil ser o maior exportador de soja do mundo, é trágica a situação em que estão vivendo os produtores brasileiros.
Apenas para ilustrar, o custo do transporte por tonelada da soja, do agronegócio para o porto, entre o sul de Mato Grosso e o porto de Santos - uma rota muito utilizada - era de US$ 35 na safra 2002/03, saltando para US$ 91 na temporada 2011/12, segundo a Agroconsult. Por outro lado, nos Estados Unidos da América, semelhante percurso custa cerca de US$ 38 - quase quatro vezes menos. Como competir com os produtores americanos? É importante registrar que no Brasil o transporte é exclusivamente rodoviário, enquanto nos EUA ele é rodoviário e hidroviário, daí a diminuição substancial do custo (Fonte: Cepea/Esalq- USP – Revista Veja 27/03/2013).
Ampliando o quadro de considerações, enfatizamos que Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, tomou medidas populistas e antidesenvolvimentistas recentemente, quando decidiu reestatizar as estradas estaduais e baixar os preços do pedágio daquelas que não forem reestatizadas. O interessante é que, segundo a Confederação Nacional dos Transportes, 86,7% das estradas sob concessão no Brasil são ótimas ou boas (Revista Veja, 27/03/2013). Portanto, inexplicável a razão da atitude do governador.
Com efeito, devemos afirmar que se o estado brasileiro está sofrendo substancialmente em face a sua incapacidade de investir em infraestrutura, essencial para o setor produtivo, vital para o desenvolvimento do país, e, em virtude disto estão surgindo gargalos estruturais, não é racional atos de autoridades governamentais, qualquer que sejam elas, e de qualquer âmbito - municipal, estadual ou federal -, que busquem a reestatização.
Nesse contexto ousamos afirmar que a perspectiva de alta da inflação e o pífio crescimento do PIB em 2012 servem de alerta para os gestores públicos, no sentido de que carecem priorizar infraestrutura para evitar um colapso do país. O estado brasileiro não pode ser omisso quanto a ser o indutor do desenvolvimento econômico.