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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou nesta terça-feira (19) seu último dia completo na Casa Branca, com uma longa lista de indultos em mãos, horas antes de se ausentar da cerimônia de posse de seu sucessor, o democrata Joe Biden, e partir para a Flórida.

Biden será empossado na quarta-feira (20) ao meio-dia, o que marcará o fim da presidência de Trump e fará os Estados Unidos virarem a página de alguns dos anos mais perturbadores e divisivos já vividos pelo país desde a década de 1960.

Biden, um veterano senador democrata que foi vice-presidente de Barack Obama, deve viajar para Washington nesta terça-feira com sua esposa, Jill, saindo de sua cidade natal, Wilmington, no estado de Delaware.

Junto com quem será sua vice-presidente, Kamala Harris, a primeira mulher a ocupar o cargo, Biden também deve pronunciar um discurso à tarde sobre a crise da covid-19 no Memorial Lincoln.

Trump permanece em silêncio, enquanto o relógio avança para sua partida rumo a uma nova vida em sua residência do clube de golfe Mar-a-Lago, em Palm Beach.

Desde que o Twitter o vetou por suas constantes mensagens incendiárias e de desinformação, o presidente praticamente não se comunicou mais com os cidadãos.

Apesar disso, ainda teria de parabenizar Biden, ou convidá-lo para a tradicional xícara de chá no Salão Oval antes da posse.

Em vez disso, Trump passou esses últimos dias se reunindo com um círculo cada vez menor de nomes leais que o apoiaram por dois meses em seu esforço inútil de anular os resultados das eleições de novembro.

Esse esforço acabou em 6 de janeiro, com Trump incentivando uma multidão a marchar para o Congresso.

Depois que a multidão rompeu a barreira policial, agrediu um policial que morreu horas depois e danificou o interior do Capitólio, a Câmara de Representantes abriu um novo processo de impeachment contra Trump. Este é o segundo em um único mandato, o que nunca aconteceu antes.

A última pesquisa do Gallup revelou na segunda-feira (18) que o presidente tem uma aprovação de apenas 34%, seu nível mais baixo. Ao longo do mandato, Trump manteve uma aprovação média de 41%, a mais baixa de todos os governantes desde que o Gallup começou a fazer esta sondagem, em 1938.

Enquanto isso, Biden dá os toques finais para uma cerimônia de posse que contará com uma pequena multidão e um forte esquema de segurança, outra das consequências do motim pró-Trump, além das preocupações existentes pela covid-19.

- Indultos -

Trump emitiu uma série de ordens de última hora na segunda-feira, principalmente o levantamento das proibições de viagens impostas devido ao coronavírus à maior parte da Europa e ao Brasil.

Segundo a ordem do ainda presidente, as fronteiras devem reabrir a partir de 26 de janeiro, quase uma semana depois de deixar o cargo.

Quase imediatamente depois, a porta-voz de Biden, Jen Psaki, anunciou que a medida não será mantida.

Para Trump, o principal assunto pendente é a lista de indultos que, conforme informado, ele está preparando.

Segundo a CNN e outros veículos americanos, Trump tem uma lista de aproximadamente 100 pessoas a serem indultadas.

Nessa lista devem estar, segundo o jornal The New York Times, uma mistura de criminosos de colarinho branco e pessoas cujos casos foram defendidos por ativistas da justiça.

Os indultos mais polêmicos estimados são para pessoas como Edward Snowden, Julian Assange e Steve Bannon - o influente conselheiro de Trump.

Se Trump chegar a indultar a si mesmo, ou sua família, o que não se espera que aconteça de acordo com as últimas informações da mídia local, é provável que aumente a ira entre os republicanos que o apoiaram no primeiro impeachment no Senado, onde em breve voltarão a votar um novo julgamento político contra o presidente.

- Unidade e medo -

O discurso de posse de Biden deve se concentrar em seus apelos para os americanos voltarem à unidade e encararem a pandemia da covid-19 de uma perspectiva mais séria.

Ele também está pronto para anunciar uma mudança radical na política do país, afastando-se da "Estados Unidos Primeiro" ("America First", no original) de Trump.

A primeira coisa será voltar à tradicional construção de alianças. Essa política começará com o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris sobre o clima desde "o primeiro dia de mandato".

Os apelos para o otimismo do democrata de 78 anos colidem, no entanto, com a dura realidade de múltiplas crises.

A pandemia está fora de controle; a distribuição de vacinas, prejudicada; e a recuperação econômica, na corda bamba. E, depois da rejeição de Trump de aceitar os resultados das eleições presidenciais de novembro, boa parte do país está furiosa.

Biden prestará juramento nas escadas do Capitólio, sob a vigilância de mais de 20.000 soldados da Guarda Nacional. Os postos de controle e as grandes áreas fechadas para os cidadãos apontam que, no ato, haverá apenas alguns poucos convidados.

O secretário da Defesa interino disse na segunda-feira que o Exército e o FBI investigam cada um dos soldados da Guarda Nacional, que portam armas automáticas, para averiguar se algum deles representa uma ameaça.

- Até o último minuto -

Trump, o primeiro presidente a perder a reeleição desde que George H.W. Bush foi substituído por Bill Clinton em 1993, também será o primeiro ex-presidente a rejeitar a cerimônia de posse de seu sucessor em um século e meio.

Na quarta-feira, ele partirá cedo para a Flórida, beneficiando-se dos privilégios das viagens presidenciais até o último minuto.

O Marine One o levará da Casa Branca até a Base Conjunta Andrews para embarcar no Air Force One, o avião presidencial. A partir do meio-dia, ele não poderá mais usar a aeronave.

Segundo uma informação da Bloomberg, Trump está organizando uma despedida militar para si mesmo em Andrews, que será acompanhada por uma multidão de convidados.

Os Estados Unidos afirmaram nesta terça-feira (01) que os indultos concedidos a mais de 100 opositores são "atos simbólicos", que não merecem aplausos, descrevendo-os como uma estratégia do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a três meses das eleições legislativas.

"A restauração de direitos constitucionais que foram ilegalmente eliminados não deve ser aplaudida", disse um porta-voz do Departamento de Estado à AFP.

"Não vamos esquecer que Maduro continua detendo arbitrariamente centenas de presos políticos". Nem os venezuelanos, nem a comunidade internacional, serão enganados por estes " atos simbólicos", publicou no Twitter o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Michael Kozak.

A libertação de "alguns presos políticos detidos injustamente " visa a "encobrir uma eleição absurda", acrescentou, sobre as eleições de 6 de dezembro, organizadas pelas autoridades eleitorais próximas a Maduro, boicotadas pela oposição.

Washington não reconhece a autoridade de Maduro, porque considera sua reeleição fraudulenta, e exige que Caracas realize "eleições livres e justas".

"Maduro deve levantar a proibição a partidos e candidatos, respeitar a liberdade de expressão do povo, acabar com a censura, dissolver seus esquadrões da morte, estabelecer uma comissão eleitoral independente e receber observadores eleitorais internacionais imparciais", disse Kozak.

Maduro indultou 110 opositores nesta segunda-feira, incluindo deputados e colaboradores do chefe parlamentar e líder da oposição Juan Guaidó, "para promover a reconciliação nacional". A lista inclui deputados cuja imunidade foi levantada e parlamentares com processos judiciais abertos que se encontram fora do país. Boa parte dos indultos foi para opositores sem sentença ou pena de prisão.

Segundo a Foro Penal, ONG que defende os direitos dos presos na Venezuela, dos 110 "indultos", 50 correspondem a "presos políticos", e ainda há no país 336 detidos por motivos políticos.

Guaidó, que os Estados Unidos e cerca de 60 países reconhecem como presidente interino da Venezuela e não está entre os perdoados, chamou a ação de Maduro de "armadilha".

- Os seis da Citgo permanecem detidos-

Entre os "indultados" não estão os seis ex-executivos da Citgo, subsidiária americana da estatal venezuelana PDVSA, acusados pela Justiça venezuelana de estelionato, lavagem de dinheiro e associação criminosa, entre outros crimes, e cuja libertação Washington voltou a exigir.

O ex-presidente da Citgo José Ángel Pereira e os ex-vice-presidentes Tomeu Vadell, Jorge Toledo, Gustavo Cárdenas, Alirio José Zambrano e José Luis Zambrano estão detidos desde 21 de novembro de 2017 na Venezuela. Cinco têm dupla nacionalidade, americana e venezuelana, e o sexto é venezuelano com residência legal nos Estados Unidos.

Bill Richardson, ex-diplomata dos EUA que gerenciou negociações para detidos do alto escalão e, semanas atrás, conseguiu colocar Cárdenas e Toledo em prisão domiciliar, acredita que a libertação dos executivos será concretizada. "A libertação de prisioneiros políticos pelo governo Maduro é um passo positivo", disse o democrata no Twitter.

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