Há algum tempo a ginástica artística brasileira esperava que 2015 chegasse para que, enfim, Flávia Saraiva e Rebeca Andrade pudessem estrear nas competições adultas e proporcionarem um recomeço à seleção. Sem vaga na Olimpíada por enquanto, o Brasil deu, em 2015, um passo muito menor do que se esperava. Mas comemora ter descoberto o talento de uma ginasta que vivia à sombra de Flávia e Rebeca: Lorrane Oliveira.
Em seu primeiro ano na seleção, depois de um 2014 consumido por lesões, Lorrane foi o grande destaque de 2015, 11.ª da fase do individual geral na fase de classificação do Mundial de Glasgow. Brilhou quando o Brasil mais precisou dela, uma vez que aquelas apresentações valeriam na briga por uma vaga por equipes na Olimpíada.
##RECOMENDA##Se Rebeca Andrade ficou fora do Mundial por conta de uma grave lesão no joelho, Jade Barbosa não retomou o nível anterior à das últimas cirurgias e Flávia Saraiva falhou nos momentos decisivos, Lorrane fez mais do que se esperava dela. "A Lorrane é uma atleta que além de ela ter os quatro aparelhos muito bons, tem grandes chances de final no individual, no salto, no solo e na paralela", opina a veterana Daniele Hypolito. "Na trave depende muito de como ela vai estar no dia, mas também dá."
Lorrane, mais bem articulada do que as demais novatas da ginástica, concorda com a opinião da colega. "Só não conto muito com a paralela, tenho que colocar mais dificuldades na série", diz. No Mundial, ela não se classificou para nenhuma final de aparelho, só no individual geral. Ali, teve a quarta melhor nota do salto.
No Campeonato Brasileiro, chegou como favorita e ganhou nas barras assimétricas e no solo, ficando em terceiro na trave. No individual geral, colocou 2,350 pontos de folga sobre a segunda colocada, Jade Barbosa. "Em cada competição que vou bem, só vou melhorando e ficando mais confiante", avalia Lorrane, que nega que as atenções e a pressão agora depositadas nela possam atrapalhá-la.
Depois de ficar em nono lugar no Mundial, o Brasil vai brigar com outros sete países por quatro olímpicas por equipes através do evento-teste do ano que vem, já no Rio. Rebeca deve estar de volta e, em boa forma, tem lugar assegurado no time. Flávia Saraiva e Lorrane Oliveira também.
Se a vaga na Olimpíada vier, serão só cinco credenciais, para uma seleção formada por 12 atletas. Dani Hypolito e Jade Barbosa devem concorrer com Letícia Costa e jovens como Thauany Araújo, Lorena Rocha, Milena Theodoro, Julie Kim e Mariana Oliveira.
"Eu acho que ninguém está garantido nem no evento-teste nem na Olimpíada. A gente tem que colocar coisas inesperadas no papel também. Ninguém é certo nessa seleção, todo mundo tem o objetivo de classificar o Brasil. As 12 atletas estão com um único objetivo", garante Daniele.