Tópicos | Fundo de Participação dos Municípios

Em Pernambuco, 45% (82) dos municípios de 181 que enviaram dados ao Siconfi, da Secretaria do Tesouro Nacional, encerraram o primeiro semestre de 2023 com déficit, ou seja, com a receita comprometida. Em 2022, no mesmo período, eram 19 (10% dos respondentes). Os dados são da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que informaram, ainda, que 51% dos municípios de todo o país encerraram os primeiros seis meses na mesma situação. 

A queda nos rendimentos acontece após cortes e atrasos nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que tem sido pauta em Brasília, frente à apreciação da reforma tributária. De acordo com a CNM, a cada R$ 100 arrecadados em Pernambuco, R$ 94 foram destinados ao pagamento de pessoal e custeio da máquina pública. 

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O FPM consiste em uma transferência feita três vezes ao mês pela União às administrações municipais, e é composto de 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 

“Estamos em diálogo com as autoridades em Brasília e já alertamos. Muitos não veem o que está acontecendo na ponta, mas o problema é grave. Isso é também resultado de despesas criadas no Congresso e pelo governo federal sem previsão de receitas, como os pisos nacionais, caindo toda a demanda no colo dos municípios”, avalia o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. 

Entre as despesas que oneram os cofres das prefeituras pernambucanas estão, por exemplo, recomposições salariais de servidores municipais, o impacto de reajuste do piso do magistério, que, se concedido como foi imposto pela União, soma R$ 998,8 milhões e o atraso no pagamento de emendas parlamentares. A redução em emendas de custeio – do primeiro semestre de 2022 para o mesmo período de 2023 – é de quase 76%, passando de R$ 631 milhões para R$ 150,4 milhões. No total de emendas, a queda foi de R$ 758,7 milhões para R$ 279,7 milhões para o estado. 

Enquanto as despesas de custeio tiveram aumento de 23,1%, o Fundo de Participação dos Municípios apresenta mais decêndios menores do que o mesmo período de 2022. No primeiro decêndio de julho, por exemplo, houve uma queda brusca de 34,49% no repasse. Em agosto, a queda foi de 23,56%, explicada por uma redução na arrecadação de Imposto de Renda e um lote maior de restituição por parte da Receita Federal. 

Além disso, os gestores de Pernambuco enfrentam o represamento de 57,9 milhões de procedimentos ambulatoriais e 199,2 mil procedimentos hospitalares durante a pandemia, sendo necessários R$ 953,1 milhões para equacionar a demanda; 200 programas federais com defasagens que chegam a 100%; 271 obras paradas e abandonadas por falta de recursos da União; e obras concluídas com mais de R$ 509,4 milhões em recursos próprios sem repasse do governo federal. 

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Entre a terça-feira (29) e esta quarta-feira (30), centenas de municípios brasileiros aderiram a um protesto que condena o cenário de governabilidade atual das cidades. Frente à discussão da reforma tributária, um tópico tem destaque para as gestões municipais: o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que foi alvo de cortes orçamentários e atrasos nos repasses. De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 51% das cidades brasileiras estão no vermelho e estão com dificuldade de custear os serviços públicos.  

A crise no Executivo municipal foi exposta pela CNM em Brasília, nos últimos dias 15 e 16 de agosto, na presença de mais de dois mil prefeitos. O órgão alega que, além da queda nas receitas do FPM e do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), houve atrasos no pagamento de emendas parlamentares federais, e aumento das despesas de pessoal, custeio e investimentos. 

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“O FPM, principal receita de quase sete em cada dez municípios, apresentou em 2023 mais decêndios menores do que os mesmos períodos em 2022. No dia 10 de julho deste ano, houve uma queda brusca de 34,49% no repasse. Em agosto, a queda foi de 23,56%. Outra importante receita, a cota-parte do ICMS, afetada pela Lei Complementar 194/2022, recuou 4,5%. Os municípios também enfrentam atraso no pagamento de emendas parlamentares. A queda em emendas de custeio no primeiro semestre de 2023 em comparação a 2022 foi de quase 73%, passando de R$ 10,43 bilhões para R$ 2,80 bilhões”, informa o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. 

Entre as medidas que podem amenizar a crise, a CNM sugeriu o aumento do FPM em 1,5% (PEC 25/2022); a redução da alíquota patronal do INSS para 8%; a recomposição do ICMS (PLP 94/2023); a atualização dos programas federais defasados (PEC 14/2023); e a ampliação da Reforma da Previdência para os Municípios (PEC 38/2023). Confira o restante do manifesto: 

"São 200 programas federais com defasagens que chegam a 100%; crescimento de 21,2% das despesas de custeio; 1,1 bilhão de procedimentos ambulatoriais; e 4,3 milhões de procedimentos hospitalares represados durante a pandemia, sendo necessários R$ 17,2 bilhões para equacionar a demanda; mais de 5,4 mil obras paradas e abandonadas por falta de recursos da União; e R$ 7,4 bilhões investidos com recursos próprios para finalizar obras sem repasse da União. 

O cenário é crítico e deve se agravar com decisões recentes, como o novo critério de atualização do salário-mínimo e a decisão do Supremo Tribunal Federal que torna obrigatória a oferta de vagas em creches, com impacto de mais de R$ 100 bilhões aos Municípios. Vemos ainda a possibilidade de inclusão dos gastos com pessoal das Organizações Sociais nos limites de gasto de pessoal, que causará extrapolação do estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal, com rejeição de contas, multas e inexigibilidade de prefeitos; novos pisos avançando no Congresso sem a definição de como serão financiados; e centenas de medidas que são definidas sem ouvir os Municípios, mas que os atingem diretamente e ferem a autonomia municipal prevista em Constituição".

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Em um novo aceno a prefeitos às vésperas do início oficial da campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira (3), via Secretaria de Relações Institucionais, que irá aumentar o porcentual de participação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em 1 ponto.

Trata-se de uma antiga reivindicação dos mais de cinco mil prefeitos do País, peças importantes em qualquer processo eleitoral. Há tempos, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) reivindicava um aumento de dois pontos percentuais na fatia da arrecadação destinada ao FPM, a compensação e reposição das perdas por desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o reajuste dos valores destinados a programas federais, como a manutenção de creches e o pagamento de profissionais de saúde. Essas negociações prosseguem.

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A expectativa é de que, com a concessão, melhore a relação de Dilma com os prefeitos, que nunca foi boa. Neste ano, por exemplo, ela sequer compareceu à Marcha dos Prefeitos, ao contrário de seus principais adversários nas próximas eleições, Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), que aproveitaram o evento para atacar a administração petista. No ano passado, ela compareceu e foi vaiada.

Questionado pela reportagem se a proximidade da campanha eleitoral havia contribuído para a "sensibilização" do Planalto, o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, respondeu: "Logicamente o processo eleitoral aguça muito essas questões e todo mundo fica muito mais sensível a essas questões."E completou:"Mesmo que 1 ponto porcentual seja pouco, há uma boa vontade, o governo está cedendo e isso já é importante", afirmou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. "O importante é que houve boa vontade do governo de atender parte das reivindicações. O governo não foi cego ou insensível de não aceitar nada. Estamos conversando."

O Palácio do Planalto pretende fazer o aumento em duas parcelas de 0,5 ponto porcentual - a primeira, em 2015 e a segunda, em 2016. Nas contas do governo, a mudança vai destinar R$ 3,8 bilhões adicionais a prefeituras do Brasil inteiro até 2016. O FPM é uma transferência prevista na própria Constituição, da União para os municípios, atualmente correspondente a 23,5% das receitas de IPI e imposto de renda.

Cerca de três mil dos 5.565 prefeitos do País devem se encontrar nesta terça-feira (13), em Brasília, em uma mobilização para sensibilizar a presidente Dilma Rousseff para a crise financeira dos municípios diante da queda de arrecadação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), motivada pela isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automobilística e de linha branca.

Os prefeitos querem um bônus compensatório para as perdas - como fez o governo Lula em 2008 -, além da sanção presidencial do projeto, já aprovado pela Câmara Federal, que redistribui, de forma mais igualitária, os royalties obtidos com a exploração do petróleo.

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Atingidos pela pior seca registrada nos últimos 50 anos, os municípios localizados no semiárido também vão pregar a adoção de medidas emergenciais para o enfrentamento da estiagem.

Como forma de dar destaque à "situação de falência" em que se encontram os municípios, o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Jandelson Gouveia, lidera uma "greve" de prefeituras, iniciada nesta segunda (12), no Estado, por toda esta semana. Cerca de 100 municípios - do total de 184 - aderiram ao movimento. As portas das prefeituras foram fechadas, com a manutenção apenas de serviços essenciais a exemplo do atendimento à saúde e coleta de lixo. A reposição dos dias parados será feita a partir da próxima segunda-feira (19), com uma hora a mais no expediente.

"A queda do FPM em Pernambuco é de 22% devido à redução de cobrança do IPI", destacou o presidente da Comissão de Desenvolvimento do Agreste Meridional (Codeam), Eudson Catão. Cinquenta por cento do IPI ficam com a União e 50% são repassados aos municípios. Com a redução dos recursos, muitas prefeituras têm dificuldade para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que determina que o pagamento do funcionalismo não exceda os 54% da receita municipal.

"Está muito difícil manter esta equação", destacou Gouveia, ao lembrar que muitos estão atrasando pagamento de salários.

O movimento dá suporte à bandeira levantada pelo governador Eduardo Campos (PSB) logo após o primeiro turno das eleições, em prol de um novo pacto federativo - que dê mais autonomia a Estados e municípios.

O encontro dos prefeitos será no auditório Petrônio Portela, no Senado. A expectativa é de uma audiência com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

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