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O boxe profissional poderá ser o futuro do campeão olímpico Hebert Conceição. Segundo o técnico Luiz Dorea, o medalhista de ouro na Olimpíada de Tóquio-2020, em agosto passado, estuda propostas de empresas internacionais.

"Foram feitas algumas propostas, mas nada foi fechado. Hebert é jovem e muito talentoso, se não tiver uma proposta muito boa, ele fica até a próxima Olimpíada", disse Luiz Dorea, referindo-se à competição a ser realizada em Paris, em 2024, na França.

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Hebert Conceição é muito amigo de Robson Conceição, ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, que tem contrato com a Top Rank e disputou no mês passado o cinturão mundial dos superpenas, versão Conselho Mundial de Boxe (CMB), diante do mexicano Oscar Valdez.

Lesionado, o boxeador baiano está fora do Mundial Masculino, que será realizado a partir deste domingo em Belgrado, na Sérvia.

A luta de Hebert Conceição não acabou após o impressionante cruzado de esquerda que acertou o ucraniano Oleksandr Khyzniak, a 1min29s do final do terceiro assalto, e lhe garantiu a medalha de ouro na categoria peso médio (até 75 quilos) nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

Em entrevista ao Estadão, o boxeador baiano mostra maturidade, apesar dos 23 anos, e sabe que seu título tem grande importância para manter o boxe em evidência em um País onde os esportes olímpicos são lembrados apenas de quatro em quatro anos.

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Com pouco tempo de descanso ao desembarcar no Brasil, por causa dos inúmeros compromissos, Hebert falou com a reportagem pelo celular e revelou a ansiedade também com a proximidade da luta pelo título mundial dos superpenas que o conterrâneo e amigo Robson Conceição vai disputar em 10 de setembro, nos Estados Unidos diante do mexicano Oscar Valdez.

Hebert só foi encontrar os familiares na última quinta-feira, em São Paulo, após um evento da Confederação ao Brasileira de Boxe. "Que saudades eu estava deste abraço", disse o boxeador para a sua mãe, Ieda Conceição. No dia seguinte, o lutador foi para Salvador, onde foi recepcionado por dezenas de fãs e familiares no aeroporto.

"Muito gratificante ser recebido com todo esse carinho pelo povo baiano, pelo povo brasileiro. Que bom que eu retribuí essa alegria lá em Tóquio. Agora sim, de volta para a terrinha, com a alma muito mais leve", disse após o desembarque.

Mas ainda faltava uma última visita antes do descanso merecido. Sempre com a medalha no peito, Hebert foi até o Centro de Treinamento do Bahia, seu time do coração, onde posou para fotos com os jogadores e até brincou ao fazer um gol de falta.

O pugilista costuma festejar suas conquistas ao dizer que obteve um "triunfo", e não uma vitória, pois desta forma omite o nome do maior rival do Bahia - Hebert acompanhou também neste domingo o jogo do Bahia contra o Atlético Goianiense no estádio Pituaçu, em Salvador, pela 16.ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Confira os principais pontos da entrevista exclusiva do boxeador Herbert Conceição:

O boxe ficou em primeiro lugar entre as modalidades do Brasil no quadro de medalhas com o seu ouro, a prata da Beatriz Ferreira e o bronze do Abner Teixeira. O que este desempenho em Tóquio pode causar de mudanças na nobre arte nacional?

Espero que esta conquista mostre para o Brasil e para todo o mundo esportivo que nossa modalidade é muito grande, gigante. Esperamos mais investimentos não só para os atletas de elite, mas também para projetos sociais e federações dos estados, para que eles possam ter uma boa estrutura e conseguir realizar grandes eventos. Só assim vamos dar rodagem a todos os outros atletas e, a partir daí, ter a dor de cabeça boa de selecionar os melhores lutadores para que possam representar bem o Brasil pelo mundo afora.

Você teve uma participação muito regular durante suas lutas na Olimpíada, mas na final o seu estilo não estava encaixando com o do ucraniano. Você foi para o último round precisando do nocaute. E o que foi aquele cruzado de esquerda?

Foi abençoado. Veio na hora que em que eu mais precisava. Era tudo ou nada porque eu sabia que estava perdendo a luta e precisava do nocaute.

Por várias vezes você tentou um golpe definitivo?

Em diversos momentos da luta eu entrei com aquela combinação de direita em direto e esquerda em cruzado, quando ele estivesse vindo para cima. E no minuto final da luta consegui conectar esse lindo cruzado, que o enviou à lona e desta forma trouxe esta medalha dourada para o Brasil.

Existe a possibilidade de você migrar para o boxe profissional?

Existe a possibilidade sim, mas neste momento não penso em fechar negócio ou tomar qualquer decisão. Só quero descansar, esfriar a cabeça e com calma decidir o que faço para o futuro. Quero ver a melhor oportunidade... se é permanecer na seleção e pensar em Paris-2024 ou ir para a carreira profissional. No momento é descansar e nenhuma decisão vai ser tomada.

Você é companheiro de treino de Robson Conceição, o primeiro a conquistar um ouro olímpico, no Rio-2016, que vai disputar o título mundial no dia 10 de setembro, nos Estados Unidos. Qual sua opinião sobre esta luta?

Robson tem totais condições de vencer. É uma luta muito dura, muito difícil, mas Robson é campeão olímpico e tem capacidade para vencer. Ele está treinando muito para isso. Torço para que seja uma grande luta e que o Robson seja vencedor e traga mais um título mundial para o boxe brasileiro.

São sete medalhas olímpicas e 14 pódios em campeonatos mundiais desde que a equipe olímpica foi formada, em 2009. Qual o segredo do sucesso?

Temos todo o apoio necessário, com nutricionista, fisioterapeuta, equipe técnica qualificada, psicólogo, assim nós nos preocupamos apenas em treinar e nos desenvolver.

O choro descontrolado e o beijo emocionado na medalha de ouro no pódio de Tóquio representaram toda a tensão sofrida pelo boxeador Hebert Conceição na final da categoria dos pesos médios (até 75 kg) diante do ucraniano Oleksabdr Khyzhniak, por nocaute técnico, a 1min29 do terceiro assalto, após acertar espetacular gancho de esquerda. Em entrevista, o brasileiro revelou sua estratégia para buscar a vitória, mesmo depois de ter perdido os dois primeiros assaltos.

"Eu tinha perdido dois rounds, tinha mais um, apesar de a pontuação ser adversa eu sabia que em 3 minutos dava para reverter com um nocaute. Se vocês perceberam no começo do round eu já fui para uma luta franca e falei, 'se tomar nocaute aqui não interessa, estou perdido, agora eu vou buscar o meu'. E sabia que na troca de golpes era loteria. Consegui conectar um bom cruzado, que eu treino muito também quando estou simulando situações de troca de golpes. Eu não sou nocauteador, sou mais estiloso. Mas também tem que treinar golpes encaixados para em situações como essa ter outras armas e outros planos para poder executar na hora. Acreditei até o fim e o nocaute veio. Essa medalha de ouro é para o Brasil", disse o atleta, de 23 anos, que estava atrás na opinião dos cinco jurados após os dois primeiros rounds por 20 a 18.

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Baiano, de 23 anos, Hebert também falou da emoção ao receber a medalha. "Difícil falar a sensação, é incrível, uma emoção muito grande, senti e energia de todo mundo que estava torcendo. Eu pensei durante os rounds que tinha muita gente mandando energia por esse nocaute. Eu acreditei que eu podia e que bom que aconteceu, eu fui premiado e a gente merece."

O brasileiro também elogiou o adversário. "O atleta que eu enfrentei tem um jogo difícil de trabalhar, é um cara muito forte, intenso, é espetacular a forma física com que ele sempre se apresenta nas lutas. É um lutador incrível, respeito muito. Mas eu sabia da minha capacidade também. Treinei muito, levei muito a sério todo trabalho que foi passado durante o ciclo, durante toda minha iniciativa desde que comecei no boxe"

"Nobre guerreiro negro de alma leve, nobre guerreiro negro lutador". A letra e a melodia da música em homenagem a Nelson Mandela guiaram o boxeador Hebert Conceição pelo ringue de Tóquio rumo à medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.

A canção do grupo baiano Olodum dedicada ao líder sul-africano mais uma vez inspirou o lutador de 23 anos ao entrar no ringue da arena Kokugikan, sede do boxe na capital japonesa.

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Diante de poucas pessoas presentes, e milhões assistindo pela televisão na madrugada brasileira, ele lutou corpo a corpo pela consagração na categoria de peso médio (até 75 quilos) contra o ucraniano Oleksandr Khyzhniak.

Ele chegou à decisão para definir sua medalha, que havia sido garantida com a vitória nas quartas de final sobre o cazaque Abiljan Amankul. Depois de conseguir aquele triunfo, ele bateu no peito e gritou: "Eu sou medalhista olímpico. Eu mereço pra caralho!".

Mas Luiz Dórea, renomado treinador de boxeadores e lutadores de artes marciais mistas que o guiou nos primeiros anos, o incentivou a não se contentar com o bronze que havia assegurado.

"Ainda não acabou: ainda falta transformar aquele bronze em ouro!", disse ele, em conversa telefônica em que tentou apaziguar a euforia para encorajar Hebert a seguir mais longe, segundo declarou ao portal UOL.

Hebert Conceição tomou suas palavras como incentivo e seguiu avançando e derrotou Gleb Bakshi nas semifinais, uma vitória com sabor de vingança: dois anos antes o adversário russo o havia derrotado na mesma fase no Mundial de boxe amador de Yekaterimburgo, na Rússia.

Naquela disputa, o brasileiro conseguiu obter um festejado bronze, uma das medalhas que ostenta em sua curta carreira desde que passou a fazer parte da seleção brasileira, em 2017. No ano seguinte, um metal da mesma cor foi conquistado nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba, na Bolívia, e em 2019 ele levou a medalha de prata nos Jogos Pan-americanos de Lima.

Após a vitória que o colocou na final em Tóquio, ele olhou para a câmera e gritou o que parecia um mantra: "Brasil, acredite sempre no seu potencial e trabalhe. Não passe por cima de ninguém que as coisas acontecem". E essa crença também foi aplicada na final, em que Khyzhniak, campeão mundial em 2017, estava em vantagem após os dois primeiros rounds, mas o brasileiro derrubou o ucraniano no último assalto com um nocaute espetacular e garantiu o ouro.

- 'Moleque esportista' da Bahia -

Antes de colocar as luvas, Conceição se aventurou futebol, jiu-jitsu e capoeira. "Sempre fui um moleque esportista", contou ele. Foi talvez a sua terra natal que marcou o seu destino no ringue, onde se destaca assim como outros nascidos na Bahia, celerio do boxe brasileiro.

É o "dendê no sangue", brincou, azeite que também corre nas veias de Beatriz Ferreira, que vai lutar pelo ouro no domingo.

Outro de seus conterrâneos, Robson Conceição, conquistou a primeira medalha de ouro do boxe olímpico do Brasil na Rio-2016. Já profissional, Robson surgiu em São Caetano, mesmo bairro de Hebert em Salvador, onde se tornou seu companheiro de treinos e fonte de inspiração.

Hebert começou no ringue aos 12 anos, quando entrou na academia de Dórea com a ideia de se envolver com artes marciais mistas, mas o treinador o guiou aos primeiros títulos nacionais de boxe como cadete e juvenil.

O agora campeão olímpico foi um dos 8 mil meninos que passaram pelo 'Campeões da vida', projeto social que promove a integração de jovens de baixa renda por meio do esporte.

Já competindo no mais alto nível, o atleta busca agora ajudar meninos que, como ele, sonham em ser boxeadores. Neste sábado, Hebert alcançou mais uma conquista para continuar realizando seus próprios sonhos e inspirando seus seguidores.

O boxeador brasileiro Hebert Conceição passou para final da categoria peso-médio (até 75kg) nos Jogos de Tóquio, nesta quinta-feira, ao derrotar Gleb Bakshi, atleta do Comitê Olímpico Russo (ROC, pela sigla em inglês), em decisão dividida dos árbitros (4 a 1).

Com esta vitória, o Brasil passa a ter dois representantes do boxe em busca do ouro nas Olimpíadas na capital japonesa, já que pouco antes do duelo de Hebert, Beatriz "Bia" Ferreira derrotou na semifinal da categoria peso leve (57-60kg) a finlandesa Mira Marjut Johanna Potkonen, medalhista de bronze na Rio 2016, em decisão unânime dos árbitros (5 a 0).

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Hebert Conceição garantiu pelo menos a medalha de bronze, neste domingo, ao derrotar Abilkhan Amankul, do Casaquistão, por pontos, em duelo válido pela categoria dos médios (até 75 kg). No boxe, não há disputa de bronze, pois os dois derrotados na semifinal sobem no pódio.

A decisão dos jurados foi dividida: três apontaram o brasileiro como vencedor (29 a 28 duas vezes e 30 a 27), enquanto dois viram o representante casaque como o ganhador (29 a 28 em ambos).

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O adversário do brasileiro na luta pela vaga na final olímpica, quinta-feira, será o russo Gleb Bakshi, atual campeão mundial, que eliminou o haitiano Darrelle Valsaint, por pontos, em decisão unânime.

Esta é a sétima medalha do boxe brasileiro em olimpíadas. Servílio de Oliveira foi bronze no México-1968, depois Esquiva Falcão, Yamaguchi Falcão e Adriana Araújo subiram no pódio em Londres-2012. Robson Conceição foi campeão na Rio-2016. Em Tóquio, o peso pesado Abner Teixeira também já tem bronze e vai lutar a semifinal.

Como se esperava, o duelo foi duríssimo. Hebert, mais uma vez, se posicionou no contra-ataque e precisou de muita esquiva e defesa para se proteger do intenso ataque do adversário.

Os três rounds tiveram panorama semelhante, com Hebert muito preciso nos ganchos e cruzados. Aos poucos, o brasileiro conseguiu diminuir um pouco o ritmo do rival e passou a dominar a luta, mas sempre com o assédio perigoso do Casaque.

Nos minutos finais, o adversário foi melhor e até venceu o terceiro assalto para dois jurados, mas não foi suficiente para tirar a vitória do brasileiro.

"Sensação incrível escrever o meu nome na história do esporte brasileiro como medalhista olímpico, eu que sempre sonhei quando comecei no esporte, no boxe em 2013. Fico muito feliz e agradeço a todas as pessoas que fizeram parte disso, apesar de eu lutar sozinho no ringue, essa medalha tem muita gente que trabalha comigo. Manter o foco porque ainda faltam duas lutas", afirmou o brasileiro, após a vitória.

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