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O presidente Donald Trump iniciou uma cruzada contra o voto por correspondência nos últimos meses, questionando a legitimidade da eleição. Muitos republicanos, porém, temem que o presidente possa desestimular seu próprio eleitorado a participar por acreditar que o sistema não é confiável.

Na segunda-feira, 24, Trump abriu a convenção republicana acusando os democratas de tentarem "roubar as eleições", em um novo ataque ao voto a distância. Parte das críticas é fundada em informações falsas sobre o voto por correio e é repetida por outros republicanos.

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O descolamento entre o discurso de apoiadores de Trump sobre o voto por correio e a estratégia do partido é entendida por analistas como um ato desesperado do presidente para deslegitimar o processo eleitoral diante do crescimento de Joe Biden.

A vitória do presidente parece ser possível apenas no colégio eleitoral, como em 2016. Com o aumento da pressão de Trump, cresceu também a especulação sobre se o presidente aceitará o resultado da eleição.

Além disso, entre especialistas, não é consenso que o voto por correspondência prejudique os democratas. O estatístico Nate Silver, do site Five Thirty Eight, afirma que é possível que uma maior quantidade de votos enviados por democratas pelo correio seja anulada, mas por outro lado o método também faz com que mais democratas votem. Além disso, negros e latinos, que tendem a votar nos democratas, não são tão adeptos do voto pelo correio.

A revista The Economist tentou quantificar o efeito do aumento do voto postal na eleição deste ano, considerando a frequência dos eleitores no uso do voto pelo correio e a taxa de rejeição das cédulas. O risco de que o voto seja descartado quando enviado pelo correio aumenta, pois os eleitores precisam preencher corretamente as cédulas e enviar respeitando prazos determinados.

Nas primárias em Nova York neste ano, o aumento do voto pelo correio fez com que muitas cédulas não chegassem a tempo e outras tivessem uma série de falhas técnicas. O levantamento concluiu que democratas seriam mais prejudicados. Biden poderia perder 0,6 ponto porcentual.

Em uma eleição realizada em meio à pandemia, o voto a distância será crucial. Em 2016, 24% votaram por correspondência. Neste ano, o número deve crescer para 39%, segundo o Pew Research Centre. Os dados variam entre republicanos e democratas. Enquanto mais da metade dos eleitores de Joe Biden preferem o voto pelo correio, o número cai para cerca de 10% entre os apoiadores de Trump.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A convenção do Partido Republicano, que começa nesta segunda (24) e oficializa a candidatura de Donald Trump à reeleição, terá aliados e parentes do presidente. Na lista de convidados com discursos confirmados, anunciada neste domingo (23) constam os três filhos - Don Jr., Eric e Ivanka Trump -, além de personalidades do conservadorismo americano, como Nikki Haley, ex-embaixadora dos EUA na ONU, e Mike Pompeo, secretário de Estado.

Diferentemente da convenção democrata, encerrada na semana passada, nenhum dos ex-presidentes ou candidatos presidenciais do Partido Republicano foi convidado para participar do evento. Ficaram de fora o ex-presidente George W. Bush, além de Mitt Romney, candidato republicano em 2012 - ambos desafetos de Trump.

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Também ausentes estão vários senadores que enfrentam as urnas em novembro, incluindo Susan Collins (Maine), Cory Gardner (Colorado), Martha McSally (Arizona) e Thom Tillis (Carolina do Norte), todos de Estados nos quais o democrata Joe Biden lidera a disputa, segundo pesquisas, e teriam assumido um risco calculado de não participar do evento.

Uma das preocupações da equipe do presidente, ao montar a lista de oradores, foi desfazer a imagem ruim de Trump entre os eleitores negros. Para isso, a Casa Branca escalou Tim Scott, único senador negro do partido, e Ben Carson, secretário de Desenvolvimento Urbano.

Entre as presenças mais esperadas está a do casal Mark e Patricia McCloskey. Os dois foram flagrados em vídeo apontando armas para manifestantes na cidade de St. Louis. A presença deles na convenção indica que Trump deve manter o apelo a sua base radical de eleitores conservadores.

O estudante Nicholas Sandmann também foi convidado e fará um discurso em apoio ao presidente. Sandmann ficou conhecido por processar - e vencer nos tribunais - vários veículos de imprensa pela cobertura de uma controversa que ele teve com um descendente indígena em Washington. Desde então, virou um símbolo de como a imprensa progressista, segundo a Casa Branca, caracteriza os conservadores nos EUA.

Trump chega à convenção bem atrás do rival Joe Biden, segundo pesquisas. A diferença é de 7,6 pontos porcentuais (50% a 42,4%) em favor do democrata, segundo a média calculada pelo site Real Clear Politics, e de 8,6 pontos porcentuais (51,4% a 42,2%), de acordo com o site Five Thirty Eight. A diferença caiu um pouco desde julho, quando passou de 10 pontos porcentuais, mas continua sólida no mesmo patamar.

Gravações

Ontem, o presidente ganhou mais um problema às véspras do início da convenção. Maryanne Trump Barry, irmã mais velha de Trump, criticou seu irmão numa série de gravações divulgadas no fim de semana pelo Washington Post. Maryanne, ex-juíza federal, de 83 anos, disse que o irmão é "mentiroso" e "não tem princípios". "O que ele quer é apelar para sua base de eleitores", disse a irmã do presidente americano.

Maryanne foi gravada secretamente pela sua sobrinha, Mary Trump, que recentemente lançou um livro sobre o tio. Em pouco tempo, a obra Too Much and Never Enough ("Demais e nunca o suficiente", em tradução livre) entrou na lista de best-sellers dos EUA. As gravações, segundo Mary, foram feitas entre 2018 e 2019. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Michigan tornou-se um símbolo de como Donald Trump ganhou de Hillary Clinton em 2016. O republicano teve cerca de 10 mil eleitores a mais no Estado, o suficiente para ganhar os 16 delegados da região no Colégio Eleitoral. Com vitórias também nos Estados vizinhos do chamado Cinturão da Ferrugem, Trump tornou-se presidente apesar de ter 3 milhões de votos a menos do que a democrata. Nos últimos meses, Michigan tem afastado o presidente da reeleição ao se tornar um microcosmo da escalada de crises social, de saúde e econômica nos EUA.

A taxa de mortes por Covid-19 é das mais altas do país, o índice de desemprego é o terceiro pior, o isolamento social e o uso de máscara racharam a população a ponto de provocar protesto armado e uma morte. O racismo foi escancarado na pandemia, as manifestações após a morte de George Floyd chegaram a cidades conservadoras e a reabertura econômica precisou ser revista na semana passada.

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Michigan é crucial para a vitória eleitoral em novembro, seja de Trump ou de Joe Biden. A fotografia captada pelas pesquisas mais recentes mostra que a turbulência acima da média nacional e a opção de Trump pelo radicalismo na resposta às crises têm pavimentado o caminho para Biden, que saiu de uma vantagem de 3 pontos porcentuais em Michigan em abril para 9,7 pontos.

"Para uma área conservadora, ver as manifestações do Black Lives Matter na cidade de Grand Rapids, com muitas pessoas brancas, foi surpreendente. O clima mudou. As pessoas estão abertas a uma linha muito mais moderada do que a que o presidente tem adotado como resposta aos protestos", diz Gary Stark, presidente do comitê democrata de Kent County.

No oeste do Estado, Grand Rapids é a maior cidade de Kent County, um distrito que era considerado território seguro para os republicanos até a eleição de Barack Obama em 2008. Em 2016, Trump recebeu 48% dos votos e Hillary, 45% - uma diferença de 9,5 mil eleitores. A campanha de Biden aposta no maior comparecimento do eleitorado de alta escolaridade dos subúrbios e dos jovens, impulsionados pelo sentimento anti-Trump.

Quem visita Grand Rapids recebe como recomendação dos moradores locais ir ao Museu Presidencial Gerald Ford. O fato de o 38.º presidente americano ter crescido na cidade é motivo de orgulho entre eleitores de qualquer espectro político. Republicano, Ford assumiu depois da renúncia de Richard Nixon em meio ao escândalo Watergate e ficou conhecido como um líder moderado. No museu, a palavra "bipartidário" está gravada em relevo em uma das paredes.

A cidade passou a ser identificada como a terra dos republicanos moderados - que não são a base fiel de apoio de Trump, especialmente quando o presidente decide radicalizar o discurso.

Alguns sinais dão esperança aos democratas. Nas eleições de 2018, a maioria dos eleitores de Kent County votou na democrata Gretchen Whitmer para o governo estadual. No ano seguinte, o deputado republicano Justin Amash, que representa o condado na Câmara, rompeu com Trump e se tornou independente. Esta será a primeira eleição presidencial em que o voto por correio está autorizado no Estado sem necessidade de justificativa - um pleito dos democratas durante a pandemia.

Dos 538 delegados do Colégio Eleitoral, cerca de 100 estão em disputa. Biden tem mais de 50% das intenções de voto em três dos Estados relevantes: Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, segundo a média calculada pelo site FiveThirtyEight, que agrega as pesquisas eleitorais. Hillary liderava também nestes três Estados em 2016, mas nunca cruzou a marca de mais da metade das intenções de voto.

Para o escritor e ativista social Yusef Shakur, que vive em Detroit, do outro lado do Estado, os protestos após a morte de George Floyd foram uma "explosão" de demandas da população negra. Michigan foi um dos primeiros Estados a ter dados que mostraram que a letalidade da covid-19 é desproporcionalmente maior entre negros. Os cidadãos negros representam 14% da população de Michigan, mas 40% dos mortos pela doença. A antiga capital mundial do carro, que entrou em concordata em 2013 e virou símbolo da destruição do sonho americano, passou a viver nos últimos anos um renascimento. As ruas do centro de Detroit têm tapumes de grandes obras de complexos comerciais ou ruínas de prédios abandonados.

"A maioria branca está querendo ir ao bar, ao restaurante, à barbearia. Enquanto isso, em Detroit, nós (negros) estamos lutando pela vida, contra o coronavírus e contra o assassinato policial", afirma Shakur.

Em 2016, o republicano venceu no Cinturão da Ferrugem ao prometer restrições à imigração para proteger empregos dos americanos. A crise econômica que atinge o país coloca em xeque o discurso antigo, mas Trump tem tentado reduzir o tamanho do problema. "A economia americana está voltando à vida como nunca se viu antes", afirmou o presidente nesta semana quando a taxa de desemprego caiu de 14,7% em maio para 11,1% em junho.

Mas os dados ainda são ruins: mais de 7 milhões de americanos declararam em junho que gostariam de estar no mercado de trabalho e não estão. Em Michigan, a taxa de desemprego, de 21,2% em maio, é a terceira pior do país. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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