Uma manifestação dos comerciantes informais de Casa Amarela fechou os dois sentidos da Avenida Norte no cruzamento com a Rua Padre Lemos, na manhã desta sexta-feira (4). O ato foi liderado pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Informal (Sintraci) contra a expulsão de quatro barracas do local.
Segundo os manifestantes, a prefeitura deu oito dias para que as barracas fossem retiradas da calçada da Escola Estadual Dom Vital -a data encerra hoje- , mas não foram dadas condições para que eles fizessem a mudança. Para o presidente do Sintraci, Severino Souto, as propostas oferecidas não são benéficas. “Querem nos colocar para um anexo do Mercado de Casa Amarela, mas o local é falido. E querem que passemos a vender cereais e outros produtos que não estamos acostumados a vender”, critica Severino. O chefe de gabinete da secretaria de governo, Paulo Roberto, esteve presente no protesto. Ele afirmou que o prefeito não é responsável pela situação. “Esta é uma determinação do Ministério Público. Se ele não cumprir é punido”, comenta.
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Edilza Rodrigues da Silva é dona de uma das quatro barracas ameaçadas de serem derrubadas e discorda do argumento apresentado pela prefeitura. “O prefeito diz que uma lei não permite barracas ilícitas a menos de 100 metros de escolas, mas não vendemos nada ilícito. Eu concordo com relocação, contanto que seja para um lugar digno, com condições de trabalhar”, revela a comerciante. Elisangela da Silva também é uma das comerciantes da calçada da Escola Dom Vital e está preocupada com o emprego. “Sem esse comércio vamos viver de quê? Sustento filhos, família, e ainda pago remédios. O secretario de mobilidade quer nos tirar daqui, mas não quer dar um bom lugar”, diz Elisangela.
Uma manifestante que chamou a atenção foi a operadora de caixa Flávia Barreto. Grávida de oito meses, ela trazia pintada na barriga a seguinte frase: “Braga quer deixar eu nascer na miséria” (sic), referindo-se ao secretário João Braga e ao filho que está para nascer. Ela também acredita que o fechamento do seu comércio vai afetar drasticamente na renda familiar. “O comércio é da minha mãe e toda nossa renda é bancada por isso”, destaca.
Para quem desejava trafegar na via a opinião sobre o protesto estava dividida. O professor Vandovaldo Chaves é um dos que não aprova. “Eu sei que realizar protestos pelo cumprimento dos seus direitos é válido, mas muita gente precisa trabalhar e esses movimentos atrapalham muito o trânsito”, comenta. A passageira Rejane Maria estava há quase duas horas dentro do ônibus. Ainda assim, Rejane concorda com o ato. “Se é uma reivindicação para ganhar um salário honesto, eu aprovo”.
O fogo foi apagado às 9h15 porque os policiais alertaram para a presença de uma creche nas proximidades. A via só foi liberada às 10h30. Representantes do Sintraci estão neste momento na prefeitura onde participarão de uma reunião com o secretário de Governo do Recife, Sileno Guedes.