O presidente da Assembleia, Guilherme Uchoa (PDT), pôs uma saia justa no presidente da Ordem dos Advogados de Pernambuco, Pedro Henrique, ao mostrar, com documentos, que percebe salário maior do que os deputados na condição de procurador do Estado sem trabalhar.
Este é o estilo Uchoa. Na política, segue à risca a regrinha básica do futebol, de que a melhor defesa é o ataque. Do ponto de vista ético, deixou Henrique numa situação bastante desconfortável. Mostrou que ganha do Estado R$ 27 mil, R$ 2 mil a mais que um deputado, sem bater ponto na Procuradoria, mas no seu escritório particular.
A lei garante a Henrique, a partir do momento em que foi eleito presidente da OAB, a continuar embolsando seu salário de procurador sem dar expediente. Mas, eticamente, o presidente estaria impedido, igualmente, de advogar em seu escritório particular, um dos maiores e mais estruturados do Estado.
“Entendo e imagino que o presidente da OAB esteve prestando algum tipo de serviço ao Estado, na condição de procurador. Mas fiquei surpreso que ele recebe R$ 27.071 por mês, com direito a ter um grande escritório de advocacia particular. E não sobre tempo para justificar ao Estado o salário que recebe”, disse Uchoa.
E acrescentou: “Em dezembro, ele recebeu cerca de R$ 8 mil a mais que um deputado. Um trabalhador passa 25 meses para receber um salário de deputado e 35 meses o de Pedro Henrique. Ele ganha muito mais que um deputado”, atacou o presidente da Assembleia.
Uchoa, em tom debochado, foi mais além: “Pelo que eu saiba, nos últimos dois anos, não tem uma audiência em nome do Estado e nenhum parecer assinado por Pedro Henrique. Isso é justo? É constitucional? É moral? É legal? Agora, Pedro Henrique é nível 4 na Procuradoria. A Assembleia fará um pedido ao governador para promovê-lo pelos irrelevantes serviços prestados”.
Pedro Henrique, que até então se apresentava como o arauto da moralidade, foi, na verdade, nocauteado.
MARAJÁ– Ainda na linha de frente, Guilherme Uchoa disse ao blog que chegou à conclusão de que o presidente da OAB-PE é marajá. “Do Estado, ele embolsa R$ 400 mil por ano. Só em dezembro passado, somando o salário com férias e 13º salário sua renda foi de R$ 63 mil. Dá para inferir, portanto, que estamos diante de um tremendo marajá”, afirmou.
Mordomia no ar – Em nota, o secretário de Desenvolvimento, Thiago Norões, confirmou que foi ontem ao porto de Suape de helicóptero pela primeira vez e que não faz uso rotineiro do equipamento. Acredite se quiser!
Risco socialista – Na primeira reunião que presidiu em Brasília como presidente interino do PSB, o governador Paulo Câmara (PSB) orientou a cúpula socialista a monitorar a candidatura do deputado mineiro Júlio Delgado à presidência da Câmara. A oposição tem pressionado o partido para evitar que Júlio acabe favorecendo Arlindo Chinaglia (PT), que polariza a disputa com Eduardo Cunha (PMDM-RJ).
Protestos à vista– A Frente de Luta pelo Transporte Público, que desencadeou no País mobilizações contra o aumento de passagens, não descarta a possibilidade de manifestações no Recife. O movimento entregou ao secretário de Cidades, André de Paula, uma pauta com 11 itens, que até agora não teve nenhum desdobramento.
Versão duvidosa – O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos, estranhou, ontem, a versão passada ao jornal Estadão de que a causa da queda do avião que matou Eduardo tenha sido falha do piloto. “A Aeronáutica ainda não concluiu as investigações e a Polícia Civil não acabou também as perícias”, alegou.
CURTAS
FÓRUM– O presidente do Tribunal de Justiça, Frederico Neves, foi a Arcoverde, ontem, e com a prefeita Madalena Brito (sem partido) vistoriou as obras do fórum em construção na cidade. Vai contar com 17 varas, uma central de conciliação, outras de cartas e precatórios e Juizado Civil.
HOTEL– O presidente do grupo pernambucano hoteleiro Pontes Hotéis e Resorts, Luis Guilherme, apresentou, ontem, em João Pessoa, ao governador Ricardo Coutinho (PSB) projeto de hotel que será construído em Caaporã, próximo ao novo Parque Industrial.
Perguntar não ofende: Além de Thiago Norões, qual secretário tem autonomia para usar helicóptero?