O furacão Fiona foi elevado para a categoria 4 nesta quarta-feira (21), depois de afetar as Ilhas Turcas e Caicos e provocar mortes, inundações e graves danos materiais em sua passagem por Porto Rico e República Dominicana.
De acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos, os ventos alcançam 210 km/h e Fiona deve atingir as Bermudas na quinta-feira.
O NHC informou que o furacão estava 170 km ao norte de Turcas e Caicos e subiu para a categoria 4, a segunda maior na escala Saffir-Simpson.
"As ondas provocadas por Fiona devem atingir Bermudas na manhã de quinta-feira. O fenômeno pode provocar ondas e correntes que colocam a vida em risco", afirma o boletim mais recente do NHC.
"O furacão Fiona demonstrou que é uma tempestade imprevisível", disse Anya Williams, vice-governadora de Turcas e Caicos. O fenômeno não provocou mortes no território britânico de ultramar.
Até o momento, o furacão deixou cinco mortos: um no território ultramarino francês de Guadalupe, dois em Porto Rico e outros dois na República Dominicana.
O presidente de República Dominicana, Luis Abinader, declarou três províncias do leste como zonas de desastre: La Altagracia, que abriga o popular balneário de Punta Cana; El Seibo; e Hato Mayor.
Fiona afetou residências e causou sérios danos na infraestrutura de serviços básicos deste país de 10,5 milhões de habitantes. As autoridades reportaram nesta terça-feira que mais de 10.000 pessoas foram evacuadas para "áreas seguras" e que cerca de 400.000 estão sem energia elétrica e 1,2 milhão, sem água.
Imagens da imprensa local mostraram os moradores da cidade de Higüey, na costa leste, com a água pela cintura, tentando salvar seus pertences.
"Aconteceu muito rápido", disse Vicente López à AFP, na praia de Puntacanera, em Bibijagua, lamentando a destruição dos estabelecimentos comerciais no local.
- Danos "devastadores" em Porto Rico -
Em Porto Rico, onde o furacão tocou o solo no domingo, o governador Pedro Pierluisi descreveu os danos causados pela tempestade na terça-feira como "devastadores".
"Isso é difícil, há muitos danos e ainda estamos avaliando a extensão dos mesmos", disse em coletiva de imprensa.
Fiona causou deslizamentos de terra, bloqueou estradas e derrubou árvores, linhas de energia e pontes ao passar pela ilha de três milhões de habitantes, território livre associado aos Estados Unidos.
Na tarde de terça-feira, apenas 300.000 pessoas tinham energia elétrica em suas casas após o apagão geral causado pela tempestade no domingo, informaram as autoridades.
E cerca de 760.000 pessoas permaneciam sem água potável em suas casas como resultado de falta de energia e cheia de rios.
Jorge Cintrón, morador de La Parguera, na costa sudoeste do país, sofreu danos materiais em sua casa e em seu negócio, um salão de beleza.
"A experiência foi horrível. Foi muito impressionante sentir os ventos e ver como as coisas foram levantadas", contou à AFP por telefone.
"Destruiu o pátio que eu tinha acabado de reformar. Foi aí que eu chorei, porque depois dos sacrifícios que se faz para ter suas coisas, não é fácil perdê-las. Mas vou me levantar. Se eu tenho minha vida e minha mãe está bem, o resto vem como consequência", disse o homem de 57 anos.
Depois de anos de problemas financeiros e de recessão, em 2017, Porto Rico declarou quebra, a maior já anunciada por uma administração local dos Estados Unidos. Mais tarde, neste mesmo ano, o duplo golpe de dois furacões, Irma e Maria, aprofundou a miséria e devastou a rede elétrica da ilha, que há anos sofre grandes problemas de infraestrutura.
A rede foi privatizada em junho de 2021 em um esforço para resolver a ocorrência de apagões, mas o problema persiste. No início deste ano, por exemplo, toda ilha ficou sem luz.