Um incidente incomum no necrotério do Hospital da Polícia Militar (PM), no bairro do Derby, está chamando atenção pela falta de explicações. Na noite desta quarta-feira (30), o corpo do cabo reformado da PM José Camilo Rodrigues, de 74 anos, misteriosamente pegou fogo na unidade de saúde da corporação.
Há dois meses internado no hospital, o homem morreu por complicações decorrentes de um câncer de pulmão, por volta das 15h da própria quarta-feira. Familiares receberam o atestado de óbito, no qual consta a doença como a causa da morte, e chegaram a reconhecer o corpo. No interlavo de tempo enquanto os parentes providenciavam os serviços funerários, uma das filhas de José Camilo foi ver o corpo do pai e encontrou o cadáver quase que totalmente carbonizado.
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De acordo com o perito Heldo Souza, coordenador do plantão do Instituto de Criminalística (IC) que foi até o local do incidente, na noite desta quarta, não havia vestígios de um possível incêndio no necrotério. “Não tinha velas, não houve curto circuito, examinei se havia pontas de cigarros; nada. Não podemos afirmar, mas há a possibilidade de alguém ter jogado uma substância inflamável no corpo, como álcool ou querosene, e tocado fogo propositalmente”, disse o especialista. Tais substâncias não costumam ser usadas nos procedimentos de um necrotério, garante Heldo.
Fragmentos da pele da vítima foram encaminhados para o Instituto de Medicina Legal (IML) e para o IC, para uma perícia microscópica, bem como parte do tecido que envolvia o corpo e pedaços da maca hospitalar na qual a vítima estava. “Outro problema levantado é se alguém não jogou alguma coisa da rua, provocando as chamas”, afirmou Heldo Souza, ao lembrar que há uma janela na sala do necrotério direcionada à via pública.
Porém, nenhuma parte da estrutura física do local foi atingida pelas chamas, apenas o corpo da vítima. “Absolutamente nada foi atingido pelo fogo, apenas o cadáver foi queimado. Este é o grande x da questão”, disse Souza. Os laudos periciais do IC e do IML devem estar pronto em, no máximo, 30 dias, e poderão esclarecer a incógnita do caso.
Polícia não se manifesta – A reportagem do LeiaJá foi até o Hospital da Polícia Militar, mas o silêncio impera na unidade. O sargento Assis, responsável pelo plantão do feriado, afirmou que as informações só seriam passadas nesta sexta-feira (2), quando a supervisão do local estará disponível à imprensa.