Tópicos | 12ª Mostra Brasileira de Dança

A 12ª Mostra Brasileira de Dança chega ao fim no próximo sábado (15) depois de 15 dias de espetáculos, oficinas, seminários e rodada de negócios. O festival encerra sua programação com uma mostra coreográfica de profissionais pernambucanos, um espetáculo gratuito no Parque Dona Lindu e a apresentação da Companhia Mário Nascimento, de Minas Gerais.

Mostra Brasileira de Dança homenageia o Mestre Meia-Noite

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Mestre Meia-noite, uma alma que dança

 

Na quinta (13), a Cia Eliane Fetzer de Dança Contemporânea, de Curitiba, apresenta Naipi e Tarobá - A Lenda das Cataratas do Iguaçu. O espetáculo resgata uma lenda local de um dos maiores atrativos turísticos do Brasil. Em cena, 12 bailarinos em coreografia assinada por Eliane Fetzer.

No Teatro Apolo, a Mostra Coreográfica de Grupos Profissionais vai reunir cinco coreografias, de 15 a 20 minutos, de companhias pernambucanas. Os trechos serão dos espetáculos Pangeia (Grupo Acaso), 8 Bitz (Animatroonicz), Ausências (Grupo Peleja), Suíte Clássica (Grupo de Ballet Stúdio de Danças) e Clown (Cia. de Dança Fátima Freitas). As apresentações começam às 19h.

Aberto ao público, no Parque Dona Lindu, será apresentado o espetáculo Performance Reflexos, do Acupe Grupo de Dança, do Recife. Entre projeções gráficas, os bailarinos se movimentam com o objetivo de estimular os sentidos táteis, visuais e sonoros e criando novas formas de visualidade para os movimentos do corpo e a arte digital. Às 20h, na área externa do parque.

E, fechando a 12² Mostra Brasileira de Dança, a Cia. Mário Nascimento, de Belo Horizonte, apresenta Zhu, no Teatro Luiz Mendonça, às 21h. Esta é uma das das mais premiadas equipes de dança do Brasil, criada pelo coreógrafo e bailarino Mário Nascimento em 1998.

Serviço

Naipi e Tarobá - A Lenda das Cataratas do Iguaçu,da Cia de Dança Contemporânea Eliane Fetzer

Quinta (13) 16h e 20h

Teatro Luiz Mendonça (Av. Boa Viagem – Boa Viagem)

 

(81) 3355 9821

 

Mostra Coreográfica de Grupos Profissionas 

Sábado (15) | 19h

Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121 - Bairro do Recife)

R$ 20 e R$ 10

(81) 3355 3321

 

Performance Reflexos

Sábado (15) | 20h

Área externa do Parque Dona Lindu

Gratuito

 

Zhu

Sábado (15) | 21h

Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu - Av. Boa Viagem, s/n - Boa Viagem)

R$ 20 e R$ 10

Uma alma que dança. O corpo esguio de Gilson José de Santana, o Mestre Meia-noite, é o veículo de uma expressão que vai além do movimento: traz consigo uma ancestralidade, a conexão entre cultura popular, criatividade, improviso, religiosidade e força. A sua experiência inclui a ida a vários países, participação em diversos espetáculos de grupos como o Balé Popular do Recife, o Boi Castanho, de Antônio Nóbrega, além das aulas de Ariano Suassuna. Meia-noite atua como dançarino, músico, ator, capoeirista e professor.

De fala calma, Meia-noite é um dos responsáveis por criar e manter o Daruê Malungo, no bairro de Chão de Estrelas, na área norte do Recife. Uma casa que acolhe crianças e jovens para transmitir a eles a música, a dança, a cultura brasileira, principalmente a fincada nas raízes negras. O trabalho de 28 anos toma forma visível nas apresentações do grupo de dança afro Daruê Malungo, mas tem repercussões muito mais profundas na comunidade, nas crianças e jovens envolvidos, na cultura popular recifense. Para estes jovens, Gilson é o Mestre Chau, mais um dos apelidos que tem.

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Gilson, Chau, ou Meia-noite é o homenageado da 12ª edição da Mostra Brasileira de Dança, que começa nesta quarta (5), com abertura no Teatro de Santa Isabel, às 20h. Você pode conferir este e muitos outros eventos na Agenda LeiaJá.

Apesar da homenagem, não há nenhuma apresentação prevista na grade da mostra para o Mestre Meia-noite, ou para o Daruê Malungo. Não há, também, oficina, debate, encontro, mesa redonda ou palestra com o homenageado. Uma chance perdida para que Gilson Santana pudesse compartilhar seu conhecimento, experiência e lições de vida que tantos jovens e crianças já assimilaram.

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Quando você entendeu o que era dançar?
Quando eu conheci minha mãe. Eu rodava dentro de uma bolsa d’água de um lado para o outro e ela era obrigada a, nas tetas da vaca, tirar o leite para dar o sustento para os filhos. Aí eu entendi o que era dança.

E quando isso virou uma atividade?
Quando eu entendi que não era único. E precisava fazer parcerias, como um capoeirista que precisa do outro para jogar capoeira. Mas eu conseguia jogar sozinho e mostrar que tava jogando, e fiquei conhecido por essa coisa diferenciada de ser um capoeirista que joga sozinho mostrando que joga com dez capoeiristas. O que eu fiz foi dar vazão às artes: a arte da interpretação, a da ‘falação’ e a da ‘olhação’.

De onde surgiu a ideia de pegar toda essa criançada e oferecer a elas um novo horizonte? Como foi criado o Daruê Malungo?
Eu pensei que o que eu queria mesmo é dançar. E pra fazer o que quero eu estava indo de encontro à minha família. Minha família era de vaqueiro, do interior, meu pai era vaqueiro. E eu resolvi fazer uma coisa que eu gosto. Meu pai tinha um terreno e disse que ia me dar para morar: ‘Você não quer fazer o que gosta? Vou te dar um terreno pra morar, assim você não fica aí morando pelas esquinas, você vai ter uma casa pra morar’, disse. E a casa virou o Daruê Malungo. E já são 28 anos.

O Daruê Malungo não é simplesmente um local para as crianças aprenderem a dançar. O que tem de mais profundo nessa iniciativa?
O Daruê é uma casa onde as pessoas podem – como se fosse uma cacimba – beber água. Com Meia-noite ou sem Meia-noite. A função do Daruê é ser um ponto de partida que fica entre um rio (o Beberibe) e um canal (do Arruda). Fui eu que criei isso? Não. A divina espiritualidade é que criou, nos colocou em caminhos.

Existe um momento em que você tem a sensação de missão cumprida, de saber que está fazendo o certo?
Eu ainda não fiz. Ainda vou fazer. Se eu disser a você o que vou fazer amanhã, não sei. Eu ainda tenho uma missão a cumprir. Dizer que eu vou vencer a vida? Vou estar mentindo pra mim mesmo.

A questão da educação parece ser algo que perpassa toda sua atuação, a transmissão de um legado. Que lugar tem na sua vida esse aspecto da educação?
Nós nunca vamos deixar de sermos crianças. Como eu posso falar de uma criança e de um adulto? Eu posso falar da criança, do adulto não posso falar. Porque um adulto só quer a minha orientação, a criança quer meu saber. O adulto está sempre focado nas incertezas, ele quer segurança. Que educação vamos dar às nossas crianças? Eu sinto uma satisfação de estar com eles construindo. Aqueles que não querem construir eu sinto muito. Os outros eu vou cuidar deles. E como você transfere isso para uma criança? A reminiscência da continuidade de um país, que é a nova civilização que vem. Eu estou dando aula e atendendo à quarta geração.

Aqui nós temos crianças de 7 anos cuidando de crianças de 2 anos, porque a mãe tem que sair para trabalhar; o pai deixou, ‘pegou o beco’, e continua isso, apesar de todos esses projetos envolvendo crianças.

E não posso participar de certos projetos porque eles têm a ver com uma educação formal. Eu tenho uma escola que não foi aceita pelo MEC pela metodologia. Porque a gente usa a metodologia do aqui e do agora: vamos construir esse instrumento, para quê? O Estado não aceita. Como vamos nos orgulhar do Recife se nos tiram daqui pra mostrar lá fora e o povo do recife não conhece?

O que é dançar para você?

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A  12ª Mostra Brasileira de Dança inicia sua programação oficial nesta quarta (5). Nesta edição, o festival traz ao Recife espetáculos de 9 Estados brasileiros. O homenageado será Gilson Santana, o Mestre Meia-Noite, fundador do grupo Daruê Malungo. 

Abrindo a Mostra, a equipe mineira da Cia. de Dança Palácio das Artes apresenta Entre o Céu e as Serras, no Teatro de Santa Isabel. Serão duas sessões, a primeira na quarta (5) e a segunda na quinta (6), às 20h e às 20h30, respectivamente. O espetáculo traz diversas referências culturais ao período barroco e à formação do povo mineiro. A iluminação é assinada pelo cantor Ney Matogrosso. 

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O evento realiza ainda uma rodada de negócios para a dança, no próximo sábado (8), contando com a presença de programadores e curadores da Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Cidade do México. O encontro será no Recife Praia Hotel, às 10h e a entrada é gratuita.

Além disso, a 12ª Mostra Brasileira de Dança deu uma atenção especial aos bicicletários espalhados pelos seis teatros que receberão os espetáculos este ano. Quem for de bike ganha desconto nas entradas. O festival vai até o dia 15 de agosto.e a programação completa pode ser vista no site do festival.

Confira este e muito mais eventos na Agenda LeiaJá.

Serviço

Abertura da 12ª Mostra Brasileira de Dança com o espetáculo Entre o céu e as serras

Quarta (5) | 20h

Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n - Santo Antônio)

R$ 20 e R$ 10

A 12ª Mostra Brasileira de Dança está com inscrições abertas para propostas de espetáculos e oficinas para compor a programação desta edição, que será realizada no período de 27 de julho a 15 de agosto de 2015 no Recife. Podem inscrever-se projetos de qualquer ritmo e de todo o país até o dia 15 de maio. O processo de inscrição, bem como envio de material necessário para seleção (como vídeos e fotografias) pode ser feito através do site do festival. 

Podem se inscrever propostas de todo o Brasil na categoria Profissional, com espetáculos acima de 40 minutos de duração nos estilos clássico, neoclássico, moderno, contemporâneo, popular, folclórico, rua, sapateado, salão e jazz. Para os pernambucanos ainda há a possibilidade de inscrição nesta categoria para coreografias entre 15 e 20 minutos. Também exclusiva para Pernambuco é a opção Grupos em Formação, para coreografias entre 3 e 10 minutos. 

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Ainda há espaço para propostas de oficinas no segmento da Formação. Serão aceitas inscriçõe de todo o país para oficinas de aperfeiçoamento profissional ou de iniciação (estas válidas apenas para resientes em Pernambuco). Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (81) 3421 8456 ou pelo e-mail info@mostrabrasileiradedanca.com.br.

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