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A divulgação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prevista para acontecer na próxima quinta-feira (19), deve ser antecipada para a quarta-feira, dia 18. A informação foi prestada nesta sexta-feira (13), pelo ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), durante compromisso no Rio de Janeiro. No mesmo dia será lançada uma consulta pública para debater eventuais mudanças nesse exame.

Desde que as regras do Enem se tornaram públicas, a divulgação das notas está prevista para o dia 19. Nesta quinta, porém, o Enem informou que está se esforçando para antecipar em um dia essa divulgação.

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Sobre a consulta pública, o ministro não quis adiantar quais mudanças serão propostas no Enem. A intenção do Ministério é adequar o Enem à reforma do ensino médio, em discussão no Congresso Nacional, afirmam especialistas. Uma das possibilidades é que treineiros (estudantes que ainda não concluíram o ensino médio e fazem a prova só para testar seus conhecimentos) sejam proibidos de fazer o exame - para eles passaria a ser aplicado um simulado, sempre no mês de julho.

As notas do Enem podem ser usadas para ingressar no ensino superior público pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), no ensino superior privado pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e para obter financiamento pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), além de servir também para obter a certificação do ensino médio.

Fies

Sobre o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), Mendonça Filho afirmou nesta quinta-feira que neste ano a continuidade dos contratos já firmados está garantida. "Quando assumimos (o Ministério da Educação), havia 125 mil contratos, sem garantia de continuidade. Elevamos para 220 mil no ano passado mesmo, e queremos aumentar esse número em 2017, mas ainda não sabemos quanto, não temos previsão", afirmou o ministro.

Mendonça Filho esteve no Rio para visitar o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), órgão subordinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e voltado para pesquisa e formação acadêmica (mestrado e doutorado). O instituto deve ampliar sua sede, no Jardim Botânico (zona sul do Rio), dos atuais 12 mil m2 para 27 mil m2, com a construção de um novo prédio bancado pelo Ministério da Educação. A nova área deve ser inaugurada em 2021.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deve passar por mudanças neste ano. O próprio ministro da Educação, Mendonça Filho, adiantou que acha necessário modificar a forma como a prova é trabalhada entre estudantes de todo o Brasil. Mas em entrevista ao LeiaJá, o ministro confessou que ainda não existe uma decisão concreta sobre o que mudará de fato no Enem. Por outro lado, ele garantiu que o edital da edição 2017 será divulgado em fevereiro.

Pela posição do ministro em relação à reforma do ensino médio, em que ele aposta na possibilidade do aluno escolher quais disciplinas vai estudar no final da formação, existe uma tendência para que o Enem trabalhe questões mais específicas, conforme a área universitária que o candidato almeja cursar. Mas enquanto a decisão não vem, Mendonça Filho garantiu ao LeiaJá que uma consulta pública será aberta na segunda quinzena deste mês.

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De acordo com o ministro, a consulta será levada em consideração para a formalização das mudanças na edição 2017. “Ainda não temos uma definição porque vamos fazer uma consulta pública. Só a partir daí teremos mais informações. As mudanças dependerão dessa consulta, para que a gente possa apresentar aprimoramentos relativos ao Enem 2017”, prometeu Mendonça Filho.

Atualmente, o Enem é realizado em dois dias, com quase dez horas de duração. Todos os candidatos respondem questões das áreas de Humanas, Exatas, Linguagens e Ciências da Natureza, além da redação. Na edição 2016, mais de 8 milhões de feras responderam a prova. 

Sisu, protestos e ocupações

Ainda em entrevista ao LeiaJá, Mendonça Filho elogiou as mudanças aplicadas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Agora, as instituições de ensino poderão usar três opções de notas do Enem para selecionar seus candidatos: média geral da prova, uso da média das disciplinas específicas conforme o curso almejado pelo fera ou a utilização de uma média dessas duas opções. “Essa era uma demanda antiga das universidades, que atende a uma maior flexibilidade. Simplifica a adoção de mecanismos que aproximem o desejo do estudante a oferta da universidade”, comentou Mendonça.

Questionado sobre as ocupações contra a PEC do Teto e reforma do ensino médio, realizadas em todo o Brasil no ano passado, o ministro respondeu que acha válido qualquer tipo de manifestação que não tire o direito de outros grupos. “Acho que o direito de se manifestar é sagrado, constitucional, presente numa democracia como a nossa. Agora você não pode usar o direito de se manifestar para impedir o direito do outro de estudar. Espero que tenha ficado o aprendizado de que o livre posicionamento deve ser expresso por manifestações, preservando o direito da maioria. O espaço público é de todos”, analisou.

Apesar do fim de várias ocupações em escolas, institutos e universidades, muitos movimentos ainda pregam posições contrárias à reforma do ensino médio. Em 2016, protestos foram realizados com essa pauta e a tendência para este ano é de que aconteçam outras manifestações. Para o ministro da Educação, as manifestações fazem parte da democracia. “Nunca temo protesto. É parte da democracia. O protesto precisa ser feito de forma civilizada”, finalizou.     

Polêmica, a medida provisória do novo ensino médio já rende debates em diversos grupos sociais. Um ponto específico da proposta, em que o aluno poderá escolher qual área do conhecimento seguirá, gerou indagações sobre os moldes atuais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Da forma como é feita hoje, a prova contempla várias áreas, em que o candidato deve responder as questões de todas elas e não passa por uma avaliação específica.

Se o novo ensino médio colocar em prática a possibilidade de o aluno escolher uma área específica do conhecimento, a partir do segundo semestre do segundo ano, consequentemente o estudante ficará menos munido de informações para responder as disciplinas deixadas de lado. Nessa conjuntura, o Enem continuará abordando todas as matérias do jeito que acontece hoje? De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela organização do Exame, a resposta não deve sair antes antes de novembro.

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Apesar de declarar que Enem 2017 precisa passar por alterações, enfatizando que a prova deve deixar de só servir como meio de ingresso no ensino superior, a presidente do Inep, Maria Inês Fini, ainda não emitiu um posicionamento mais claro sobre a futura edição do exame. Nem mesmo o anúncio do novo ensino médio a fez divulgar qualquer tipo de alteração. A assessoria de imprensa do Inep informou ao LeiaJá que apenas haverá um pronunciamento acerca do futuro da prova após a edição 2016.

De acordo com a assessoria, o foco atual do Inep é a prova deste ano. A edição 2016, segundo o Ministério da Educação (MEC), está livre de qualquer alteração. Mas vale lembrar a ideia de Maria Inês sobre o atual modelo do Enem: “O Exame não pode continuar sendo, com essa envergadura, um Exame de seleção nacional para o ensino superior, o que a gente quer é um exame que qualifique o desempenho e inclua todos, em que os jovens não percam as vantagens que já obtiveram os resultados do Enem, mas que ao mesmo tempo possa sinalizar para o ensino médio mudanças significativas ou aprofundamento de currículo”.

O que dizem os professores?

O professor de geografia e um dos sócios do curso Os Caras de Pau, Charliton Soares, acredita que o Enem deve trazer abordagens diferentes já na prova de 2017. Por outro lado, o docente projeta que, no próximo ano, as áreas cobradas atualmente serão mantidas em dois dias de provas, sem a necessidade de avaliação específica conforme o interesse de cada fera. Atualmente, os segmentos cobrados são os seguintes: Linguagens, códigos e suas tecnologias, que abrange o conteúdo de Língua Portuguesa (Gramática e Interpretação de Texto), Língua Estrangeira Moderna, Literatura, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação; Matemática e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas tecnologias, que abrange os conteúdos de Química, Física e Biologia; Ciências Humanas e suas tecnologias, que abrange os conteúdos de Geografia, História, Filosofia, Sociologia e conhecimentos gerais.

Para Soares, o Enem deixará de ter questões de cunho social que instiguem o ser pensador, e passará a trabalhar assuntos específicos de todas as matérias cobradas. “Como o Enem é uma prova governamental, e levando em consideração o atual governo de direita, não deveremos ter algo que seja voltado para a reflexão da sociedade. A gente vinha numa pegada de inclusão social, com o passado governo de esquerda. Ainda sobre o próximo ano, ainda não acredito que a prova será dividida em disciplinas escolhidas pelo candidato”, opina o professor.

Já o professor Fernando Beltrão, do curso “Fernandinho e Cia”, entende que é praticamente impossível fazer um prognóstico agora. De acordo com o educador, a forma como o governo lançou o novo ensino médio é cheia de dúvidas e ainda não traz ações claras e concretas que possam basear as escolas e cursinhos preparatórios que trabalham para o Enem. Beltrão orienta que os candidatos continuem estudando pensando no atual modelo do Enem. “É preciso continuar estudando normalmente. O foco é nas habilidades e competências que o Enem já pede. Eu não vejo motivo para preocupação, porque não há nada de concreto para um curto prazo e nem para longo prazo”, diz o professor.

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