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Dmitry Muratov, editor-chefe do jornal independente russo Novaya Gazeta, leiloará nesta segunda-feira (20) a medalha de ouro do Prêmio Nobel da Paz que obteve em 2021 em benefício das crianças deslocadas pela guerra na Ucrânia.

Muratov recebeu no ano passado, junto com a jornalista filipina Maria Ressa, o renomado prêmio "por seus esforços para garantir a liberdade de expressão".

Em março, a publicação de Muratov suspendeu suas operações na Rússia após a adoção de uma lei que estabeleceu duras penas de prisão contra qualquer um que criticasse a campanha militar do Kremlin na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.

Muratov fundou junto com um grupo de jornalistas o diário Novaya Gazeta em 1993, após a queda da União Soviética. Em 2022, seu jornal foi a única publicação de envergadura que criticou o presidente Vladimir Putin e suas políticas interna e externa.

A casa Heritage Auctions é responsável pela venda da medalha do Nobel de Muratov, cujo leilão - tanto on-line como presencial - termina na noite desta segunda, no horário de Nova York.

Na manhã desta segunda, o preço estava em 550.000 dólares. Os lucros serão revertidos à Resposta Humanitária para as Crianças Ucranianas Deslocadas pela Guerra, do Unicef.

Muratov foi agredido em abril em um trem quando uma pessoa derramou tinta misturada com acetona nele, causando queimaduras nos olhos.

Desde o ano 2000, seis jornalistas e colaboradores do Novaya Gazeta foram assassinados devido a seu trabalho, entre eles a repórter investigativa Anna Politkovskaya, a quem Muratov dedicou o Prêmio Nobel.

"Este jornal é perigoso para a vida das pessoas", disse Muratov à AFP no ano passado.

Falando em um vídeo difundido pela Heritage Auctions, o jornalista disse que ganhar o Nobel "lhe dá a oportunidade de ser ouvido".

"A mensagem mais importante hoje é que as pessoas entendam que há uma guerra e que é preciso ajudar os que mais sofrem", continuou, ao apontar especificamente para as crianças das famílias de refugiados.

O jornalista russo Dmitry Muratov, Prêmio Nobel da Paz de 2021, afirmou que o ataque da Rússia contra a Ucrânia é "uma vergonha" para os cidadãos do país.

O cofundador do jornal Novaya Gazeta, um dos poucos que publica notícias de oposição contra o presidente Vladimir Putin, fez um editorial falando sobre a ação militar iniciada na madrugada desta quinta-feira (24).

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"Estamos em luto. O nosso país, por ordem do presidente Putin, iniciou uma guerra com a Ucrânia. E não há ninguém que possa parar essa guerra. Aqui, junto à dor, nós só sentimos vergonha", escreveu. "Nas suas mãos, o comandante-em-chefe gira o 'botão nuclear' como se fosse uma chave de um carro muito caro. O próximo passo será um ataque nuclear?", questiona o crítico de Putin.

Muratov ainda informou que a próxima edição impressa do jornal será publicada nos idiomas russo e ucraniano de maneira excepcional.

O jornalista russo recebeu o prêmio ao lado da repórter filipina Maria Ressa por ambos serem representantes da imprensa livre em países com governo autoritários e que cerceiam a liberdade da mídia, controlando a maior parte das agências de notícias, jornais, sites e emissoras de TV.

Da Ansa

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