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Polêmica, a prova do Enem, edição 2020, sofreu discussões antes mesmo da sua aplicação. Cronograma alterado e candidatos em desigualdade na preparação são algumas das sérias questões problemáticas que permeiam o Exame, responsável por levar brasileiros à universidade. Somam-se a isso os efeitos da pandemia do novo coronavírus. O especial "Estudante, você também é herói", do LeiaJá, traz, agora, a rotina de quem enfrenta ansiedade e incertezas em busca da aprovação.

Em meio à pandemia do novo coronavírus, estudantes tiveram que se adaptar, de maneira inesperada, ao formato de ensino remoto, para seguir a determinação de isolamento social imposta com o objetivo de evitar a propagação da Covid-19. No entanto, essa mudança pegou os estudantes despreparados para atividades on-line, o também modificou a forma preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

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Entre os quase 5,8 milhões de inscritos confirmados no Enem 2020, está a estudante pernambucana terceiranista Avani Maria da Fonseca, de 18 anos. A adolescente é estudante da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Coronel João Francisco, localizada em São Vicente Ferrer, no Agreste de Pernambuco. Ela já fez a prova duas vezes como treineira e agora tentará uma vaga na universidade no curso de engenharia da computação.

Avani trabalha e estuda, focando na aprovação via Enem. Foto: Cortesia

Natural de Vicência, na Mata Norte, e residente do distrito de Siriji, anexo ao município de São Vicente Férrer, Avani divide o seu tempo, majoritariamente, entre os estudos e o trabalho em uma pizzaria. “De segunda a sexta pela manhã tenho aulas remotas da escola, na parte da tarde ou faço as atividades da escola ou faço massa de pizza (trabalho em uma pequena pizzaria), durante a noite estudo para o vestibular e tenho as aulas da isolada, porém alguns dias estou na pizzaria. No sábado, estudo o que não deu para estudar durante a semana e trabalho, o domingo é meu dia de lazer e de me organizar, mas à noite estou na pizzaria novamente”, conta a jovem.

A jovem teve sua rotina de estudos para o Enem mudada depois da chegada do novo coronavírus. “Antes da pandemia, nas segundas, terças e sextas, eu tinha que estudar três matérias, pois, nas terças e quintas era integral e eu chegava cansada demais para estudar além de uma matéria. Agora posso dividir duas matérias para cada dia”, explica.

Para Avani, as dificuldades em estudar em casa são o barulho e a falta de concentração. Além disso, por não ter o contato direto com professores, a jovem sente dificuldade nas disciplinas de química, história, filosofia e física e convive com a ansiedade e pressão para conseguir tirar uma boa nota do Enem.

A estudante, que tem uma rotina muito corrida, conta que em seu tempo livre gosta de assistir filmes, séries e conversar com sua família, além de tocar violão, que é o seu hobby.

Em relação aos estudos, Avani tem preferências por ambientes em que ela possa se concentrar. Por conta da proximidade com o Enem e do foco nos estudos, a jovem deixou em segundo plano o seu hobby para conseguir se aproveitar melhor o tempo no aprendizado das matérias. “Em um ambiente organizado e silencioso, sem que alguém atrapalhe. Ultimamente, tenho priorizado os estudos e deixado de lado meu hobby”, diz.

No vídeo abaixo, ela conta um pouco do seu dia a dia e as suas expectativas para o Enem e a faculdade. Confira:

Segundo a psicóloga Soraya Matos, o estudo em casa pode contribuir para que o aluno fique ansioso e se sinta pressionado para o Enem por diferentes fatores. No entanto, ter uma rotina com propósito gera uma previsão das atividades, o que pode ajudar a diminuir os fatores negativos que atrapalham o estudo. “Dependendo do perfil de cada estudante, seu histórico de estudos e como enxerga a realidade atual, estudar em casa pode influenciar para que ele fique ansioso e se sinta pressionado para o exame. Sabemos que a ansiedade é um sentimento ligado à preocupação de um futuro que não se controla, medos e um alerta natural do corpo para novos desafios. Sendo assim, havendo uma rotina eleita com sentido de vida, a previsibilidade das atividades contribuirá para minimizar a pressão, por consequência a própria ansiedade”, conta.

Sobre como o estudante que está se preparando para o Enem deve se comportar diante da situação de isolamento social Soraya diz que deve haver um aprendizado para que eles são se tornem reféns da pressão e da ansiedade. “Aprendendo com tudo isso, considerando o estudo a grande oportunidade de treino para desenvolver recursos rumo à aprovação. Outros caminhos são  procurar se desafiar com atividades em família, recompensas pelas metas concluídas, anotar a performance do dia, celebrar as pequenas conquistas, construir o diário da gratidão. Eles servem para preencher o vazio da ordem racional. Perguntas como: ‘o que consigo fazer quando não quero estudar?’, ‘O que me estabiliza?’, ‘O que faço com meu tempo quando não consigo estudar?’ são valorosas na realidade atípica que estamos vivendo”, continua ela.

De acordo com Soraya, se o estudante já estiver sofrendo de ansiedade e se sentindo pressionado, o que ele deve fazer para reverter esse quadro e não prejudicar a sua preparação para o Enem é buscar a ajuda de profissionais requisitados para tratar dessas questões.

Sobre como está sendo a preparação dos feras para o Enem nesse período de pandemia, o professor de redação Diogo Xavier conta que muitos estudantes ainda têm dificuldade devido à questão estrutural, pois os recursos disponíveis a eles acabam sendo falhos e não suprem totalmente as necessidades na hora do estudo. “É um período difícil e de constante adaptação. Muitos jovens ainda têm dificuldade por causa da estrutura: não ter espaço exclusivo para estudar, problema com internet, celular travando… Diante disso, a maioria está fazendo o possível dentro das limitações para dar o seu melhor”, explica o professor.

Segundo Xavier, no atual cenário de isolamento social em que os estudantes têm que estudar em casa, a principal dificuldade, no caso da disciplina de redação, é que os feras não conseguem interagir no modelo de ensino a distância da mesma forma como desenvolveriam presencialmente. “No caso da redação, a dificuldade maior é que muitos não conseguem interagir na aula remota como fariam em sala de aula, deixando dúvidas por tirar, especialmente na análise de textos e discussão de tema. Então é natural uma queda de rendimento, variando de aluno para aluno”, afirma o docente.

Diogo dá, ainda, uma dica valiosa para que os feras tenham o melhor rendimento possível estudando em casa em casa e não deixem a ansiedade e a pressão atrapalhá-los nesse período de preparação para o Exame. “O principal é planejar. Fazer um cronograma de estudos e tentar manter uma rotina é a forma mais eficiente de potencializar o rendimento. Nem todo dia será possível manter o máximo de produtividade, mas equilibrar os momentos de foco e algumas flexibilizações e ‘respiros’ pode ajudar”, informa o professor.

Confira, abaixo, as demais matérias do especial “Estudante, você também é herói”. Nossos repórteres mostram as rotinas de alunos, da educação infantil à pós-graduação, durante a pandemia do novo coronavírus:

--> Pequenos 'grandes' estudantes e o ensino remoto

--> A perseverança de Ana e o carinho pela pedagogia

--> Pós-graduação sofre os efeitos da Covid-19

--> Formatura mais cedo: estudantes trocam aulas por hospitais

--> O que o futuro reserva para os estudantes após a pandemia?

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