Tópicos | 100 dias de gestão

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) emitiu nota nesta quarta-feira (10) sobre os 100 dias de gestão do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). No documento, assinado pela direção municipal da sigla no Recife é citado que apesar do pouco tempo para se avaliar um trabalho é notório que a gestão segue os passos do governador, Eduardo Campos, padrinho político do chefe do executivo, e que o Recife está transformado numa vitrine de aparências.

O texto em tom crítico, diz ainda que a marca central destes primeiros cem dias é que o prefeito e sua gestão, não têm tempo para a democracia. Outro ponto citado na nota é a retirada de ambulantes sem negociação e destinação certa, diz o texto que também comenta outros aspectos do socialista.

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Confira a nota na íntegra abaixo:

100 dias de Geraldo Júlio (PSB) na prefeitura do Recife: A opção por uma cidade para poucos

"Completam-se os primeiros cem dias da gestão do prefeito Geraldo Júlio (PSB) à frente da prefeitura do Recife. Se por um lado este período é insuficiente para se fazer um balanço de resultados concretos em relação a políticas e ações que só se desenvolvem com um lapso de tempo maior, por outro são nestes primeiros dias que a gestão ajusta seu leme e estabelece conceitos que nortearão o conjunto de suas ações e obras.

Neste sentido, a gestão atual da PCR já disse a que veio. É uma gestão integrada à lógica desenvolvimentista predatória já experimentada pelo governo estadual e também ao tempo eleitoral das pretensões de poder do governador Eduardo Campos, padrinho político do prefeito. A transformação de Recife numa vitrine de aparências a ser mostrada como mais um feito do governador está na pauta desta gestão, o que é ruim para nossa cidade, pois o tempo eleitoral do governador não coincide com o tempo da democracia e da participação popular, necessárias ainda mais numa cidade como Recife. Democracia e participação popular são ao mesmo tempo patrimônio público e obra cultural a ser zelada e robustecida por governos que se pretendam realmente democráticos.

A marca central destes primeiros cem dias é que o prefeito e sua gestão não tem tempo para a democracia e mesmo para o respeito às legalidades que protegem nosso conceito de República e de Estado Democrático de Direito. Os professores tiveram direito líquido e certo cassado, o direito à aula-atividade previsto na Lei do Piso do Magistério, de forma arbitrária e antidemocrática. A única escola municipal de artes da Rede Municipal, a João Pernambuco, na Várzea, passa por um processo de fechamento de forma subterrânea e sorrateira. Projetos antipopulares e questionados pela população são encaminhados sumariamente, como o Projeto Novo Recife, com advogados da Prefeitura fazendo as vezes da defesa de interesses privados. Prepara-se projeto de privatização da saúde, nos moldes vistos no governo estadual, sem nem se pensar em dialogar com a sociedade civil minimamente organizada. Ambulantes e camelôs são retirados sumariamente de seus locais de trabalho, sem negociação, sem destinação certa, num claro processo de higienização social, pois que esta mesma gestão é tolerante e conivente com ocupações irregulares patrocinadas por agentes poderosos e endinheirados. 

Tudo isto acontece em meio a uma espetacularização midiática das ações e intenções do prefeito, uma forma de construir obras virtuais no imaginário da população. O Hospital da Mulher e o Compaz do Bongi são exemplos. Só existem bonitas placas em forma de muros como tapumes bem pintados que dão a falsa impressão que ali já existe uma obra física em andamento. A gestão lança mão de uma espécie de ilusão de ótica para gerar uma sensação em quem passa de que ali existe de fato uma obra. Até colocação de baterias em semáforos da cidade tornam-se espetáculos da gestão na mídia.

Uma gestão com estas características conceituais não poderia de forma alguma permitir a manutenção e aperfeiçoamento de um mecanismo de participação popular importante na gestão da cidade, o Orçamento Participativo. O PSOL tem duras críticas à forma como o OP foi capturado e instrumentalizado pela gestão petista, assim como temos críticas à forma como o próprio poder Legislativo, os vereadores, são capturados e instrumentalizados pelas gestões do Executivo, mas nem por isso defendemos o fechamento da Câmara Municipal, como o prefeito fez com o OP. A gestão de Geraldo Júlio se limitará a “ouvir a população” em espaços criteriosamente construídos para o seu aplauso. Nisto há um inequívoco retrocesso.

Mas nestes primeiros dias da nova gestão se faz possível e indispensável se fazer também um balanço do legado na cultura democrática após 12 anos de governo petista no Recife. O Orçamento Participativo poderia ter sido um legado importantíssimo na cultura democrática de nossa cidade, mas as gestões petistas, notadamente a mais recente, tanto esvaziou este mecanismo de sua autonomia e capacidade de decisão na efetivação da destinação das ações do poder público, que o prefeito atual pode desmontar o OP sem que houvesse sequer uma única manifestação de resistência dos seus delegados e comunidades. Da mesma forma as gestões do PT não fortaleceram e não transformaram em prática corrente o respeito ao funcionamento e decisões de conselhos e conferências públicas. Pode-se concluir, agora definitivamente, que os 12 anos de PT na prefeitura não causaram avanços no fortalecimento da sociedade civil enquanto agente ativo no controle social sobre o poder público.

Com este rápido balanço o PSOL reafirma sua posição de oposição à gestão municipal e reafirma seu compromisso com a unidade de esforços junto aos movimentos sociais, ativistas, organizações e outros partidos que estejam empenhados na construção de uma cidade justa, democrática, inclusiva e com práticas sustentáveis.

Direção Municipal do PSOL Recife

Recife, 10 de Abril de 2013"

O percentual positivo de quase 60% de aprovação da gestão de Geraldo Julio (PSB), analisada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), não foi surpresa para a líder da oposição na Câmara de Vereadores do Recife, Aline Mariano (PSDB). Segundo a tucana, o principal problema da administração do socialista é a aliança que tem com o ex-prefeito João da Costa (PT), causador da ‘herança de problemas’ deixados no Recife.

“Não foi surpresa esse percentual que Geraldo Julio teve porque a cidade ainda estar vivendo uma lua de mel com a gestão, mas poderia ter sido melhor. Mesmo ele demonstrado boa vontade não foi melhor porque a prefeitura está passando por uma crise financeira muito grande, só que o prefeito Geraldo Julio não pode falar um pouco mais de forma aprofundada sobre essa herança, porque ele tem o ex-prefeito João da Costa como seu aliado. Se ele tivesse rompido, ele poderia de fato, mostrar a realidade financeira”, argumenta Mariano. 

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Batendo ainda na aliança existente entre o ex-prefeito e Geraldo Julio, a líder da oposição lembrou que uma das principais pastas do governo socialista foi entregue a um petista. Outro comentário da vereadora foi sobre a expectativa criada na população. “Ele se elegeu com uma promessa de um novo Recife, com o marketing da mudança e fez como que as pessoas acreditassem que esse governo de fato, rompesse com o passado, só que infelizmente Geraldo Julio terminou entregando uma das principais pastas do governo, que é a habitação, ao PT”, cravou a parlamentar.

Sobre o quesito de avaliação referente ao que chama mais atenção na gestão de Geraldo, que ficou no topo dos resultados com 19,3%, a tucana acredita que as pessoas desejavam que as ações ocorressem de forma mais ágil. “Essas pessoas esperavam que as coisas acontecessem de forma mais rápida. A campanha usou muito marketing e pareceu ser o gestor que resolveu quase todas as coisas do governo de Eduardo Campos. Então, ele vai ter que de fato tentar captar recursos com convênios para realização das várias obras, porque isso é algo preocupante” avaliou.

De acordo com Aline Mariano a situação financeira encontrada na prefeitura é precária e não auxilia a gestão atual. “Quando se pergunta sobre a saúde fiscal, ele (Geraldo) dá uma resposta muito política dizendo que nem recebeu a prefeitura devendo, mas não tem dinheiro em caixa. Na verdade, a realidade é que ele não tem dinheiro em caixa e a prefeitura está devendo a muitos credores e com essa saúde financeira comprometida, ele tem muitas limitações”, argumenta a líder da oposição, que acrescenta: “Se ele abrir o jogo para a população ele poderá ter um pouco mais de tolerância das pessoas”, ratifica.

Problemas – Dos problemas apontados na pesquisa do IPMN, segurança foi um dos itens mais lembrados. Sobre a dificuldade apresentada, a vereadora lembrou que as ações devem estar em comum com questões sociais. “Prometeram algumas intervenções como o Compaz (Centro Comunitário da Paz), mas precisa-se de muitos investimentos porque o que deu certo em Bogotá não quer dizer que vai dar certo no Recife. Não adianta fazer um projeto que se alinhe com o do Estado se não tiver investimentos em questões sociais”, critica Mariano.

A parlamentar também comentou os gargalos enfrentados na saúde e as dificuldade na educação. Este último foi tema principal de um relatório entregue ao prefeito em fevereiro e que a oposição espera retorno.

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