Nascido dos cânticos religiosos, dos gritos e músicas entoadas por negros, com letras fortes e de protesto, o Blues é reflexo do trabalho forçado nas plantações de algodão, na região do rio Mississipi, no qual viviam os escravos. Com o tempo, os versos em língua africana se misturavam às primeiras palavras em inglês.
Com a libertação dos escravos, após a Guerra de Secessão, na região de Nova Orleans, aparece a figura dos blues man que, a princípio, era acompanhado por um banjo. De dramas amorosos a fatos históricos e de cunho político, o ritmo permite a junção de histórias e personagens. O blues ganha espaço em território brasileiro em meados dos anos 80, com a chega de grandes festivais como o Mississipi Delta Blues Festival, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, Festival Jazz & Blues de Guaramiranga, no Ceará, entre outros.
##RECOMENDA##Contrariando a tradição do frevo, todas as segundas a capital pernambucana se transforma em reduto de blues com o Recife Blues Sessions. O paulista Rico de Moraes, mais conhecido como Rico Bluestamontes, mantém as portas abertas para o ritmo na cidade. Amante do rock e da música eletrônica, Rico percebeu que sua voz se encaixava no blues. As influências são as mais diversas, de Frank Sinatra a Peter Green. “Comecei a tocar na escola, aos 14 anos. Eu tinha uma banda de punk rock e depois eu parti para a música eletrônica. Neste tempo, fui estudar música clássica, jazz e quando eu descobri o blues comecei a enveredar por esse caminho”, disse em entrevista ao LeiaJá.
Mesmo não sendo um ritmo característico no Recife, o blues man ressalta a sua conexão com os estilos musicais da região, mas fala que o público ainda é reduzido. “A recepção aqui é interessante. Tem muita gente que vai para um show de blues com a expectativa de ouvir rock, pois a cena não é muito comum e também não há muita gente que ouve. Eu tenho a preocupação de mostrar o verdadeiro blues”. O músico ainda fala sobre a importância dos bares para o fortalecimento da cena. "Muitas casas estão tentando colocar o blues em sua programação e isso é bom. Para o blues é muito importante cena de bar, porque ele não é feito em grandes palcos montados por prefeituras", comenta.
Sobre o cenário atual, Rico é importante que cada vez mais artistas assumam o blues como identidade musical. Segundo ele, a partir disso, o ritmo passará a ganhar mais espaço e o público entenderá o que de fato ele é. "Tem muita gente compondo blues e querendo fazer blues, mas ele se tornará melhor no momento em que as pessoas assumirem e não tocar rock para ganhar espaço", salienta
Serviço
Rico Bluestamontes
Segunda-feira (20) | 22h
Casa da Moeda ( Rua da Moeda, 150, Recife)