Tópicos | Cristóvão Colombo

Como o homem, seus restos mortais também realizaram uma volta ao mundo. Os arqueólogos conseguiram localizar o primeiro túmulo de Cristóvão Colombo em Valladolid onde o corpo do navegador repousou por 3 anos, antes de partir para Sevilha, Santo Domingo, Cuba e então retornar à Sevilha.

Apesar de saber que o marinheiro, apresentado na Europa como o "descobridor" da América em 1492, estava enterrado nessa cidade na região central da Espanha, onde ele morreu, o local exato de sua primeira tumba ainda é um mistério.

Até que os pesquisadores conseguissem determinar "a localização da capela onde foi enterrado o almirante Cristóvão Colombo em Valladolid em 1506", foi realizada "uma investigação histórica completa, confirmada pelos dados de um radar geológico", anunciou, nesta quinta-feira (7), em um comunicado o Museu da marinha espanhola, onde foi apresentada essa descoberta.

A busca do primeiro túmulo do navegador está ligada aos estudos realizados pelo departamento de medicina legal da Universidade de Granada em 2005 sobre o DNA do marinheiro: eles revelaram que os ossos, agora localizados na Catedral de Sevilha, eram os de Cristóvão Colombo.

Comparando os elementos (fios de ouro, chumbo, tijolo, etc) encontrados na sepultura de Sevilha, os pesquisadores puderam encontrar o endereço onde tinha sido enterrado o navegador em Valladolid durante três anos.

Graças às escavações e a utilização de um geo-radar, os historiadores e arqueólogos puderam recriar em três dimensões a capela que abrigava o corpo de Cristóvão Colombo, no agora destruído convento de Saint-François de Valladolid.

O endereço agora é uma zona comercial, próxima à "Plaza Mayor" da cidade.

Os mistérios em torno da sepultura de Cristóvão Colombo, como sua terra natal, continuam agitando os círculos acadêmicos.

O navegador terminou seus dias em Valladolid, mas seu corpo acabou sendo transportado para Sevilha, depois para Santo Domingo em 1544, segundo sua vontade. Os restos mortais foram levados mais tarde para Cuba e enfim repatriados para Sevilha em 1898.

A República Dominicana afirma que seus restos mortais ou parte de seu esqueleto ainda estão em solo dominicano, no Farol de Colombo, uma hipótese que não foi excluída pelos geneticistas em 2005.

Manifestantes demoliram no último sábado (4) uma estátua de Cristóvão Colombo, considerado o descobridor do continente americano, na cidade de Baltimore, na costa leste dos Estados Unidos, em um novo episódio da onda de ataques a monumentos ou estátuas de figuras históricas ligadas à escravidão e ao colonialismo.

A estátua de Colombo localizada no bairro de Litte, em Baltimore, foi derrubada com a ajuda de cordas, de acordo com imagens divulgadas no site do jornal Baltimore Sun. A imagem é o mais recente monumento nos EUA a cair este ano durante o acerto de contas nacional sobre racismo e violência policial que também derrubou estátuas de figuras e escravos confederados em todo o país.

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Desde 25 de maio, quando começaram os protestos pela morte do afro-americano George Floyd, asfixiado por um policial branco em Minneapolis, os manifestantes demoliram inúmeras estátuas de personagens ligados à história colonial ou à discriminação.

Estátuas entraram na mira após protestos antirracistas

Em manifestações antirracistas que acontecem em diferentes países desde o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, esses marcos não têm passado ilesos pelas multidões que caminham nas ruas onde estão instalados, como a escultura do traficante de escravos Edward Colston, derrubada, arrastada e jogada em um rio por manifestantes de Bristol, na Inglaterra.

Outro exemplo foi a estátua de Cristóvão Colombo decapitada em um protesto em Boston, nos EUA; em Londres, onde o nome entalhado em um pedestal de Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido nas décadas de 1940 e 1950, ganhou o complemento 'era racista'.

No dia 22 de junho, um grupo de manifestantes tentou derrubar a estátua de Andrew Jackson, sétimo presidente dos Estados Unidos, perto da Casa Branca.

Mais recentemente, o Museu de História Natural, em Nova York, anunciou que vai retirar a homenagem ao ex-presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, que fica na frente da entrada principal do prédio. A figura do ex-presidente está acompanhada de um homem negro e um homem indígena, o que sinaliza a discriminações estruturais no país.

Eventos semelhantes também ocorreram em outros países, particularmente no Reino Unido

No dia 7 de junho, os manifestantes derrubaram uma estátua de bronze de Edward Colston, um negociante de escravos do século 17, em Bristol, Inglaterra. A imagem de bronze foi jogada no porto de Bristol durante protestos contra o passado colonial e em solidariedade ao movimento dos EUA.

Em 9 de junho, uma estátua de Robert Milligan, outro comerciante de escravos, do século 18, foi removida de seu pedestal, diante do Museu de London Docklands, depois que as autoridades decidiram que não era mais aceitável para a comunidade. Ela estava no centro das atenções depois que os manifestantes derrubaram a de Colston.

Estátua do rei Leopoldo II foi vandalizada na Bélgica

Na Bélgica, a cidade de Antuérpia (norte) retirou uma estátua vandalizada do rei Leopoldo II, polêmico personagem do passado colonial do país. "A estátua foi severamente vandalizada na semana passada e será restaurada pelo Museu de Escultura ao Ar Livre de Middelheim", anunciou o porta-voz do burgomestre da Antuérpia, Johan Vermant.

Um grupo chamado "Vamos reparar a história" exige a retirada do espaço público, em Bruxelas, de todas as estátuas de Leopoldo II. Os signatários dessa petição acusam o ex-monarca de ter "exterminado" milhões de congoleses.

EUA criam 'força especial' para proteger monumentos de protestos antirracismo

O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos anunciou na última quarta-feira, 1º, a criação de uma nova força especial para proteger monumentos históricos no país. A medida foi tomada depois da depredação e vandalização de estátuas ligadas ao passado escravagista.

Em um comunicado, o secretário interino de Segurança Interna, Chad Wolf, disse estar destacando "equipes de mobilização rápida" em todo país para proteger monumentos e estátuas durante o 4 de Julho, feriado nacional pelo Dia da Independência.

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A demolição de monumentos confederados e das estátuas de Cristóvão Colombo é uma expressão da força com a qual os americanos estão enfrentando seu passado racista após a morte de George Floyd.

"Parece que chegamos a um ponto de virada no relato de quem somos como povo americano", disse David Farber, professor de história da Universidade do Kansas.

"Estamos vendo dezenas de milhões, senão centenas de milhões, de americanos fazendo perguntas fundamentais sobre o que fazemos com os aspectos desagradáveis e, sejamos francos, até imorais, do nosso passado".

O assassinato em 25 de maio do afro-americano George Floyd por um policial branco em Minneapolis provocou uma onda de protestos exigindo justiça e uma reforma da polícia.

Mas a morte desse homem de 46 anos também levou a um questionamento do passado.

Em várias cidades dos Estados Unidos, os manifestantes concentraram sua raiva nos monumentos erguidos em memória de generais e políticos pró-escravidão do sul durante a Guerra Civil.

Em Richmond, por exemplo, derrubaram uma estátua de Jefferson Davis, o presidente confederado durante o conflito que ocorreu entre 1861 e 1865.

"Os símbolos da Confederação são, acredito, os mais polarizadores desses monumentos. Mas o fenômeno está se espalhando pelos Estados Unidos", disse Farber.

"Em Nova York, as estátuas de Colombo foram derrubadas. No Novo México, uma do conquistador considerado um genocida dos povos indígenas foi retirada", apontou o historiador.

"Há escolas do ensino médio em todo o país com o nome de John Calhoun", um ex-vice-presidente que foi um defensor declarado da escravidão.

"Protesto público"

Farber observou que o debate sobre os memoriais confederados não é exatamente novo.

Os manifestantes pelos direitos civis das décadas de 1950 e 1960 denunciaram o fato de estarem "marchando por ruas com os nomes de racistas e supremacistas brancos".

Os esforços para remover os monumentos confederados ganharam força depois que um supremacista branco matou nove afro-americanos em uma igreja em Charleston, Carolina do Sul, em 2015.

"O ritmo agora está aumentando por causa dos protestos", disse Andra Gillespie, professora associada de ciências políticas da Universidade de Emory.

"Acho que muitas de nossas suposições estão sendo reexaminadas e as várias maneiras pelas quais a história afetou os afro-americanos estão sendo questionadas", disse Gillespie.

"Este é um momento em que o foco está no racismo anti-negro, mas não exclui outras formas de opressão racial".

Laura Edwards, professora de história da Universidade Duke, disse que há uma percepção maior de que "esses símbolos têm significado político e são problemáticos".

"Hoje é mais complicado falar de herança, por exemplo", disse Edwards, referindo-se a um argumento frequentemente usado pelos opositores à eliminação dos símbolos confederados, para quem demolir esses monumentos seria apagar parte da orgulhosa história do sul.

Edwards disse que ficou "impressionado" com o fato de a franquia de carros de corrida NASCAR ter proibido a exibição da bandeira confederada em seus eventos.

"Os símbolos associados à supremacia branca e à Confederação faziam parte dessa marca".

"Amplo ajuste de contas"

A derrubada de estátuas de confederados e de Colombo está "intimamente relacionada", disse Edwards, já que ambos representam a "colonização violenta dos Estados Unidos".

"Os europeus que vieram para cá reivindicaram um lugar que pertencia aos povos indígenas e depois se envolveram em um genocídio para eliminá-los".

Isso foi seguido pela importação de escravos da África, o que Alan Kraut, professor de história da Universidade Americana, chamou de "o pecado original que o país nunca foi capaz de superar".

"Agora estamos testemunhando uma revisão da história em resposta a um momento político", embora "essa reavaliação tenha levado tempo", disse ele.

"As estátuas já estavam sendo criticadas e removidas", mas "a morte de George Floyd serviu como catalisador" para acelerar esse processo.

Steven White, professor assistente de ciências políticas da Universidade de Syracuse, disse que as pessoas estão "vendo o racismo ao longo da história americana de maneira mais ampla".

"Um número crescente de americanos brancos está prestando mais atenção às razões de longo prazo da persistência da desigualdade racial" no país, apontou.

"Acho que a pergunta é se essas mudanças continuarão. É o começo de uma evolução realmente substancial?", concluiu.

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