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A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) decidiu, nesta quarta-feira, 10, manter a prisão preventiva do empresário Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, condenado na Operação Lava Jato e que perdeu os benefícios da delação premiada após admitir que tinha mentido em seu depoimento perante o juiz da Lava Jato Sérgio Moro. O habeas corpus já havia sido negado liminarmente pelo desembargador federal João Pedro Gebran Neto no início de julho.

Moura foi condenado a 16 anos e 2 meses de prisão na Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. O réu, que havia sido solto após firmar acordo de delação premiada, voltou a ser detido em maio deste ano, depois de apresentar versões conflitantes em seu depoimento.

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A defesa argumentou que a regra geral é a soltura do réu após a sentença para que possa recorrer em liberdade. Alegou ainda que a quebra do acordo de delação não justifica a decretação de prisão e que Moura está tentando repatriar R$ 5 milhões, conforme acordado.

Segundo Gebran, a situação que levou à prisão preventiva não foi alterada, permanecendo o risco à ordem pública. Para o desembargador, a quebra do acordo pelo réu autoriza o retorno ao contexto inicial.

"Rompido o pacto, não mais subsistem obrigações ou direitos dele decorrentes", observou o magistrado.

"Não pode passar despercebido que o acordo foi revogado por fato imputado ao próprio paciente, que faltou com a verdade em três oportunidades, deixando dúvidas se pretende inclusive se submeter à condenação imposta pela 13ª Vara Federal de Curitiba", afirmou Gebran.

O desembargador frisou que os valores recebidos por Moura a título de propina ainda não foram recuperados. "Ora, a não recuperação de tais valores põe em risco a aplicação da lei penal. Fica claro que o condenado possui condições financeiras de furtar-se à medida punitiva", avaliou.

Mentira

Preso na Lava Jato em agosto de 2015, durante a Operação Pixuleco, Moura fez acordo de delação premiada e foi solto. Ele comprometeu-se, na ocasião, a revelar o envolvimento do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula) no esquema de propinas instalado na Petrobras.

Como apresentou versões conflitantes, Moura perdeu os benefícios da delação. Ao condenar Dirceu a 23 anos e 3 meses de prisão, o juiz da Lava Jato também impôs ao delator uma pena de 16 anos e 2 meses e restabeleceu a ordem de prisão preventiva contra o empresário.

Na sentença, o juiz Sérgio Moro destacou que "as idas e vindas dos depoimentos de Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, impactaram de forma irrecuperável a sua credibilidade"

"Como um colaborador sem credibilidade nada de fato colabora, deve ser negado a ele, posição esta também do Ministério Público Federal, qualquer benefício de redução de pena. Agregue-se que sua colaboração consistia basicamente em seus depoimentos, pois ele não providenciou elementos probatórios materiais de suas alegações", assinalou o juiz.

"Como seus depoimentos não servem como elemento probatório em decorrência de seu comportamento processual, não tem direito a qualquer benefício. Não faz diferença a prometida indenização do dano decorrente do crime, pois até o momento, trata-se de mera promessa, além do que ela, por si só, não autorizaria a concessão dos benefícios da colaboração premiada."

O magistrado apontou ainda. "Não se trata de tratamento severo, pois o colaborador que mente, além de comprometer seu acordo, coloca em risco a integridade da Justiça e a segurança de terceiros que podem ser incriminados indevidamente."

A Polícia Federal prendeu onesta quarta-feira, 18, o empresário Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura por ordem do juiz Sérgio Moro. Detido na Lava Jato em agosto de 2015, durante a Operação Pixuleco, Moura fez acordo de delação premiada e foi solto. Ele se comprometeu, na ocasião, a revelar o envolvimento do ex-ministro José Dirceu no esquema de corrupção instalado na Petrobras.

Como apresentou versões conflitantes, Moura perdeu os benefícios da delação. Na quarta, ao condenar José Dirceu a 23 anos e três meses de prisão, o juiz da Lava Jato também impôs ao delator uma pena de 16 anos e dois meses e restabeleceu a ordem de prisão preventiva contra o empresário.

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Na sentença, Moro destacou que "as idas e vindas dos depoimentos de Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura impactaram de forma irrecuperável a sua credibilidade".

'Sem credibilidade'

"Como um colaborador sem credibilidade nada de fato colabora, deve ser negado a ele, posição esta também do Ministério Público Federal, qualquer benefício de redução de pena. Agregue-se que sua colaboração consistia basicamente em seus depoimentos, pois ele não providenciou elementos probatórios materiais de suas alegações", assinalou o juiz Moro.

De acordo com o juiz, os depoimento de Moura "não servem como elemento probatório em decorrência de seu comportamento processual" e, portanto, o delator "não tem direito a qualquer benefício". "Não faz diferença a prometida indenização do dano decorrente do crime, pois, até o momento, trata-se de mera promessa, além do que ela, por si só, não autorizaria a concessão dos benefícios da colaboração premiada."

Moro afirmou que "o colaborador que mente, além de comprometer seu acordo, coloca em risco a integridade da Justiça e a segurança de terceiros que podem ser incriminados indevidamente." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que vai "interpelar" Fernando Moura por citar seu nome em delação premiada. Moura disse que Aécio recebia "um terço" da propina desviada da estatal de Furnas. De acordo com o senador, esta é uma tentativa de "envolver o PSDB e o meu nome nos escândalos investigados pela operação Lava Jato".

"Estou sendo alvo de declarações criminosas feitas por réus confessos e que se limitam a lançar suspeições absurdas, sem qualquer tipo de sustentação que não a afirmação de que 'ouviu dizer'", afirmou Aécio.

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Para ele, as declarações são feitas sem indícios ou provas e perdem credibilidade pelas incorreções que são apontadas nos depoimentos de Fernando Moura. "Chama atenção as inúmeras contradições em que ele tem incorrido e que vêm sendo tratadas pela imprensa."

Ainda segundo o senador Aécio, o depoimento é uma tentativa de afastar os holofotes da crise política vivenciada pelo PT. "É parte de uma estratégia que busca unicamente diminuir a enorme dimensão dos graves crimes cometidos pelo PT e seus aliados."

O lobista e empresário ligado ao PT Fernando Moura vai incluir em sua delação premiada, ainda em curso, outros nomes supostamente relacionados ao ex-secretário geral do PT Silvinho Pereira. Em seu depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, na quarta-feira, 3, Moura atribuiu a Silvinho participação na montagem do esquema de indicações para as diretorias estratégicas da Petrobras, no início de 2003, e na distribuição de propinas a empresários e dirigentes da estatal petrolífera. Em um trecho do interrogatório, o juiz Moro questionou o delator sobre Silvinho e a distribuição de propinas.

"E para o sr. Silvio, (ele) também recebia esses pagamentos? Uma parte para ele?", indagou o juiz da Operação Lava Jato. "Com certeza", respondeu Fernando Moura. "Por que o sr. diz isso?", insistiu o magistrado.

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"Porque uma oportunidade peguei 600 mil reais na casa do Silvio que ele tinha recebido da GDK e me pediu para entregar para uma outra pessoa", disse o empresário delator. "Quem seria?", perguntou Sérgio Moro. "Seria o André Bittar." "Quem é André Bittar?" "Não consta ainda da minha delação, era um amigo do Silvio."

Mais adiante, o juiz voltou a questionar o delator sobre a origem dos R$ 600 mil. "Esses 600 mil que o sr. mencionou o que era?" "Ele (Silvinho) falou que tinha recebido do César da GDK." "Em decorrência de algum contrato da PetrobrAs?", perguntou o juiz. "Eu não sei, não posso informar o sr."

A reportagem não conseguiu contato com Silvinho Pereira nem com a GDK. A defesa de Fernando Moura não atendeu ligação do JORNAL "o Estado de S. Paulo".

O Ministério Público Federal requereu nessa quinta-feira (28), ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, que ordene novo interrogatório do delator Fernando Moura, empresário ligado ao PT e amigo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A Procuradoria alega "flagrante contradição" no depoimento que ele prestou na sexta-feira passada em relação a um trecho de sua colaboração premiada, firmada em agosto do ano passado.

Moura aproveitou o depoimento da sexta-feira para fazer novas afirmações que favorecem o ex-ministro. Ele mudou sua versão sobre suposta orientação de Dirceu para que ele deixasse o País no auge do mensalão e disse que o responsável pelas indicações do PT para a Petrobras era Silvio Pereira, ex-secretário-geral do partido. Afirmou, ainda, que nunca participou do repasse de valores para Dirceu. "Nada. Eu nunca negociei com o Zé, direto, de dinheiro, de nada", disse Moura.

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O pedido do Ministério Público Federal é subscrito por 11 procuradores da força-tarefa da Lava Jato. Eles destacam "a prova falsa produzida por Fernando Moura em juízo". Ontem, Moura foi ouvido pelos procuradores e confessou "ter mentido" para Moro. Com isso, ele tenta salvar os benefícios que poderia ter como colaborador da Lava Jato. Os procuradores entregaram ao juiz o depoimento gravado do empresário.

Moura alegou que mentiu por ter se sentido vítima de uma "ameaça velada". "Saí do despachante, uma pessoa me abordou: Oi, tudo bem? Como estão seus netos no Sul. Fiquei completamente transtornado", afirmou Moura, que chegou a cogitar mudar todo o seu depoimento, mas não citou nomes.

Divergências

O trecho dos relatos de Moura que irritou os procuradores é relativo ao motivo de sua saída do País, em 2005, supostamente por sugestão de Dirceu - réu e preso da Lava Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Na delação que firmou para se ver livre da prisão, o empresário afirmou em agosto de 2015 que "resolveu se mudar para Paris após receber a 'dica' de José Dirceu para 'cair fora'".

Na sexta-feira, em audiência no processo em que é réu, Moura deu versão diferente. Moro perguntou: "O sr. mencionou que na época do mensalão deixou o País por qual motivo?". O delator respondeu: "Eu deixei o pa… aí nessa declaração, até aí que depois que eu assinei que eu fui ler, eu disse que foi o Zé Dirceu que me orientou a isso. Não foi esse o caso. Eu, eu saí, porque saiu uma reportagem minha na Veja, em março de 2005."

Moro lembrou ao empresário que, na delação, ele deu aquela versão, atribuindo a Dirceu a ideia de deixar o País. "Falei isso?", questionou Moura. "Falou", disse Moro. "Assinei isso?", perguntou o empresário, rindo. "Devem ter preenchido um pouquinho mais do que eu tinha falado. Mas, se eu falei, eu concordo." "Não, não é assim que a coisa funciona", repreendeu Moro. "Se eu falo e depois é colocado no papel, eu nem leio. Eu até pergunto para o advogado, 'é isso aqui?'", afirmou.

Para investigar a contradição, os procuradores abriram "procedimento de apuração de violação de acordo de colaboração premiada". "Todos os fatos revelados por ocasião da colheita desses termos de colaboração no dia 28 de agosto de 2015 são verdadeiros, ao contrário do que foi dito por ele em seu interrogatório judicial."

Para os procuradores, "a contradição entre as informações prestadas pelo colaborador no anexo de seu acordo com as declarações que foram prestadas em juízo é evidente". Eles sugerem que Moura seja ouvido novamente hoje, mesmo dia do depoimento de Dirceu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dos delatores da Operação Lava Jato, Fernando Moura, ligado ao PT e ao ex-deputado e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (governo Luiz Inácio Lula da Silva), foi solto nesta segunda-feira, 2, às 8 horas, por decisão da Justiça. A soltura foi confirmada pela Polícia Federal (PF). Moura foi preso com Dirceu na Operação Pixuleco, desdobramento da Lava Jato, deflagrada em 3 de agosto.

Em troca de benefícios da Justiça, Moura fez delação premiada e revelou detalhes do esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. No fim de setembro, o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, homologou a delação de Moura. A força-tarefa da Lava Jato chegou ao nome de Moura a partir da delação do lobista Milton Pascowitch, que atuava para a Engevix e usava a própria empresa, Jamp Engenheiros, para lavagem de dinheiro de propina, de acordo com a operação.

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No depoimento, Pascowitch relatou ter conhecido Moura depois de a Engevix ter vencido uma licitação da estatal para a expansão do terminal do gasoduto de Cacimbas 2, em 2004, no valor de R$ 1,3 bilhão. Na delação premiada, Moura disse que participou de campanhas eleitorais do PT e citou, em especial, a de 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito pela primeira vez.

O papel de Moura era organizar eventos e levantar fundos. De acordo com ele, como auxiliar do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira, ajudou a montar a equipe de governo ao entrevistar indicados do partido. O lobista afirmou que propina supostamente paga pela empresa Hope Recursos Humanos foi destinada a campanhas da legenda nas eleições municipais em 2004. Segundo o empresário, 2% do contrato entre Hope e petroleira iam para o diretórios regionais da sigla e 1% ia para ele mesmo.

Petrobras

Moura declarou na delação que recebeu pagamentos de US$ 10 mil mensais pela indicação, em 2003, do engenheiro Renato Duque à diretoria de Serviços da petrolífera. Entre 2004 e 2012, o setor foi comandado por Duque - apontado como braço da agremiação na Petrobras. A unidade é estratégica na estatal e transformou-se num dos maiores focos de corrupção e propinas desmantelado pela Lava Jato.

Em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, o empresário Fernando Moura, apontado como lobista do PT na Petrobras e amigo do ex-ministro José Dirceu, revelou que propina supostamente paga por uma empresa de recursos humanos foi destinada a campanhas do partido nas eleições municipais em 2004.

Segundo o empresário, 2% do contrato entre a empresa e a Petrobras iam para diretórios regionais da legenda e 1% para ele próprio. Moura foi preso no dia 3 de agosto na 17ª fase da Lava Jato, que pegou também o ex-ministro Dirceu. Em troca de benefícios, o empresário fechou acordo de delação premiada, homologado anteontem pelo juiz federal Sérgio Moro.

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O empresário citou o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira. "A parte do dinheiro destinada ao Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores era entregue em espécie e depois era distribuída para as campanhas; que o declarante chegou a voar com Silvio Pereira para levar dinheiro para as campanhas municipais; que nessa viagem Silvio entregou quantias em espécie para representantes dos Diretórios Regionais do Rio de Janeiro, de Vitória e de Fortaleza; que o dinheiro nunca ia direto das empresas para os Diretórios Regionais, eram operações distintas", declarou Moura.

Ele afirmou que participou de campanhas eleitorais do PT e citou, em especial a de 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito. Seu papel era organizar eventos e levantar fundos. Segundo ele, como auxiliar de Silvio Pereira, ajudou a montar a equipe de governo entrevistando indicados do partido.

Ele declarou que recebeu pagamentos de US$ 10 mil mensais pela indicação, em 2003, do engenheiro Renato Duque à diretoria de Serviços da Petrobrás. "Recebia uma 'recompensa' pela indicação de Renato Duque de US$ 10 mil mensais", afirmou.

A reportagem não conseguiu contato na terça-feira, 22, com Silvio Pereira. Para a defesa de Dirceu, a delação de Moura "só confirma que o ex-ministro não foi responsável pela indicação" de Duque.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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