Benzina, clorofórmio, éter e essência perfumada. Esta fórmula é responsável por uma das drogas mais utilizadas na época do Carnaval, o "loló". Figura quase como um elemento característico das ladeiras de Olinda e das ruas históricas do Recife Antigo, nos dias de Momo. Usado indiscriminadamente, apesar de ser uma droga ilícita, o “sucesso” – como é conhecido popularmente – pode causar graves problemas à saúde e, até mesmo, parada cardíaca.
De acordo com a Polícia, o consumo e a comercialização da substância inalante são considerados infrações penais que podem levar à prisão. "Se a polícia, durante uma abordagem, encontrar uma pessoa com loló, a substância será apreendida, assim como as demais drogas que encontrarmos durante a época", afirmou o delegado Renato Rocha, da Delegacia de Repreensão ao Narcotráfico (Denarc). De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco, no Carnaval de 2013, das 8h do sábado às 8h da Quarta-Feira de Cinzas, foram apreendidos 1.178 tubos de loló.
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Comercializada a partir de baixos valores, se comparada a outras substâncias entorpecentes, a droga é habitualmente inalada em roupas ou em latinhas. Pelo efeito ser breve, o consumo em excesso se torna comum entre os usuários e é aí onde há o maior risco. “Já atendi pacientes em parada cardíaca, também um que já chegou morto e não conseguimos reanimar. O problema é que a inalação dessas substâncias causa arritmia, ou seja, um distúrbio no ritmo dos batimentos cardíacos”, afirmou o cardiologista Tomás Mesquita, do Hospital Jayme da Fonte.
Segundo o médico, mesmo se não chega a causar um infarto, o "loló" tem uma ação predominante no sistema nervoso central, o que pode impulsionar alterações cognitivas como desequilíbrios emocionais, transtorno bipolar e até mesmo depressão. A coordenação motora também fica vulnerável, com a possibilidade de o usuário ter tremores musculares e falta de equilíbrio, danos que podem se tornar irreversíveis.
“A sensação agradável sentida após a inalação é breve. Pelo prazer que promove, a droga estimula mais consumo, e nessa repetição você vai elevando os níveis das substâncias no sangue”, alertou Mesquita. Todos os componentes da droga são considerados cancerígenos e a orientação médica é evitar o uso em qualquer hipótese. O médico lembra que diferenças na composição da droga, como maior concentração de alguma substância, potencializam os perigos em relação à saúde.
De acordo com o cardiologista, a maior incidência de consumo é mais no público jovem, porém não há distinção em relação à situação financeira. “Não estamos falando de pessoas de pouco poder aquisitivo, são pessoas economicamente privilegiadas, das classes média e alta”, afirma Mesquita. O valor médio de uma ampola de 5 ml de loló está em torno dos R$ 3,00.