Em votação nesta terça-feira (12), o então deputado federal Arthur do Val (União Brasil), mais conhecido como Mamãe Falei, teve a aprovação da cassação do seu mandato por unanimidade pelo Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo. Agora, o processo por quebra de decoro parlamentar segue para ser votado em plenário e perde o mandato definitivamente se a maioria dos 94 parlamentares votarem a favor do projeto.
Todos os nove membros do Conselho acataram o parecer do relator Delegado Olim (PP), contra Arthur do Val após o vazamento de áudios machistas e misóginos sobre as refugiadas ucranianas, que ele dizia que as ucranianas “são fáceis porque são pobres”.
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“Eu errei, ponto final”, disse do Val ao se defender. “Quero pedir desculpas aqui, principalmente às mulheres ucranianas que estão aqui e às pessoas que verdadeiramente se ofenderam com os meus áudios. Eu apareço o tempo todo quando acerto, quando erro vou vir aqui assumir o meu erro, falar, ouvir e merecer algumas palavras que foram ditas aqui”, disse.
Em seguida, Mamãe Falei apontou que o processo de cassação não era pelo conteúdo do áudio vazado, “é porque sou eu”. “Eu não tenho dúvidas de que vai ser 10 a zero. A gente viu o pessoal correndo com uma urgência que está fora do regimento, que foi atropelado. Isso está acontecendo porque todos aqui me odeiam, e falo isso sempre. Além de toda a minha conduta, que já irrita todo mundo, agora, eu ser o responsável por não conseguirem aumentar R$ 4 mil por mês para alugar carro, sei que isso incomodou muita gente”.
Ele também apontou vários parlamentares e falou sobre o PT. “Esse processo é pelas minhas virtudes, que eu não sou como o PT, que tem que ser escravo do Lula. Vocês são escravos dessas pessoas; eu também bato de frente com o governo, a verdade é que eu não tenho ninguém aqui pra por um guarda chuva quando eu erro, e eu errei”.
“Isso claramente não é um processo sobre machismo. Vamos ver o relator Olin, no caso do Fernando Cury, deputado que assediou a Isa Pena de verdade, não mandou um áudio, ele fez. Se fosse ele, eu duvido que seria cassado. Ao falar do relatório do deputado Cury, disse: ‘eu acho que estamos com uma pressa muito rápida, acho que temos que olhar com muita calma, não estou entendendo porque essa pressa. Qualquer coisa prorroga o prazo, ninguém vai deixar de cumprir o que tem que ser feito. Correria, coisa muito na rapidez, não funciona’”, alegou Arthur do Val, ao apontar antigas falas de deputados.
Ele falou, ainda, sobre a pretensão em disputar ao governo de São Paulo antes de todo o burburinho do áudio vazado e da cassação. “Esse ano eu ia disputar o governo de São Paulo, a minha chance de ganhar era muito alta? Acho que não. O que seria o Arthur do Val nesse mesmo período do ano que vem? A minha força, meu propósito, a minha motivação e a replicação do meu trabalho não vem da atividade legislativa. Isso aqui é só um sintoma de uma causa maior que está aí fora, olha quantas pessoas me apoiam e vocês são testemunhas disso”.