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Durante o ano de 2018, 2.028 ocorrências relacionadas a acidentes com animais peçonhentos foram registradas pelo Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox-PE). O dado representa 43% dos atendimentos da entidade, que em sua maioria foram por ataques de escorpiões e serpentes, 1.349 e 493 respectivamente. 

Os animais peçonhentos são aqueles que produzem veneno e têm o aparelho inoculador da substância. Diferente dos venenosos que apenas produzem a substância, mas não injetam na vítima. A maioria das espécies sobreviveu a todos os acontecimentos históricos e adaptou-se às ações do homem, por isso os peçonhentos ainda preocupam a sociedade contemporânea.

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Na civilização egípcia, os sacerdotes já sabiam do perigo e da relevância desses animais para a sociedade e o ecossistema. Por isso, cultuavam a deusa escorpião Serket, que para eles facilitava a respiração de recém-nascidos e curava os sintomas causados pela picada do artrópode. “Ele se adaptou bem, por isso não existe veneno para escorpião. Se colocarmos nessa sala, os sensores dele vão detectar a presença do veneno. Então ele vai se desalojar e esperar o efeito passar para poder voltar. Você não consegue acabar com o escorpião facilmente", apontou a coordenadora do Ceatox Lucineide Porto, antes de enfatizar a dedetização na tentativa de livrar-se de acidentes, "é importante por que mata os pequenos insetos e acaba com o alimento dele”, aconselhou.

Segundo Lucineide, o clima quente deixa-os mais ativos, entretanto, quando chove, eles são desalojados e vão procurar abrigo próximo às residências. Ela explica que “o veneno atua nas terminações nervosas e dá uma paralisia. A vítima, sobretudo crianças, podem ter dificuldade de respirar, do coração bater e podem ter convulsões. O efeito causa manifestações bem diversas já que atua em todo organismo", elucidou a coordenadora. Caso o ataque não seja evitado, ela sugere que o animal deva ser colocado em um recipiente de vidro com álcool, ou se possível, fazer uma foto que possa identificá-lo para ajudar nos procedimentos do tratamento.

Um caso recente envolvendo uma criança ocorreu no dia 14 de janeiro, em Timbaúba, Zona da Mata Norte de Pernambuco. Enquanto a pequena Bianca, de cinco anos, procurava um brinquedo no quarto, foi picada por um escorpião. “Ele chegou e se amoitou. Quando ela baixou, que pegou [a caixinha de brinquedo], já foi logo atacada", relatou a mãe Joselânia Freitas. Ela também contou que a filha não apresentou febre, vômito ou desmaio, mas ainda assim foi socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município, antes de ser encaminhada ao Hospital da Restauração (HR), no Recife. Lá, a menina ficou seis horas em observação, tempo que Joselânia constatou que a incidência desses casos é alta. “Inclusive tinha outras crianças picadas lá também. Aí a médica de plantão explicou que é pra fazer isso mesmo. Levar logo pra uma UPA ou hospital mais perto”. Um caso parecido aconteceu na última terça-feira (29), no interior de São Paulo. Porém, a vítima de apenas quatro anos veio a óbito.

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Além dos escorpiões, o cuidado com as serpentes também é importante 

A história dos animais peçonhentos realmente se fundi com a egípcia. Segundo uma linha de pesquisa, Cleópatra, a “última rainha do Egito”, teria morrido após ser mordida propositalmente por uma serpente, para evitar a rendição ao Exército Romano. O professor doutor do centro de zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Pedro Nunes, garantiu que “esses animais não são agressivos gratuitamente. Geralmente eles respondem ao que consideram uma ameaça, como um pisão”, declarou.

De acordo com os dados do Ceatox-PE, 90% dos ataques em todo Brasil envolvendo serpentes são pela espécie Jararaca. Lucineide Porto explica como identificar as cobras venenosas. “Elas têm um órgão sensorial, um orifício entre o olho e a boca, nomeado fosseta loreal. Com esse dispositivo, ela sente a presença de calor no ambiente. A única peçonhenta que não tem esse órgão é a cobra coral”, finalizou.

O professor não acredita que o aumento no número de ataques esteja relacionado ao aumento da população animal. Para ele, “os ataques estão mais relacionados com a expansão das cidades e do desmatamento. O que aumenta o contato com os seres humanos, e acaba sendo consequência natural", afirmou.

Já que os seres humanos ocuparam os espaços naturais desses animais, é válido tomar medidas de prevenção para evitar o contato. “Não acumular lixo doméstico, entulhos ou materiais de construção, manter a casa limpa, tapar os ralos e frestas de portas e janelas. Além de bater os sapatos antes de calçar e tomar cuidados na hora de se vestir”, são ações que podem lhe salvar de uma picada, segundo a coordenadora do Ceatox-PE.

A Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), em parceria com o Parque Fazenda Amigos da Natureza, realizará o 1º Seminário de Manejo de Animais Silvestres. A programação se dividirá em dois dias: 11 de novembro e 2 de dezembro. 

As palestras irão abordar três esferas: o manejo de animais silvestres em cativeiro; morcegos: seres extraordinários; e animais peçonhentos. Serão apresentados temas como nutrição, sexagem de aves, répteis e mamíferos, cuidados especiais destinados a filhotes, comportamento, importância para o ecossitema e prevenção de acidentes com animais peçonhentos.

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A inscrição custa R$ 70. O pagamento pode ser efetuado no Parque Fazenda Amigos da Natureza, que fica em Igarassu, Região Metropolitana do Recife. Mais informações pelo site do parque.

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