A Polícia Civil de Porto Alegre concluiu o inquérito que investigava a confusão ocorrida no clássico entre Grêmio e Internacional, no último sábado, no Beira-Rio, e indiciou três torcedores colorados. Após o clássico, que terminou empatado por 1 a 1, uma torcedora e um garoto gremista comemoravam o resultado com uma camisa tricolor quando foram hostilizados por seguidores da equipe da casa.
O incidente ocorreu em um setor destinado à torcida do Inter e funcionários tiveram de intervir para controlar a situação, que aconteceu quando as pessoas deixavam o estádio logo após o duelo válido pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, torcedores do time anfitrião arrancaram a camisa do Grêmio da dupla visitante. O garoto, de apenas seis anos, começou a chorar, enquanto uma colorada agrediu a torcedora gremista com empurrões e tapas violentos.
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Os torcedores indiciados pela Polícia Civil foram identificados por meio de imagens oriundas das câmeras de segurança do Beira-Rio e também através de depoimentos que foram prestados nesta semana. Os nomes dos acusados não foram revelados pelas autoridades nesta sexta-feira.
Entre as pessoas envolvidas está uma sócia do Inter, que foi enquadrada em artigos do Estatuto do Torcedor, por prática de violência física e verbal, e do Código Penal, por injúria. Outro indiciado é um conselheiro do clube, enquadrado no mesmo artigo do Estatuto do Torcedor, mas por incitação de violência, e ele também foi acusado de injúria. Por fim, um terceiro colorado foi enquadrado no Código Penal por ofensas verbais.
O caso mais grave é relacionado à mulher que é sócia do Inter, pois ela aparece empurrando a torcedora do Grêmio Taís Dias, de 38 anos. Em caso de condenação, a colorada pode ser condenada a uma pena de um a dois anos de reclusão e multa, segundo prevê o artigo 41-B do Estatuto do Torcedor, no qual a sócia e o conselheiro foram enquadrados. Já pelo artigo 140 do Código Penal, que os três indiciados são acusados de infringir, a sentença pode variar de um a seis meses de detenção ou multa.
Concluído, o inquérito já foi enviado ao Ministério Público, cuja Promotoria pode dar três destinos para o caso: oferecer denúncia contra os indiciados, solicitar mais investigações à Policia ou até pedir pelo arquivamento do processo.
"Esperamos que este fato sirva de exemplo de como não se portar em um evento desta magnitude e que possamos evoluir para a pacificação dos estádios", afirmou o delegado Miguel Mendes Ribeiro Neto, em entrevista coletiva nesta sexta-feira, na qual os indiciamentos dos três torcedores do Inter foram confirmados.
Em entrevista concedida ao Estado nesta semana, a torcedora gremista Taís Dias lamentou a reação extrema contra ela no último sábado. "Era uma fúria. Era um transtorno total. Ela (sócia do Inter) me chamava de sem vergonha, louca e outros palavrões", lamentou.
A gremista esclareceu que tentou acompanhar a partida no setor destinado para a torcida mista, onde adversários acompanham lado a lado a partida. Porém, por não ser sócia, ela ingressou na área reservada aos seguidores do Inter, com a camisa do clube do coração guardada na bolsa. A intenção era realizar um sonho do caçula de assistir ao clássico Gre-Nal. O marido dela e os outros dois filhos no casal estavam em um outro setor do Beira-Rio no dia do clássico.
"Eu não quis provocar aquela situação. Foi um ato ingênuo de minha parte. O clima estava tão legal e agradável, que eu só quis comemorar com meu filho. Todo mundo estava se sentido super à vontade. Inclusive, em respeito ao Inter, eu esperei o final de jogo e mais 15 minutos para comemorar em frente à torcida gremista", relembrou.
As cenas de agressão estamparam o noticiário esportivo negativamente e geraram traumas ao pequenino torcedor, que deixou o estádio aos prantos. "Lamentavelmente depois disso, meu filho Bernardo não quer mais ir ao Beira-Rio", revelou.