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Após uma série de desentendimentos públicos e sérios durante o julgamento do mensalão, os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski assumirão na quinta-feira respectivamente a presidência e a vice-presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Lewandowski garantiu nesta terça-feira que terá uma atuação "low profile", "a la José Alencar (o vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva)".

"Eu vou substituir o ministro Joaquim nos momentos que se fizerem necessários. Vou ter um protagonismo mínimo, low profile", assegurou. "Eu não vou sugerir absolutamente nada. Eu vou ficar bem quietinho na vice, bem vice, vou ser tipo assim, um vice José Alencar", afirmou. "Sou um coadjuvante."

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Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski são ex-amigos. Atualmente a relação entre os dois é meramente protocolar. O principal motivo para o estremecimento foram as discordâncias entre os dois em relação ao julgamento do mensalão. Relator, Barbosa votou pela condenação da maioria dos réus, inclusive do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Como revisor, Lewandowski posicionou-se em vários pontos contra o colega e defendeu a absolvição de Dirceu. Ao final, prevaleceu a opinião de Barbosa e o ex-ministro da Casa Civil foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão.

É provável que Lewandowski tenha de assumir várias vezes a presidência do STF. Alegando ter problemas no quadril há anos, Joaquim afasta-se frequentemente do tribunal para se submeter a tratamentos. O último, na Alemanha, ocorreu em outubro e paralisou o julgamento do mensalão por mais de uma semana.

Lewandowski também poderá ter de assumir interinamente o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que exerce o controle externo do Judiciário e é dirigido pelo presidente do STF. "As sessões (do CNJ) são o dia inteiro. Vocês podem tirar as conclusões. Não sei se (Joaquim Barbosa) terá condições de aguentar o dia inteiro. Aí terei que estar preparado para substituir. O problema é que vice não tem staff, equipe, só tem um assessor a mais", afirmou ao ser indagado por jornalistas sobre a eventual atuação no CNJ.

O futuro vice do STF disse que as equipes dele e Joaquim Barbosa estão conversando sobre as eventuais ausências. "Estamos acertando as datas, vendo conveniências (no plantão durante o período de recesso). É praxe essa conversa", afirmou.

Lewandowski minimizou as divergências com o colega. "Eu acho que as divergências são sempre em torno de temas pontuais ou jurídicos. Quando se trata da instituição, os integrantes se unem pela instituição. Desavenças e divergências pessoais são circunscritas ao julgamento. Mesmo no lanche, nos cumprimentamos, sentamos juntos", disse.

Brasília – O ministro Ricardo Lewandowski, revisor da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal (STF), acredita que as multas aplicadas aos réus terão que ser ajustadas até o final do julgamento do processo do mensalão. Para o ministro, não ficou claro o critério que vem sendo adotado pelo relator Joaquim Barbosa, cujos votos vêm prevalecendo na maioria dos casos. 

"Eu pessoalmente não compreendi ainda com clareza o critério da multa, mas posso até reajustar meu voto para que tenhamos um critério uniforme”, disse o ministro nesta terça-feira (13), no STF. Segundo Lewandowski, a Corte tem que buscar o máximo de coerência nas decisões para evitar novos questionamentos dos advogados, o que pode atrasar a conclusão do processo.

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O ministro disse também que as pessoas com mesmo patrimônio devem ter o mesmo valor da pena pecuniária, e que o juiz, ao fixar a multa, tem que considerar o patrimônio do réu, e não apenas a gravidade dos delitos que ele cometeu.

Para Lewandowski, o local para cumprimento da pena de prisão deve ser definido pelo juiz de execução, mas ainda há dúvidas se esse juiz será de Brasília, para unificar as execuções penais dos 25 condenados na ação penal, ou se na localidade mais próxima à residência de cada réu. “A regra é que a execução da pena corporal seja feita da forma mais benéfica ao condenado. Em geral, cumpre a pena perto da família, para que possa visitar”, explicou o ministro.

O revisor destacou que, com base em suas experiências anteriores como juiz, é difícil encontrar vagas para o regime semiaberto no sistema penitenciário nacional. Nesses casos, segundo o ministro, o juiz aplica a pena mais benéfica ao réu, transferindo o condenado para o regime aberto.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, saiu nesta segunda-feira (29) em defesa do ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, que foi hostilizado por eleitores no domingo (28) quando foi votar na zona sul de São Paulo.

"Todos estamos sujeitos a críticas, mas que não se descambe, a pretexto de fazer crítica, para o desacato, para a ofensa pessoal", afirmou Britto. "O ministro Lewandowski tem votado com transparência, isenção e desassombro", acrescentou.

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No domingo, na sua zona eleitoral, um mesário perguntou a Lewandowski se ele já teria "dado um abraço" no ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Outra eleitora também o criticou, uma atitude que Lewandowski classificou como apenas uma "indelicadeza".

Britto admitiu que Lewandowski poderia ter dado voz de prisão para o mesário por desacato à autoridade. No entanto, o presidente do tribunal afirmou que o colega não estava "com espírito para entrar em polêmica".

Revisor do mensalão, Lewandowski tem sido criticado por absolver alguns dos principais réus do mensalão, como José Dirceu. Britto defendeu Lewandowski. "Cada ministro vota de acordo com sua consciência e ciência jurídica", afirmou.

O revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, reviu o entendimento que havia adotado em votações anteriores sobre o crime de formação de quadrilha e absolveu todos os réus acusados por esse crime no processo. O voto de Lewandowski, nesta quinta, livrou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e mais 12 réus neste capítulo e provocou uma reviravolta no resultado do julgamento do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).

O ex-presidente do PL, atual PR, Costa Neto havia sido condenado há duas semanas por formação de quadrilha por 6 votos a 4. Com o recuo do ministro, o placar fica empatado, o que pode favorecer o réu. A mudança também favoreceu o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, cujo placar no julgamento por esse crime resultou em empate. Com a mudança de Lewandowski, já há seis empates no julgamento, que será retomado na segunda-feira com os votos dos demais ministros.

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Lewandowski adotou um entendimento teórico mais restrito para esse crime. Na opinião dele, o que caracteriza a formação de quadrilha é a associação de mais de três pessoas, em caráter estável e que se reúne permanentemente, para a prática de uma série de crimes resultando na perturbação da paz pública. "O que pretende a regra de proibição, na minha concepção, é inviabilizar sociedades montadas para o crime", disse.

Pelo novo entendimento do ministro, a formação de quadrilha estaria relacionada a outros crimes como sequestros e roubos tramados por um grupo. Além disso, o objetivo fundamental da quadrilha, sustentou o relator, seria o de sobrevivência com o fruto do crime.

Lewandowski completou que esse não seria o caso da quadrilha apontada pelo Ministério Público no processo do mensalão. "Não é uma associação ocasional, efêmera, para conseguir um determinado resultado, no caso, um apoio político de parlamentares", argumentou. O ministro enfatizou que quadrilha se distingue da coautoria de um crime.

Para balizar sua posição, Lewandowski citou as ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia que, em julgamento de item anterior do processo, defenderam a mesma tese ao absolver os réus ligados ao PP e ao PL, incluindo Valdemar Costa Neto. O ministro criticou duramente a denúncia feita pelo Ministério Público por usar o tipo penal de forma genérica. Para o ministro, a denúncia é tecnicamente "inadequada" por haver na mesma acusação pequenas quadrilhas, como é o caso dos partidos políticos, e uma quadrilha maior, supostamente comandada por José Dirceu.

Lewandowski chegou a contabilizar, tanto na denúncia quanto nas alegações finais, quantas vezes o Ministério Público usou distintos termos ao se referir ao grupo. No caso da denúncia, segundo o revisor, foram 54 vezes "formação de quadrilha" e 41 vezes a expressão "organização criminosa", além de também usar "associação criminosa". Segundo o ministro, "há uma clara distinção penal" entre os três termos. "Essa verdadeira miscelânea conceitual enfraqueceu, a meu ver, a acusação", disse.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, votou nesta quarta pela absolvição da ex-vice-presidente do Banco Rural Ayanna Tenório. Lewandowski abriu a primeira divergência em relação ao voto de Joaquim Barbosa, relator da ação, que anteriormente havia votado pela condenação de Ayanna e de outros três ex-dirigentes da instituição bancária pelo crime de gestão fraudulenta (Lei 7.492/86).

No voto apresentado nesta quarta, o revisor entendeu que a Procuradoria-Geral da República não conseguiu comprovar que Ayanna atuou de forma "fraudulenta" ou "ardilosa" na concessão dos empréstimos às empresas de Marcos Valério. Lewandowski contou que ela assinou a renovação de duas operações da SMP&B Comunicação e Graffiti Participações - empresas de Marcos Valério - em 29 de junho de 2004, dois meses depois de ter sido contratada pelo banco.

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Ayanna foi uma das responsáveis por chancelar a quarta prorrogação do empréstimo da SMP&B. Essa operação custou originalmente R$ 19 milhões em maio de 2003. Ela também subscreveu a terceira renovação do empréstimo da Graffiti. Essa negociação, realizada inicialmente em setembro de 2003, envolveu o aporte de R$ 10 milhões. O aval de Ayanna ocorreu mesmo com pareceres contrários da área técnica do próprio banco, que alertavam para o alto risco das operações.

Segundo o ministro, Ayanna, ao chancelar as duas renovações, apenas seguiu a orientação da área responsável pela análise das operações. Ela, ressaltou o ministro, era a vice-presidente de Suporte, setor que cuidava do relacionamento de funcionários do banco. Lewandowski disse ainda que, ao contrário da ex-presidente e atual acionista Kátia Rabello e de outro ex-vice-presidente José Roberto Salgado, ela não manteve qualquer relação com o grupo de Marcos Valério. O ministro votou pela condenação de Kátia e Salgado por gestão fraudulenta.

"Seu vínculo com a instituição era meramente de caráter empregatício", afirmou o ministro, lembrando que em 2006, um ano depois da eclosão do escândalo do mensalão, ela deixou o banco. "Ela era uma simples empregada", ressaltou.

Para o revisor, Ayanna não tinha "outra opção" além de concordar com a renovação das operações, apontadas pelo Ministério Público como falsas. O ministro disse ainda que, três dias depois de ela entrar na instituição, o ex-presidente do Rural José Augusto Dumont morreu. O MP sustenta que Dumont foi o responsável por montar o esquema de empréstimos irregulares a Valério e ao PT.

O ministro revisor do processo do mensalão, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta sexta-feira que já esperava "críticas" e "incompreensões" por votar a favor da absolvição do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP). Ele defendeu que um juiz não pode dar seu voto de acordo com pressões da opinião pública.

"Eu acho que o juiz não deve ter medo das críticas, porque o juiz vota ou julga com sua consciência e de acordo com as leis, não pode se pautar pela opinião pública", disse Lewandowski após participar de audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o uso do amianto na indústria brasileira.

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O ministro admitiu que seu voto foi um "contraponto" ao do relator Joaquim Barbosa, que tinha defendido a condenação. Disse que essa divergência é positiva para ajudar os outros integrantes do Supremo a decidirem. "Cada juiz tem uma visão muito particular do conjunto de provas que existe no processo. Então, esse contraponto entre relator e revisor ajudará os demais ministros a decidirem o que se contém nos autos".

Lewandowski afirmou que o julgamento poderá ser acelerado nas próximas semanas com a distribuição antecipada dos votos e abreviação das exposições. Disse ainda não se importar se seu voto vai sair vencedor ou não.

"Nós que vivemos em um ambiente colegiado, nós estamos acostumados a divergir, a ver nossas posições vencedoras ou perdedoras. Isso faz parte. Nós não levamos nada pessoalmente, defendemos teses. Não é a nossa pessoa que está em jogo, o que está em jogo é o destino dos réus", afirmou o ministro revisor.

O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela condenação do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato pelo crime de corrupção passiva. No seu voto de estreia na ação, Lewandowski concordou com a manifestação do relator Joaquim Barbosa de que Pizzolato recebeu propina de R$ 326 mil do publicitário Marcos Valério para liberar para a agência dele, a DNA Propaganda, R$ 73 milhões a título de antecipação de recursos.

O revisor disse que a defesa do ex-diretor do BB não conseguiu comprovar a tese segundo a qual apenas prestou um favor a Valério. Os advogados de Pizzolato sustentaram que ele prestou um favor para o publicitário ao enviar um emissário para pegar dois envelopes fechados na agência do Banco Rural no Rio de Janeiro no dia 15 de janeiro de 2004. O pacote, segundo a defesa, foi repassado a um integrante do PT. "A verdade é que a sua versão não condiz com as provas constantes dos autos", rebateu o ministro.

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Embora tenha admitido que os fatos sejam "nebulosos", Lewandowski afirmou que Pizzolato não apontou sequer, durante a instrução do processo, a pessoa do PT que iria receber o pacote de dinheiro remetido por Valério. Ele lembrou ainda que, ao contrário do que disse o ex-diretor do BB, a comunicação entre as agências do Rural de Belo Horizonte e Rio de Janeiro não foi realizada de última hora. O documento foi preparado, segundo as investigações, um dia antes e era nominal a Luiz Eduardo Ferreira da Silva, emissário enviado ao banco por Pizzolato.

O revisor argumentou que ficou caracterizado o crime de corrupção passiva porque o ex-diretor do BB praticou ato de ofício ao autorizar o repasse milionário para a DNA Propaganda. Ele ressaltou que uma auditoria interna do próprio banco considerou os pagamentos à agência irregulares.

Antes de começar o seu voto, o revisor disse que se pronunciará apenas sobre o item 3 da denúncia, assim como fez Barbosa. Lewandowski deu uma sinalização de que não deve concordar caso o ministro Cezar Peluso queira antecipar todo o seu voto antes de se aposentar compulsoriamente no dia 3 de setembro, quando completará 70 anos de idade. Ele disse que não ultrapassará os limites do relator, porque, se assim o fizesse, estaria ferindo o regimento da Casa. "Acato disciplinadamente", destacou.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, abriu na tarde desta quarta-feira a sessão em que o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, iniciará a leitura do seu voto. Com a decisão de julgar a ação de forma fatiada, conforme itens da denúncia da Procuradoria Geral da República, Lewandowski será o segundo a se manifestar sobre o caso, após o relator Joaquim Barbosa.

O revisor vai se manifestar sobre as acusações que pesam contra o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) de que, como presidente da Câmara dos Deputados, teria atuado para oferecer recursos à agência de publicidade do empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. Barbosa já votou pela condenação de João Paulo por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Entre os 37 réus da ação, o petista é o único que é candidato nas eleições de 2012. Cunha disputa a prefeitura de Osasco (SP).

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O relator também votou pela condenação do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato pelos mesmos crimes de João Paulo. No caso do ex-diretor do BB, Barbosa disse haver "provas robustas" de que ele recebeu R$ 326 mil de propina de Marcos Valério para favorecer e se omitir na fiscalização do contrato da DNA Propaganda com o BB. Valério e seus antigos sócios também foram considerados culpados pelo relator por terem corrompido João Paulo e Pizzolato para desviarem recursos públicos.

A expectativa é de que Lewandowski use as sessões desta quarta-feira e parte da de quinta-feira para dar seu voto sobre os crimes atribuídos aos dois e ao grupo ligado a Valério. Na sequência, os outros nove ministros, a começar por Rosa Weber, a mais nova na Corte, poderão votar.

Com a decisão de apreciar a ação de forma fatiada, a participação do ministro Cezar Peluso em todo o julgamento está praticamente descartada. O ministro aposenta-se compulsoriamente no próximo dia 3, quando completa 70 anos. Embora o Supremo tenha decidido, na semana passada, que cada ministro poderá votar como quiser, Peluso é o sétimo a votar, de acordo com o rito de votação e deve se manifestar apenas sobre os itens apreciados de maneira fatiada.

Advogados e ministros entendem que a participação de Peluso poderia ser anulada, caso ele não siga a forma de votação estabelecida e apresente de uma só vez sua posição contra todos os réus do processo antes do relator e do revisor.

Uma frase dita pelo ministro Ricardo Lewandowski e atribuída a um deslize marcará todo o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. Ao liberar em junho a ação penal para ser julgada, Lewandowski afirmou que sua função, como revisor da ação penal, era fazer um contraponto ao voto do relator, o ministro Joaquim Barbosa.

Nesta segunda-feira, Lewandowski deve confirmar essa tendência ao julgar as acusações contra os primeiros réus do caso. Ao contrário do relator, Lewandowski pode votar pela absolvição de alguns dos crimes imputados aos réus que estão em julgamento nessa primeira fase - o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o empresário Marcos Valério e seus sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach. Essa tensão entre os dois deve se repetir no julgamento dos demais itens, conforme acreditam integrantes da Corte.

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Reservadamente, ministros avaliam que Joaquim Barbosa, inclusive por ter sido procurador da República, tende a concordar com os argumentos da denúncia - na sessão de quinta-feira, o revisor provocou o relator dizendo que ele tinha inclinação a seguir o modelo da acusação. "Não venha me ofender Vossa Excelência também", reagiu Barbosa.

Na quinta-feira passada, veio o bate-boca. Eles estavam na sala de lanches. Antes de iniciada a sessão, discutiam a metodologia de votação. Barbosa queria fatiar o julgamento; Lewandowski queria que os ministros lessem integralmente seus votos. Quase chegaram às vias de fato. "Foi quente, aos gritos", testemunhou Marco Aurélio Mello. "Tudo muito desagradável, expondo a instituição. Não pode deixar descambar para o campo das diferenças pessoais. O Supremo tem que ser visto como um fator de equilíbrio, de serenidade."

Lewandowski, irrequieto, encrencou também com o ministro Gilmar Mendes. "Você armou isso", acusou o revisor se dirigindo ao colega. Mendes evitou o confronto. "Quando um não quer, dois não brigam", justificou Mendes depois.

Há cinco anos, a situação era antagônica. Às vésperas de o tribunal decidir se receberia ou não a denúncia feita pelo Ministério Público contra os 40 investigados, Barbosa e Lewandowski trocaram impressões sobre o processo mais de uma vez, inclusive durante um jantar com a participação de outros dois ministros. Naquela época, os ministros mais novos suspeitavam de um movimento arquitetado pelos mais antigos para rejeitar integralmente a denúncia, livrando parte dos investigados. Com divergências pontuais entre Lewandowski e Barbosa, a denúncia foi recebida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com as medalhas do Brasil em baixa na Olimpíada de Londres, os líderes dos partidos de oposição esqueceram os Jogos Olímpicos e se concentraram nesta quinta à tarde em um auditório da Câmara para assistir pela TV Justiça ao início do julgamento do mensalão e "secar" o ministro Dias Toffoli. Para eles, Toffoli deveria se afastar do processo. Mas os oposicionistas acabaram se envolvendo, de fato, em uma torcida contra o ministro Ricardo Lewandowski, que votou a favor do desmembramento do processo, como pediu o advogado Márcio Thomaz Bastos.

O líder do PSDB, Bruno Araújo (PE), chegou a levantar a suspeita de que foi o ex-ministro da Justiça Thomaz Bastos que escreveu o voto lido pelo ministro Lewandoski. "Como ele já tinha um voto pronto, se a questão de ordem nem tinha sido feita?", perguntou. Ao final, por 9 votos a 2 venceu a tese contrária a Lewandowski, o que fez a oposição aplaudir muito a decisão.

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O deputado Wanderley Macris (PSDB-SP) chegou a dizer que Lewandowski mostrava-se "tão cordial" com Thomaz Bastos por que devia ao ex-ministro a indicação para o Supremo. "Thomaz Bastos era ministro da Justiça quando ele foi nomeado para o STF. O padrinho do Lewandowski foi o Thomaz Bastos", gritou Macris. Nos bastidores, os comentários no Supremo são de que o criticado ministro teve como padrinhos Thomaz Bastos, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), e a e ex-primeira-dama Marisa Letícia.

O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, foi muito elogiado pelos líderes de oposição. A única vez em que houve referência à Olimpíada ocorreu quando o deputado Vaz de Lima (PSDB-SP) comentava a saúde de Barbosa, que tem problemas na coluna e tem de mudar de posição o tempo todo: "Esse aí é medalha de ouro, mesmo sentado e gordo". Quando Barbosa disse que o voto de Lewandowski era uma "deslealdade", o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) comentou: 'Nossa Senhora, Nossa Senhora. Esse debate está mais quente do que os nossos no plenário".

Mas os parlamentares de oposição aplaudiram os ministros que votaram contra desmembramento do processo. Primeira a votar contra o desmembramento, a ministra Rosa Weber caiu nas graças dos oposicionistas, que gritaram: "Essa é nossa". O voto de Cezar Peluso, também contrário ao de Lewandowski, arrancou gargalhadas de Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Vaz de Lima, Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS), Bruno Araújo e Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Quanto à posição de Dias Toffoli, que eles queriam ver longe do julgamento, os parlamentares de oposição concluíram que ao votar contra o desmembramento ele buscou um salvo-conduto, para no futuro declarar-se imparcial.

O ministro Ricardo Lewandowski usou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de desmembrar o processo relativo ao chamado "mensalão mineiro" para defender uma decisão semelhante no processo do "mensalão", que começou a ser julgado nesta quinta. O processo relativo a Minas Gerais foi dividido, ficando no STF apenas a parte relativa ao deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

Lewandowski votou para acatar a questão de ordem do advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende José Roberto Salgado, desmembrando também o processo do "mensalão" e mantendo no Supremo somente as acusações contra os deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar da Costa Neto (PR-SP), que têm foro privilegiado. O relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, recusou o desmembramento. Os outros ministros vão agora se manifestar sobre o tema.

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Em cerca de uma hora e meia de voto, o relator revisor do processo citou dezenas de decisões do STF pelo desmembramento para defender a tese. A principal delas foi a do que ele chamou de "mensalão tucano". Lewandowski destacou que o relator daquela ação foi Joaquim Barbosa, o mesmo da ação em julgamento. "Um dos casos mais emblemáticos é o do que a imprensa chama de mensalão tucano, nos quais os envolvidos foram acusados de atuar em modus operandi muito parecido", ressaltou Lewandowski.

Barbosa chegou a interromper novamente o colega para lembrar que defendeu o desmembramento do "mensalão" no início do processo e foi derrotado em plenário. Disse que pelo fato de toda a instrução já ter sido feita, não teria por que tomar a medida agora.

Lewandowski insistiu em acatar a questão de ordem. Ele afirmou que a decisão anterior não abrangeu o aspecto constitucional do tema e continuou lendo seu voto destacando uma jurisprudência do STF em acatar a separação dos processos. "Estou mostrando a habitualidade, a forma rotineira com que a corte tem decidido dessa forma", ressaltou. Afirmou ainda que decisões de não desmembrar podem ser vistas como "casuísticas".

O ministro Marco Aurélio Mello, que já defendeu em outras ocasiões o desmembramento, já manifestou sua concordância com Lewandowski. Citou, inclusive, o mesmo escândalo mineiro para defender a tese, chamando-o de "mensalinho". "Se fizeram com o mensalinho, por que não desmembrar o mensalão?", questionou.

Lewandowski retomou seu voto destacando o direito dos cidadãos ao "duplo grau de jurisdição" e destacou que os réus do processo estariam tendo essa garantia constitucional violada. "Esse salutar exame e reexame dos autos está sendo indevidamente sonegado aos réus. Eles serão julgados em uma única e última instância nessa casa", disse. Ressaltou ainda que os ministros do STF também são "falíveis". Disse ainda que a remessa do processo para a primeira instância não provocaria prescrição e poderia haver julgamento até mais rápido do que o Supremo.

A CPI do Cachoeira está autorizada a divulgar documentos relacionados às investigações que apuram ligações de parlamentares com o contraventor Carlos Augusto Ramos. Numa decisão tomada nesta quinta, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou a CPI para veicular as informações a seu critério. De acordo com o ministro, os únicos dados que deverão permanecer em sigilo são as interceptações telefônicas.

Lewandowski também resolveu encaminhar à CPI cópia integral de mídias relativas a escutas telefônicas oriundas da Operação Monte Carlo. O material foi recebido da 11ª. Vara Federal de Goiânia. Conforme o ministro, as gravações estão em nove DVDs e abrangem cerca de mil horas de conversa.

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Para facilitar apurações de eventuais vazamentos das interceptações telefônicas, Lewandowski determinou que o material tenha identificação digital. Dados sigilosos encaminhados anteriormente à CPI vazaram. Uma sindicância foi aberta para apurar a responsabilidade pelo vazamento.

Diante de recentes pedidos de investigados ao STF para garantir acesso às provas antes de depoimentos na CPI, Lewandowski fez questão de ressaltar em seu despacho que o sigilo não alcança os integrantes da comissão nem os investigados pela CPI ou em inquéritos relacionados às operações Vegas e Monte Carlo. De acordo com o ministro, essas pessoas têm o direito de acesso aos inquéritos, podendo inclusive tirar cópias.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, revisor da ação penal sobre o mensalão, garantiu nesta sexta, em Curitiba, que o processo será julgado ainda este ano. "Este ano ainda julgaremos. A expectativa é não só dos ministros, mas da sociedade e também minha", acentuou. Ele esteve em Curitiba para participar do Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral.

Para que isso ocorra, Lewandowski acentuou que tem trabalhado "intensamente". "A equipe de meu gabinete está praticamente toda dedicada a isso", reforçou. "Quanto mais cedo puder julgar é melhor. Estamos trabalhando para ser o mais rápido possível." O ministro ponderou, no entanto, que tem muitos outros trabalhos além do processo do mensalão, e que trabalha às noites e finais de semana. "No meu gabinete há o processo que envolve a CPI do Cachoeira, tem muita coisa para fazer", afirmou.

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Mais tarde, a ministra Cármen Lúcia, que também tinha palestra prevista para o Congresso, disse que está pronta para o julgamento. "Da minha parte, estarei habilitada a votar na hora em que ele for colocado em pauta", garantiu. "Nós somos servidores e queremos dar respostas o mais rápido." Ela reforçou que está "estudando há algum tempo" o processo, assim como seus

Colegas.

No entanto, disse que não tinha como prever uma data, visto que dependeria do relator, ministro Joaquim Barbosa, que já o entregou ao revisor, Ricardo Lewandowski, e, finalmente, do presidente do STF, ministro Ayres Britto, colocar em pauta. Segundo Cármen Lúcia, a demora deve-se ao fato de que não é comum ações penais serem apreciadas no STF, além de que há 38 réus e mais de 600 testemunhas. "É um processo longo", ponderou. "Se fosse (julgado) em primeira instância, o juiz talvez não tivesse todo o aparato necessário para chegar a esse julgamento."

Ficha Limpa

Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a ministra disse que está será a primeira eleição com a lei da ficha limpa em sua integralidade. "Todo o rigor será aplicado no sentido de que a lei seja cumprida", afirmou. "A lei tem eficácia jurídica e social, pois teve iniciativa dos cidadãos que esperam que ela seja cumprida." No entanto, ela acredita que o cidadão tem se mostrado mais atento. "Sabe que não é só votar, mas ter ciência de quem é o candidato", disse.

Cármen Lúcia manifestou apreensão em relação ao número de juízes que trabalharão nas eleições. Ela disse que, no curso de um ano, já foram enviadas 27 listas de juízes efetivos e substitutos para a Presidência da República. Ela destacou que recentemente voltou a encaminhar as listas demonstrando sua preocupação. "Acredito que a presidente vai atender", reforçou.

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