Tópicos | manifestação artística

Neste mês de julho, começa o período de férias, seja no ambiente escolar ou acadêmico. Com o tempo livre, uma boa opção de lazer é acompanhar obras cinematográficas. O LeiaJá entrevistou o crítico de cinema e autor do livro “Cinema Brasileiro no Século 21”, Franthiesco Ballerini, para dar dicas de filmes nacionais que todo brasileiro deve assistir. O especialista também contou como está o cenário cinematográfico no Brasil. Confira:

Central do Brasil (1998) – Direção de Walter Salles

##RECOMENDA##

O filme conta a história de Dora (Fernanda Montenegro), uma ex-professora que ganha a vida escrevendo cartas para pessoas analfabetas, e parte em uma busca no interior do Nordeste para encontrar o pai de um garoto chamado Josué (Vinícius de Oliveira), que perdeu a mãe em um acidente de ônibus. A obra ganhou o 'Urso de Ouro (melhor filme)' e o 'Urso de Prata (melhor atriz)' no Festival de Berlim, além de levar o 'Globo de Ouro' de melhor filme estrangeiro. Franthiesco comenta que este é um dos melhores trabalhos de direção, e um dos melhores trabalhos de harmonia entre todos os elementos de um filme.

Cidade de Deus (2002) – Direção de Fernando Meirelles e Kátia Lund

A trama gira em torno do jovem Buscapé (Alexandre Rodrigues), morador da periferia, que tem seu destino traçado fora dos caminhos da bandidagem, por conta de seu talento como fotógrafo. Vale destacar a presença do personagem Zé Pequeno (Leandro Firmino), como um dos grandes antagonistas do filme, que foi indicado a quatro categorias do Oscar: melhor diretor; melhor fotografia; melhor montagem e melhor roteiro adaptado. De acordo com o crítico, este também é um dos filmes que conseguem ser um trabalho impecável de autoralidade, com apelo ao público.

Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) - Direção de Glauber Rocha

O cineasta brasileiro, que na época tinha apenas 25 anos, trouxe na obra uma história sobre rebelião popular com cenário principal nos sertões brasileiros. A sinopse oficial conta que, depois de matar um patrão inescrupuloso, Manoel (Geraldo Del Rey) foge com a mulher Rosa (Yoná Magalhães) para as terras áridas do sertão. Para Franthiesco, esta obra cinematográfica tem o melhor roteiro sobre a gênese da violência, que gera o cangaceiro.

Limite (1931) – Direção de Mário Peixoto

O filme é preto e branco, e também mudo. A trama aborda a história de duas mulheres e um homem que estão em um barco à deriva, que posteriormente passam a ficar cansados de remar. Conformados com a morte, os personagens passam a relembrar situações do passado. O filme chegou a ser exibido em Paris e Londres, e hoje existem cópias do filme incompleto, por conta de trechos que se perderam. Estudiosos e cineastas já o assistiram, como Orson Welles (1915 – 1985) em sua passagem no Brasil, no ano de 1942. Segundo Franthiesco Ballerini, esta é uma obra que precisa ser vista.

O Bandido da Luz Vermelha (1968) – Direção de Rogério Sganzerla

Neste filme, a história é inspirada nos crimes do assaltante João Acácio Pereira da Costa, o bandido da luz vermelha, que realiza assaltos em residências, e foge das autoridades policiais. De acordo com o cineasta Sganzerla, este é um longa que mistura diversos gêneros: faroeste, musical, documentário, policial, comédia, ficção científica e se torna um “filme-soma”. Franthiesco avalia que este foi um filme “importantíssimo”.

Terra em Transe (1967) – Direção Glauber Rocha

O longa traz um contexto sobre política em sua composição, por conta do momento em que foi feito, nos anos 60, durante a ditadura militar. A trama mostra um país chamado Eldorado, onde o poeta e jornalista Paulo Martins (Jardel Filho) decide abandonar a proteção de um político, para apoiar o populista Felipe Vieira (José Lewgoy) para governador. Para o crítico de cinema, este é um filme fundamental para entender o Brasil de hoje. “Glauber foi muito visionário na época”, destaca.

Importância do cinema nacional

De acordo com Ballerini, é importante que o Brasil produza obras cinematográficas, porque o cinema por si só é uma manifestação da cultura de um país. “O cinema trafega e flutua muito bem pelo mundo, por meio dos festivais, pelo streaming também. Então é uma maneira excelente de mostrar nosso país, nossa cultura, nossa cara, o lado bom e o lado ruim”, aponta.

Existem caminhos para que a cultura brasileira seja exposta, de modo que se rompa a barreira da estereotipação. “O cinema é o caminho para a gente fugir do estereótipo do futebol e do carnaval, ou até mesmo de falar dessas manifestações, fugindo dos estereótipos. É importantíssimo, o cinema já fez isso muito bem”, comenta.

Franthiesco ressalta que existe uma ideia equivocada, de que os filmes nacionais mostram apenas as mazelas do país. “Ao contrário, o cinema brasileiro é um dos canais para se mostrar a pluralidade da nossa cultura”, diz.

Sancionada desde o último dia 27 de maio, a Lei estadual nº 15.516 de autoria do deputado Ricardo Costa (PMDB), será o tema de uma audiência pública na próxima quarta-feira (10), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O debate proposto pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ocorrerá às 11h, no auditório da Casa Legislativa.

A norma regulamenta o uso do espaço público e estabelece que qualquer tipo de manifestação artística seja restrito entre os horários das 10h e 22h, exceto para eventos financiados e aprovados previamente pelo governo. Apesar de já está em vigor, alguns deputados e representantes do segmento cultural criticaram a iniciativa, por isso, o autor da proposta já pensa em fazer alterações. 

##RECOMENDA##

“Estou aberto a oxigenar essas leis conversando com os segmentos da sociedade, de artistas, da prefeitura, com secretários e ouvir suas expectativas para que todos discutam a responsabilidade da nossa cultura, folclore, teatro, música e toda a manifestação possa a partir de agora, ter nossa inclusão que oportuniza esse novo ordenamento”, reconheceu Costa durante entrevista recente ao Portal LeiaJá

Confirmando a possibilidade de modificações, na pauta da agenda da Alepe o evento está marcado com o objetivo de colher sugestões para o aprimoramento da lei. 

 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando