Tópicos | mestre meia-noite

Orun Santana abre temporada do espetáculo Meia Noite, no Teatro Arraial Ariano Suassuna. Estreando nesta sexta-feira (31) e até o dia 6 de julho, sempre às 20h, o bailarino sobe ao palco do equipamento cultural, localizado na Rua da Aurora, para dançar em homenagem a seu pai.

O espetáculo solo passeia pela capoeira como elemento criador e motivador do movimento, sobretudo dos copor de Geilson Santana, o Mestre Meia-Noite, e Orun, respectivamente, pai e filho. Os dois são brincantes do Daruê Malungo grupo tradicional da comunidade de Chão de Estrelas, no qual construíram suas carreiras.

##RECOMENDA##

No palco, Orun leva questões sobre a relação entre pai e filho, entre mestre e discípulo e consequente relação com a ancestralidade pessoal. As sessões do espetáculo serão sempre às 20, sextas e sábados, até o dia 6 de julho.

Serviço

Meia Noite

Até 6 de julho

Sextas e sábados - 20h

Teatro Arraial Ariano Suassuna (Rua da Aurora, s/n - Boa Vista)

R$ 20 e R$ 10

 

Criado por Gilson José de Santana, o Mestre Meia-Noite, o Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo, ficou conhecido nacionalmente por sua parcela de participação na formação do Movimento Mangue, de Chico Science. Porém, a atuação do centro vai muito além deste marco na história da cultura pernambucana, há 30 anos o lugar vem cuidando e formando crianças e jovens das comunidades vizinhas, dando-lhes atividades educativas e de cidadania.

Agora, o projeto está pedindo ajuda. Os poucos recursos estão dificultando a assistência às 55 crianças e adolescentes atualmente atendidas pelo Daruê Malungo. Lá, elas recebem aulas de dança, capoeira, expressão corporal; têm acesso à biblioteca e alimentação. Para não parar o trabalho, o daruê Malungo criou uma campanha de doações na internet, De Malungo pra Malungo.

##RECOMENDA##

LeiaJá também

--> Daruê Malungo promove festa para continuar na ativa

"Os boletos desafiam a nossa ginástica. E é por isso que estamos formando uma rede, de amigos, colaboradores, parceiros e apoiadores", diz o texto da página que está arrecadando doações. Mas o pedido, vai além: "Queremos que todos ajudem, com dinheiro, com afeto, com idéias. Afinal de contas, toda ajuda é bem-vinda. Mas a gente quer muito mais do que uma doação. A gente quer ser ouvido, visitado, compreendido".

Ao todo, a campanha pretende arrecadar o valor de R$ 12.000, que ajudará no custeio dos projetos e manutenção do lugar. A doação pode ser feita online até o dia 31 de janeiro. No próximo sábado (26), a sede do Daruê recebe o Coco do Candinhêru, festa cuja renda será revertida para o Centro.

Na ponta de uma 'estrela' formada pelas comunidades de Cajueiro, Campo Grande, Campina do Barreto, Arruda e Peixinhos está situada a sede do Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo. Prestes a completar 30 anos de atividades, o centro cultural que teve atuação determinante na formação do Movimento Mangue, de Chico Science, e de centenas de jovens daquelas vizinhanças, vem sofrendo com a violência que assola o lugar. Só nos últimos dois meses, a ONG foi invadida e roubada três vezes, tendo sido lesada, inclusive, em sua dispensa. No último roubo, todos os alimentos do projeto foram levados. 

A dispensa ficou vaziaO criador do Daruê Malungo - dançarino, músico, ator, capoeirista e professor -, Gilson José de Santana, mais conhecido como Mestre Meia-Noite, falou com exclusividade ao LeiaJá sobre os roubos. Ele enumerou alguns itens que foram levados como bujão de gás, utensílios, panelas e ferramentas como serras e furadeiras. Ele contou que os ladrões entraram pelos fundos da sede da ONG, destelhando a cobertura e invadindo a cozinha e a oficina de instrumentos. A biblioteca do espaço foi poupada. "A gente fez boletim de ocorrência e agora estamos esperando as diligências e o trabalho da polícia. Mas isso leva um bando de tempo, né?", ponderou o mestre. 

##RECOMENDA##

Em 30 anos de atuação na comunidade de Chão de Estrelas, Meia-Noite já havia passado por algumas situações de furto mas nunca nesta proporção. O educador aponta o problema de drogas e guerra do tráfico que permeia a comunidade como sintoma da violência. Situados no centro de uma localidade cercada por 'grupos rivais', os alunos e profissionais do centro cultural acabam "bem no meio" das desavenças, cada vez mais violentas.  

O susto e os prejuízos sofridos foram denunciadas também pelas redes sociais, napágina oficial do Daruê, no Facebook. Mas a solidariedade das pessoas que admiram o trabalho da ONG não se restringiu ao meio virtual e a própria comunidade auxiliou o centro com doações: "Alguns mercadinhos da comunidade doaram alimentos para a gente continuar funcionando". As atividades educativas precisaram ser suspensas pelo período de uma semana, mas já estão sendo retomadas aos poucos. 

O Mestre Meia-Noite, que toca o centro com doações e patrocínio de projetos do governo, busca agora uma maneira de aumentar a segurança do local. Preocupado com os alunos, ele pretende instalar um circuito de câmeras no local, mas, para tanto, é preciso ajuda: "A gente não tem recursos suficientes para colocar câmeras de segurança. Precisamos para que os meninos venham para cá com mais segurança". 

Identidade e Orgulho

Completando 30 anos de ações de arte-educação em outubro de 2018, o Daruê Malungo foi o responsável pela formação de inúmeros jovens. Atualmente, o centro assiste 68 crianças e adolescentes que recebem aulas de artes plásticas, dança e expressão cultural, confecção de instrumentos e oficina de leitura. Mas aulas não se limitam a ensinar passos e movimentos, o ensino da cultura afro-indígena prima por um encontro dos alunos com sua identidade: "As raízes culturais que são a formação do povo brasileiro e é importante que as crianças tenham essa referência", diz Meia-Noite.

Além disso, no centro, uma "escola integrativa", como define o mestre, as artes são usadas na formação de cidadãos e na prevenção de sua saúde: "Hoje a gente tá levando a capoeira, o frevo, o maracatu, o samba lelê como uma metodologia de saúde. Não só a saúde física mas a saúde mental e emocional. E um resgate à família, mas a família não é só homem e mulher, é todo um conjunto." 

[@#video#@]

Baseados nesses valores, o Mestre Meia-Noite, e as outras 10 pessoas que trabalham no Daruê Malungo - direta e indiretamente -, dão continuidade ao trabalho iniciado em 1988, a despeito das dificuldades como as enfrentadas nos últimos dois meses. A motivação para tanto vem das próprias palavras que nomeiam o projeto:  "Daruê é energia, força, luta; e malungo é companheiro; então juntando, aí tem companheiro de resistência, companheiro de batalha, companheiro de luta e de camaradagem.  Nem tudo é uma perfeição, mas é possível fazer da impossibilidade a possibilidade de se estar presente", assegura o Mestre.  

[@#relacionadas#@]

Uma alma que dança. O corpo esguio de Gilson José de Santana, o Mestre Meia-noite, é o veículo de uma expressão que vai além do movimento: traz consigo uma ancestralidade, a conexão entre cultura popular, criatividade, improviso, religiosidade e força. A sua experiência inclui a ida a vários países, participação em diversos espetáculos de grupos como o Balé Popular do Recife, o Boi Castanho, de Antônio Nóbrega, além das aulas de Ariano Suassuna. Meia-noite atua como dançarino, músico, ator, capoeirista e professor.

De fala calma, Meia-noite é um dos responsáveis por criar e manter o Daruê Malungo, no bairro de Chão de Estrelas, na área norte do Recife. Uma casa que acolhe crianças e jovens para transmitir a eles a música, a dança, a cultura brasileira, principalmente a fincada nas raízes negras. O trabalho de 28 anos toma forma visível nas apresentações do grupo de dança afro Daruê Malungo, mas tem repercussões muito mais profundas na comunidade, nas crianças e jovens envolvidos, na cultura popular recifense. Para estes jovens, Gilson é o Mestre Chau, mais um dos apelidos que tem.

##RECOMENDA##

Gilson, Chau, ou Meia-noite é o homenageado da 12ª edição da Mostra Brasileira de Dança, que começa nesta quarta (5), com abertura no Teatro de Santa Isabel, às 20h. Você pode conferir este e muitos outros eventos na Agenda LeiaJá.

Apesar da homenagem, não há nenhuma apresentação prevista na grade da mostra para o Mestre Meia-noite, ou para o Daruê Malungo. Não há, também, oficina, debate, encontro, mesa redonda ou palestra com o homenageado. Uma chance perdida para que Gilson Santana pudesse compartilhar seu conhecimento, experiência e lições de vida que tantos jovens e crianças já assimilaram.

[@#galeria#@]

Quando você entendeu o que era dançar?
Quando eu conheci minha mãe. Eu rodava dentro de uma bolsa d’água de um lado para o outro e ela era obrigada a, nas tetas da vaca, tirar o leite para dar o sustento para os filhos. Aí eu entendi o que era dança.

E quando isso virou uma atividade?
Quando eu entendi que não era único. E precisava fazer parcerias, como um capoeirista que precisa do outro para jogar capoeira. Mas eu conseguia jogar sozinho e mostrar que tava jogando, e fiquei conhecido por essa coisa diferenciada de ser um capoeirista que joga sozinho mostrando que joga com dez capoeiristas. O que eu fiz foi dar vazão às artes: a arte da interpretação, a da ‘falação’ e a da ‘olhação’.

De onde surgiu a ideia de pegar toda essa criançada e oferecer a elas um novo horizonte? Como foi criado o Daruê Malungo?
Eu pensei que o que eu queria mesmo é dançar. E pra fazer o que quero eu estava indo de encontro à minha família. Minha família era de vaqueiro, do interior, meu pai era vaqueiro. E eu resolvi fazer uma coisa que eu gosto. Meu pai tinha um terreno e disse que ia me dar para morar: ‘Você não quer fazer o que gosta? Vou te dar um terreno pra morar, assim você não fica aí morando pelas esquinas, você vai ter uma casa pra morar’, disse. E a casa virou o Daruê Malungo. E já são 28 anos.

O Daruê Malungo não é simplesmente um local para as crianças aprenderem a dançar. O que tem de mais profundo nessa iniciativa?
O Daruê é uma casa onde as pessoas podem – como se fosse uma cacimba – beber água. Com Meia-noite ou sem Meia-noite. A função do Daruê é ser um ponto de partida que fica entre um rio (o Beberibe) e um canal (do Arruda). Fui eu que criei isso? Não. A divina espiritualidade é que criou, nos colocou em caminhos.

Existe um momento em que você tem a sensação de missão cumprida, de saber que está fazendo o certo?
Eu ainda não fiz. Ainda vou fazer. Se eu disser a você o que vou fazer amanhã, não sei. Eu ainda tenho uma missão a cumprir. Dizer que eu vou vencer a vida? Vou estar mentindo pra mim mesmo.

A questão da educação parece ser algo que perpassa toda sua atuação, a transmissão de um legado. Que lugar tem na sua vida esse aspecto da educação?
Nós nunca vamos deixar de sermos crianças. Como eu posso falar de uma criança e de um adulto? Eu posso falar da criança, do adulto não posso falar. Porque um adulto só quer a minha orientação, a criança quer meu saber. O adulto está sempre focado nas incertezas, ele quer segurança. Que educação vamos dar às nossas crianças? Eu sinto uma satisfação de estar com eles construindo. Aqueles que não querem construir eu sinto muito. Os outros eu vou cuidar deles. E como você transfere isso para uma criança? A reminiscência da continuidade de um país, que é a nova civilização que vem. Eu estou dando aula e atendendo à quarta geração.

Aqui nós temos crianças de 7 anos cuidando de crianças de 2 anos, porque a mãe tem que sair para trabalhar; o pai deixou, ‘pegou o beco’, e continua isso, apesar de todos esses projetos envolvendo crianças.

E não posso participar de certos projetos porque eles têm a ver com uma educação formal. Eu tenho uma escola que não foi aceita pelo MEC pela metodologia. Porque a gente usa a metodologia do aqui e do agora: vamos construir esse instrumento, para quê? O Estado não aceita. Como vamos nos orgulhar do Recife se nos tiram daqui pra mostrar lá fora e o povo do recife não conhece?

O que é dançar para você?

[@#video#@]

A  12ª Mostra Brasileira de Dança inicia sua programação oficial nesta quarta (5). Nesta edição, o festival traz ao Recife espetáculos de 9 Estados brasileiros. O homenageado será Gilson Santana, o Mestre Meia-Noite, fundador do grupo Daruê Malungo. 

Abrindo a Mostra, a equipe mineira da Cia. de Dança Palácio das Artes apresenta Entre o Céu e as Serras, no Teatro de Santa Isabel. Serão duas sessões, a primeira na quarta (5) e a segunda na quinta (6), às 20h e às 20h30, respectivamente. O espetáculo traz diversas referências culturais ao período barroco e à formação do povo mineiro. A iluminação é assinada pelo cantor Ney Matogrosso. 

##RECOMENDA##

O evento realiza ainda uma rodada de negócios para a dança, no próximo sábado (8), contando com a presença de programadores e curadores da Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Cidade do México. O encontro será no Recife Praia Hotel, às 10h e a entrada é gratuita.

Além disso, a 12ª Mostra Brasileira de Dança deu uma atenção especial aos bicicletários espalhados pelos seis teatros que receberão os espetáculos este ano. Quem for de bike ganha desconto nas entradas. O festival vai até o dia 15 de agosto.e a programação completa pode ser vista no site do festival.

Confira este e muito mais eventos na Agenda LeiaJá.

Serviço

Abertura da 12ª Mostra Brasileira de Dança com o espetáculo Entre o céu e as serras

Quarta (5) | 20h

Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n - Santo Antônio)

R$ 20 e R$ 10

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando