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“O governo já se comprometeu a ceder aquela área. Falta só fechar alguns detalhes. Se tudo der certo, a previsão (para início das obras e atividades) é ainda para este ano”. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), se refere ao terreno da Fábrica Tacaruna, dado ao grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles), no ano passado. Mais de um ano depois da assinatura da carta de intenções, o local – que tinha projeto de se tornar espaço de referência artístico-cultural no Estado, na década de 90 – continua inativo. 

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Tombada pela Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural de Pernambuco (Fundarpe) e pelo Conselho Estadual de Cultura, em 1994, como Patrimônio Histórico Estadual, a Fábrica Tacaruna foi fundada em 1895, sendo a primeira produtora de tabletes de açúcar do Brasil. Ao longo dos anos, foi refinaria, fábrica de tecidos e, em 2000, adquirido pelo Governo por mais de R$ 14 milhões. À época, a ideia era criar o Espaço Cultural Tacaruna; um concurso selecionou 13 bolsitas para cursos de pós-graduação na França. Depois de quatro anos no país, retornariam ao Recife para elaborar projetos de formação cultural destinados à Fábrica Tacaruna. 

Nos anos 2000, o espaço recebeu diversos shows, mas a (falta de) estrutura sempre saltava aos olhos, pedindo reparos. Nove anos mais tarde, outra alternativa prometida: o Centro de Cidadania Padre Henrique, que contaria com teatros, cinemas, museus e escola integral. Não foi para frente. Em 2014, o então governador Eduardo Campos cedeu o terreno para a criação do quarto Centro de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Engenharia Automotiva da Fiat no mundo. O mesmo terreno comprado por milhões pelo Estado, doado para uma empresa. 

“Eu considero uma perda muito grande, porque o Recife está carente de espaços culturais. Por que ceder para a Fiat, uma empresa que poderia adquirir o local com os próprios fundos? É preciso repensar isso, a cultura está sendo vilipendiada nas últimas gestões. Como cidadã, sou contra”, argumenta a procuradora do Município do Recife, Noélia Brito, quere relembra uma irregularidade na época da compra do terreno ao proprietário. “Na época, quando foi feita a desapropriação, existia débitos tributários do imóvel e chegou ao meu conhecimento que um cartório teria dado certidão falsa, atestando que não havia débitos fiscais. Os cofres públicos do Recife foram lesados e, até hoje, não tive nenhuma resposta”. 

Fiat ainda não se posiciona e Governo vê economia de PE em outro patamar após empreendimento

De acordo com a assessoria da Fiat Chrysler, a empresa ainda não pode se pronunciar sobre o Centro de Pesquisa na Fábrica Tacaruna, pois a doação ainda não foi finalizada. A organização afirmou, apenas, que até setembro realiza capacitações de profissionais, “jovens engenheiros”, junto ao Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), que serão escalados para atuar no espaço. 

Através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDEC), o governo reiterou a fala de Paulo Câmara. Em nota, confirmou que a gestão “doará o imóvel da antiga Fábrica Tacaruna para a instalação das operações definitivas do Centro”. Segundo a SDEC, “foram disponibilizados espaços temporários no Grande Recife para abrigar os trabalhos iniciais da FCA”. Para o secretário Thiago Norões, responsável pela pasta, o Centro de Pesquisa transformará o estado em um dos maiores destaques na cadeia automotiva mundial. “O empreendimento colocará a economia de Pernambuco em um novo patamar, cada vez mais conectada com o futuro”, afirmou Norões. 

O Senado federal aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) que insere no texto constitucional a obrigação dos estados e municípios, além da União, de fomentarem a inovação tecnológica, a pesquisa e a inovação. A PEC prevê incentivo ao desenvolvimento científico em diversas formas, inclusive estabelecendo que os entes federados devem concorrer para criar legislação nesse sentido e são responsáveis por empenhar recursos financeiros para tal finalidade.

O texto prevê que o Estado brasileiro deverá promover a atuação no exterior de instituições públicas de ensino, pesquisa e inovação científica e tecnológica; estimular a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas; organizar um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, com a colaboração entre os entes; além de estabelecer que estados, municípios e União colaborem entre si, inclusive com o compartilhamento de recursos humanos e capacidade instalada para promover esses três itens.

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O relator, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), considerou que a PEC chega “tardia” e diz que seu mérito é “indiscutível, ao introduzir em sede constitucional o debate sobre inovação científica e tecnológica que é condição indispensável para o aumento da renda nacional por meio do aumento da produtividade da economia”.

O relator considera ainda que se não tomar as medidas necessárias para o estímulo à inovação, o Brasil correrá o risco de ficar para trás no cenário internacional. A PEC foi aprovada em dois turnos com quebra de interstícios hoje, por meio de acordo com os parlamentares. Ela recebeu 50 votos favoráveis em cada turno e vai agora para promulgação.

 

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