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O governo descartou a possibilidade de alterar neste momento a meta de déficit zero para as contas públicas em 2024. A informação foi confirmada primeiro pelo relator do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), e, na sequência, pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. A decisão representa uma vitória política do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vem sofrendo pressão de outros colegas de governo e do PT para rever o alvo.

O anúncio ocorreu após reunião nesta quinta, 16, no Palácio do Planalto, que contou com a presença de Forte, Haddad e Padilha e ainda das ministras Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).

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Também era esperada a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que defendia a revisão da meta fiscal. Ele não participou porque, na hora da reunião, estava em Belém (PA) no lançamento de projetos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o Estado.

"O governo manteve a posição dele de meta fiscal zero. Tirou qualquer possibilidade de emenda ao relatório (da LDO), qualquer mensagem modificativa com relação ao que está sendo decidido, e a preservação do arcabouço fiscal", declarou Forte, depois da reunião com os ministros. "Vamos trabalhar agora para concluir a votação do Orçamento para dar ao País um Orçamento factível em 2024. A possibilidade de revisão poderá vir em alguma mudança no futuro, mas no presente (momento) o governo manteve a meta fiscal zero."

O governo tinha até esta sexta, 17, para decidir se mudava ou não a meta de déficit zero, o que só poderia ser feito por meio de emenda de parlamentares à LDO ou via acordo com o próprio relator. Na segunda-feira, 13, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) chegou a apresentar duas emendas à LDO que alteram a meta fiscal do ano que vem. Uma delas prevê déficit de 0,75% do PIB e a outra, de 1%.

Forte disse que deverá entregar seu relatório final na próxima segunda ou terça-feira. A expectativa é de que a votação do texto na Comissão Mista de Orçamento (CMO) aconteça na quarta-feira.

A discussão sobre eventual mudança da meta foi reaberta pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no fim de outubro, depois de dizer que o déficit zero "dificilmente" seria atingido e que o País não precisava disso. "O que eu posso dizer é que ela (a meta fiscal) não precisa ser zero. A gente não precisa disso. Eu não vou estabelecer uma meta fiscal que me obrigue a começar o ano fazendo corte de bilhões nas obras que são prioritárias nesse País", disse Lula, em encontro com jornalistas.

Racha

A discussão, criticada por especialistas e no mercado financeiro, dividiu o governo. Rui Costa propôs a alteração da meta para déficit de 0,5% do PIB. Padilha, Simone Tebet e Esther Dweck defenderam a posição de esperar mais informações sobre a aprovação de projetos no Congresso que podem aumentar a arrecadação do governo no próximo ano - e, assim, evitar um contingenciamento de gastos em pleno ano de eleições municipais.

Sob pressão, Haddad pediu tempo até março, quando deve sair o primeiro Relatório de Receitas e Despesas Primárias de 2024, para que se decida sobre qualquer mudança na meta. Como mostrou o Estadão, o ministro quer aguardar o avanço das medidas arrecadatórias no Congresso. A equipe econômica ainda corre atrás de uma receita extra de R$ 168 bilhões para garantir o equilíbrio das contas públicas no próximo ano.

Haddad e Tebet foram os primeiros a sair da reunião, antes mesmo do seu término. Eles deixaram o Palácio do Planalto por volta das 12h30. Haddad chegou à Fazenda sem falar com a imprensa. De acordo com Danilo Forte, o ministro da Fazenda voltou a demonstrar preocupação com a conclusão das votações no Congresso de projetos que aumentam a arrecadação do governo.

Haddad apresentou no começo do ano a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024, junto com o novo arcabouço fiscal, que substitui o antigo teto de gastos, com regras mais flexíveis para as despesas. A Casa Civil e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, contudo, foram contra o objetivo de déficit zero por entenderem que o aperto fiscal pode comprometer o crescimento econômico.

O ministro resistiu ao "fogo amigo", com o argumento de que a aprovação das medidas no Congresso podem elevar a arrecadação. Mas, após as declarações de Lula, as pressões pela mudança da meta voltaram a crescer.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O déficit nominal, isto é, a diferença entre o que o governo federal arrecada e o que ele gasta, pode ser zerado em quatro anos. Segundo estimativas da equipe econômica obtidas pelo jornal O estado de S. Paulo, a marca pode ser atingida no fim de 2017, caso o governo cumpra neste ano uma economia de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagamento dos juros da dívida pública, o chamado superávit primário, e de 3,1% do PIB a partir de 2014.

No ano passado, as despesas totais do governo, incluindo os gastos com encargos e juros da dívida, superaram as receitas em 2,4% do PIB. Esse déficit nominal, que chegou a ser de 5,2% do PIB em 2003, pode ser reduzido por dois caminhos: por meio de uma economia maior para pagar os juros, isto é, com o cumprimento efetivo, sem nenhuma manobra, do superávit primário, ou simplesmente via maior crescimento econômico.

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Em 2012, tanto a economia para o superávit primário quanto o desempenho do PIB foram fracos, por isso a queda do déficit nominal, que fora de 2,6% do PIB em 2011, foi menor.

Nas contas dos técnicos, uma combinação entre a meta fiscal de 3,1% do PIB e um crescimento econômico anual de 4% entre 2014 e 2017 será capaz de zerar esse déficit nominal. Sem déficit, o governo poderia, também, abandonar o superávit primário - cenário desejado pela presidente Dilma Rousseff.

Cenário

No início do ano passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a dizer que era "exequível" zerar o déficit nominal em "poucos anos". Naquele momento, Mantega tinha em sua mesa um cenário do Tesouro Nacional que levava em conta o cumprimento da meta de 3,1% do PIB de superávit primário todos os anos - ritmo que permitiria atingir o déficit zero em 2016.

Esse cronograma foi abandonado quando a arrecadação de impostos começou a perder força, a partir de maio de 2012, e o governo realizou uma série de manobras fiscais para cumprir a meta do ano passado.

O superávit primário efetivo de 2012 foi próximo a 1,3% do PIB, segundo estimativa do Itaú Unibanco. Diante do menor esforço fiscal, o objetivo de zerar o déficit nominal ficou mais distante.

Ceticismo

O mercado financeiro tem visto com ceticismo a condução da política fiscal do governo desde meados do ano passado, quando ficou claro que a meta de superávit primário dificilmente seria cumprida, mas Guido Mantega e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, continuaram sustentando que a meta seria atingida.

As críticas às manobras fiscais para fechar as contas foram grandes, e o governo resolveu que, em 2013, deixaria o "jogo mais claro", como definiu um técnico da área econômica a estratégia adotada. O governo já admitiu que a meta deste ano só será atingida com os abatimentos previstos em lei - que, em 2013, podem ser de até R$ 65,2 bilhões.

O cenário de contas públicas trabalhado nos bastidores pela equipe econômica leva justamente isso em conta. O esforço fiscal esperado para 2013 é de apenas 2% do PIB. Mas os técnicos apontam que, para zerar o déficit dentro de quatro anos, será preciso voltar a cumprir a meta cheia a partir do ano que vem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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