Tópicos | Elas e o Sport

Desde que iniciaram uma campanha contrária à contratação do meia Wescley, acusado de agredir a namorada grávida em 2016, a torcida feminina 'Elas e o Sport' vem sofrendo ataques. O mais recente deles veio repleto de violência.

Um áudio, que está circulando nas redes sociais, traz ameaçadas de agressão às torcedoras, “caso elas pisem no clube”. A gravação também profere umas série de ataques verbais. 

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Em nota, o Sport defendeu “o espaço democrático para todos no clube” e salientou que “não tolera qualquer ataque no seu ambiente”. 

Confira o comunicado na íntegra:

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Nesta sexta-feira (7), começa a Copa do Mundo de Futebol Feminino. Pela primeira vez, a competição, que acontece na França, será transmitida na TV aberta, e todo mundo poderá assistir aos jogos no conforto do lar. Só que mesmo com essa praticidade, algumas torcedoras pernambucanas vão se encontrar fora de casa para apoiar o Brasil, todas juntas, para mostrar, antes de qualquer coisa, que mulher entende de futebol e que a representatividade importa.

A estreia da seleção é domingo (9), às 10h30, contra a Jamaica. Dois desses movimentos estão sendo promovidos pelas torcidas organizadas femininas do Sport e do Santa Cruz, a fim de influenciar as mulheres do estado à apoiarem as profissionais do esporte mais popular e predominantemente machista do país.

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De acordo com Vivianne Barros, representante da Elas e o Sport, o propósito da iniciativa é "proporcionar a união do gênero em prol de outras garotas, para valorizar as nossas atletas e oferecer lazer às nossas torcedoras". O evento das rubro-negras acontece no bar da piscina, na sede do clube e a entrada é gratuita.

Já a Coralinas, do Santa Cruz, farão um encontro com cara de confraternização. A torcida vai aproveitar o dia para arrecadar verbas para o grupo. “Além de querer propagar o amor em comum de mulheres ao futebol, nós também enxergamos nos jogos a oportunidade de arrecadar verbas para a realização do aniversário do nosso movimento, que acontece em 17 de agosto desse ano", explica a coralina Rafaela Inácio.

Além de petiscos, o encontro contará com a venda de artesanatos relacionados ao esporte e ao público feminino. A reunião acontece no bairro da Boa Vista, centro do Recife, na rua das Ninfas, 267, e o acesso é de graça.

Alguns bares do Recife também abrirão mais cedo, para exibir a partida.

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Por Gabriela Ribeiro

Em tempos em que as mulheres têm cada vez mais conquistado espaços, o futebol ainda resiste em ser um esporte machista com pouco espaço para o público feminino. A luta, porém, vem sendo árdua, Recentemente nas sociais da Ilha, um ato machista foi relatado exclusivamente ao LeiaJá por uma rubro-negra. Bruna Maria é sócia do clube e frequenta a Ilha há 10 anos. Ela acompanhava a partida entre Sport x Salgueiro, no dia 13 de março, e reagiu com vaias a entrada de Juninho e acabou sendo vítima de machismo.

“Quando Juninho foi entrar eu critiquei, vaiei igual como faria com qualquer outro jogador que não me agradasse, as meninas que estavam comigo fizeram o mesmo e os meninos também. Um senhor de idade, que estava na fileira de baixo, começou a me chamar de 'falsa torcedora', dizendo que não era para eu pisar na Ilha do Retiro mais porque eu não apoiava o clube. Falei que quem pagava minha mensalidade de sócia era eu e que ele não tinha que palpitar sobre isso. Ele começou a vir mais para perto, botou dedo na minha cara, gritava muito”. Relata Bruna.

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“Um amigo me tirou de perto e me fez sentar, ele veio para cima de mim, nenhum segurança ou policial interviu, mesmo tendo alguns por perto. Depois disso o homem foi para longe e ficamos quietos, e ai os torcedores a nossa volta começaram com as palavras baixas, eu ouvi de mulheres coisas como: 'Juninho deveria passar a r*** na tua cara pra tu parar de falar besteira' e ouvimos de um homem atrás da gente depois do gol dele, ‘’Juninho, eu te dou minha mulher pra tu bater nela se quiser", completou.

O começo

Para combater isso, cinco mulheres torcedoras se reuniram no dia 16 de fevereiro de 2016 e fundaram a torcida feminina Elas e o SportA criação teve um proposito claro e gira em torno justamente de dar voz as esses casos que volta e meia acontecem e são abafados, como nos conta Vivianne Barros de 27 anos, uma das cinco fundadoras: “A ideia nasceu da necessidade de as mulheres terem um espaço para expressar suas ideias e acompanharem o Sport Club do Recife, pois na época não havia nenhum tipo de ação no clube voltada para torcida feminina”, lembra.

Vivianne junto de Charleny Flor, Danielle Bandeira, Rafaella Amorim e Renata Rangel, que já eram atuantes nas redes sociais do clube, resolveram então fundar a torcida.

“Criamos o 'Elas' pois era notável que a estrutura machista estava presente no futebol como em poucos lugares, e criar o diálogo entre as torcedoras seria fundamental para que este preconceito não nos impedisse mais de torcer. Precisávamos marcar nosso espaço e lutar pelos nossos direitos como torcedora, tanto na arquibancada quanto além dela”, ressalta Vivianne.

O que começou de forma tímida, três anos depois acabou conquistando seu espaço no clube através das suas ações. Uma delas ficou conhecido como “caixinha colaborativa”. Nela as meninas depositam absorventes que ficam a disposição para uso em caso de necessidade.

O Elas e o Sport foi criado em feveireiro de 2016 e hoje conta com bom número na Ilha do Retiro. Foto:cortesia

“A ideia da caixinha surgiu quando vimos em outros lugares a ideia sendo executada, daí pensamos que seria uma ótima ideia colocá-la também na Ilha do Retiro, pois assim daria conforto para as mulheres que frequentam a Ilha nos momentos de apuros”, disse Vivianne que ainda completou.

“É muito importante para nós zelar pelo conforto e bem-estar da torcedora em todos os aspectos, e ficamos felizes que essa ideia está sendo bem recebida. Hoje temos caixinha na sede e no setor das sociais do clube, pretendemos ampliar para todos os setores, mas para isso os banheiros precisam ter estrutura”, comentou Vivianne que deseja levar isso para todos os banheiros da Ilha do Retiro e contam com apoio do clube para que reformas sejam feitas.

Fora do seio futebolístico ainda existe o projeto 'Amor Além das Arquibancadas' que já fez campanha para ajudar uma creche e um asilo. "Na última ação, recolhemos livros para doação no Hospital do Câncer, onde conseguimos arrecadar recursos para a compra de dois colchões pneumáticos. Nós também trabalhamos em campanhas de prevenção e cuidado ao câncer de mama, que pelo segundo ano foi na Ilha do Retiro, além de duas campanhas para doação de sangue”, completa Viviane.

Sonho

Com apoio do clube para a realização das suas ações o Elas e o Sport tem conquistado seguidores e adeptos. “Hoje contamos com 6 meninas na organização e uma rede de 150 contatos em nosso grupo aberto no Whatsapp, além de um grande número de seguidoras nas nossas páginas no Facebook e Twitter”, No Instagram são cerca de 17 mil seguidores.

Com todo esse alcance conquistado, as meninas seguem sonhando alto na busca por espaço e quem sabe um dia acabar com o machismo nos estádio: “Nosso sonho e objetivo é que o futebol seja um lugar de acolhimento para todas as pessoas, sem nenhum tipo de distinção. Fazer do Sport Club do Recife e do futebol ferramentas de transformação para um mundo melhor. O desafio é grande, porém estamos aqui para tentar”, finalizou.

 

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