Tópicos | Igreja chilena

A Justiça ordenou que a Igreja chilena pague uma indenização de cerca de 671 mil dólares às vítimas de abuso sexual do ex-padre Fernando Karadima, confirmaram neste domingo (21) os beneficiários da decisão do tribunal.

O Tribunal de Apelações de Santiago revogou uma decisão anterior e decidiu se posicionar a favor de Juan Carlos Cruz, José Andrés Murillo e James Hamilton, que processaram a igreja por sua negligência e por ter encoberto alegações de abuso sexual contra Karadima, expulso da vida sacerdotal pelo Papa Francisco em setembro passado.

"Estamos muito felizes, tem sido um longo caminho (...) esta decisão deve marcar o fim da impunidade em matéria de abuso sexual clerical", disse um comunicado dos três denunciantes.

O tribunal chileno emitiu sua decisão na quinta-feira, mas o texto não foi divulgado, motivo pelo qual as vítimas esperam que os detalhes da decisão sejam conhecidos nos próximos dias.

A igreja chilena reagiu em um breve comunicado, em que manifestou que "agregou-se um antecedente novo para a causa, do qual não tínhamos conhecimento. Analisaremos esta situação juntamente com a sentença, para decidirmos os passos que iremos seguir".

Até agora, o Papa Francisco aceitou a renuncia de sete bispos chilenos, expulsou do sacerdócio dois outros bispos eméritos e os sacerdotes Karadima e Cristian Precht, reconhecido defensor dos direitos humanos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Em paralelo, a Justiça mantém 119 causas abertas por casos de abusos cometidos ou encobertos por bispos e padres.

Vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica chilena se manifestaram nesta segunda-feira (20) diante da Catedral de Santiago para exigir justiça, sensibilizar a sociedade e acabar definitivamente com a cortina de silêncio imposta pelas autoridades eclesiásticas em todo o mundo.

Com velas acesas para representar a verdade que ilumina o caminho das vítimas e com flores para lembrar os que ainda sofrem em silêncio, dezenas de pessoas se somaram à declaração de "Outra igreja possível".

Estamos presentes "porque ainda há muitas pessoas que não podem falar, há pessoas que foram silenciadas pelo abuso, silenciadas pelo trauma, silenciadas pela hierarquia da Igreja", disse à AFP Juan Andrés Murillo, vítima de abusos sexuais do padre Fernando Karadima.

"Este ano foi marcado por uma ruptura desta casca de silêncio, há muitas vítimas, centenas de milhares de vítimas em todo o mundo, que agora estão elevando a voz", declarou Murillo, um dos pilares da luta no Chile contra décadas de impunidade.

Murillo destacou a carta publicada nesta segunda-feira pelo Vaticano, na qual o Papa Francisco condena "as atrocidades" cometidas por padres na Pensilvânia, Estados Unidos, contra mais de mil crianças.

O ativista recordou que a justiça chilena chamará para depor o arcebispo de Santiago, cardeal Ricardo Ezzati, denunciado por encobrir abusos sexuais de outros padres.

Até o momento, há 73 pessoas investigadas judicialmente em 38 processos em curso, que envolvem uma centena de vítimas, a maioria menores de idade quando ocorreram os abusos.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando