Brasília - Em greve há cerca de dois meses, os servidores públicos federais realizaram, nesta quarta-feira (15), uma marcha para reivindicar que o governo federal apresente propostas aos grevistas. Desde essa terça-feira (14), o Ministério do Planejamento reiniciou o período de negociações com os servidores, mas apenas ouviu os pedidos dos manifestantes e não deu respostas, para descontentamento do comando da greve.
Acampados em frente à Catedral Metropolitana, os manifestantes seguiram pela Esplanada dos Ministérios, até o Palácio do Planalto e depois voltaram ao Ministério do Planejamento, onde também fizeram protestos nessa terça. Com faixas e bandeiras, os grevistas afirmam que continuarão em greve até que o pleito seja atendido. “O governo adotou essa sistemática de realizar reuniões e empurrar a negociação para perto do dia 31, prazo para enviar as propostas orçamentárias para o Congresso Nacional. O que eles querem é que os servidores não tenham tempo para analisar as propostas e aceitem o que vier”, frisou Sérgio Ronaldo, secretário de imprensa da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef), que comanda a greve junto com a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
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De acordo com a Condsef, 12 mil servidores de várias unidades da federação participam do protesto. A Polícia Militar do Distrito Federal, que acompanhou toda a manifestação, não confirmou o número de pessoas. Eles chegaram a Brasília de ônibus nessa segunda e terça e devem permanecer até sexta-feira (17), quando uma nova reunião será realizada com os servidores.
Apesar de dedicar a semana para negociações com os grevistas, o governo não deverá atender aos pedidos. "O governo não antecipou nada, mas o Sérgio [Mendonça, secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento] disse que as possibilidades deles estão distantes do nosso pedido", disse o secretário-geral da Condsef, Josemilton Costa, após reunião nessa terça. Os grevistas querem que os servidores públicos de nível superior recebam o mesmo que é pago a cinco carreiras que tiveram um reajuste diferenciado com a Lei 12.277, de 2010. Através dela, engenheiros, arquitetos, geólogos, economistas e estatísticos passaram a ter um piso salarial de R$ 5.460,02 e um teto de R$ 10.209,50. Já o aumento salarial para servidores de outros níveis seria de 30%.
Se o impasse permanecer, os grevistas irão intensificar as manifestações na próxima semana. Segundo o coordenador da União das Carreiras Típicas de Estado (UCE), Pedro Delarue, além do reajuste, os servidores querem melhorias nas condições de trabalho para atender à população. "Cada carreira tem sua reivindicação específica, além da salarial. Os servidores estão sendo jogados contra a população, mas têm o direito legítimo de pedir correção das perdas salariais dos últimos quatro anos", frisou. "Muitas carreiras estão depauperadas, desmontadas e precisam de pesados investimentos para prestar um serviço eficiente à população", completou.
O impacto da greve no resultado das eleições municipais já preocupa a Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT). O presidente da legenda, Rui Falcão, levou comentou a preocupação em conversa com a presidente Dilma Rousseff.