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A arte sempre teve seu campo de ação voltado à informalidade. Não é difícil encontrar atores do meio cultural que assumam ser “autodidata”. Um músico que aprendeu a tocar sozinho, artesãos cujo trabalho vem de tradições familiares, etc. Tal característica é marcante no que diz respeito ao meio artístico, a qual são atribuídos respeito e admiração. Contudo, em muitos aspectos desse mercado, um ensino técnico é necessário. 

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Nos últimos anos, é clara a necessidade de investir na qualificação de profissionais ligados ao setor cultural. Em muitos casos, a pessoa entra no mercado sem saber o básico daquilo que precisa para oferecer uma boa qualidade ao que oferta. Pensando nisso, iniciativas vêm sendo aplicadas com o objetivo de capacitar os interessados em trabalhar nessa área. Com o apoio de leis de incentivo e de editais, essas ações visam, principalmente, trazer o conteúdo técnico e profissionalizante para a população de baixa renda, promovendo uma inserção no mercado de trabalho e contribuindo para a formação dessas pessoas. 

Na Zona Norte do Recife, um curso vem oferecendo capacitações para músicos da região. O Radar Zona Norte tem como pré-requisitos para o aluno ser morador da região, ter uma banda e estudar ou ter concluído o ensino em escola pública. O projeto é financiado através de lei de incentivo, pelo Funcultura, e é gratuito. Segundo Guilherme Bota (foto à esquerda), gestor do curso, a iniciativa surgiu com a necessidade de profissionalizar e qualificar esses profissionais para atuarem na área. “De uns 10 anos pra cá surgiu uma demanda bem maior, com o carnaval, os festivais no Estado, os eventos da Fundarpe”, comenta.

A programação do curso traz aulas de formação de roadie (profissional responsável pela manutenção dos palcos), elaboração de projetos, eletrônica para áudio e aulas de “como montar sua banda”. “O aluno que sai do curso está habilitado para trabalhar, e dependendo da força de vontade ele pode crescer muito no ramo”, comenta Guilherme Bota. As aulas começaram no último dia 10 e vão até 5 de abril, com realização no Sesc Casa Amarela. 

Guilherme, que também é produtor e trabalhou com nomes da música pernambucana, como Cordel do Fogo Encantado e João do Morro, comenta que a importância das capacitações para a cultura local é muito grande. “Eu vejo as pessoas se queixando que não têm muitos profissionais capacitados para trabalhar, e através do curso os alunos podem levar a experiência para os palcos”, afirma. O produtor também denuncia a má qualidade dos profissionais contratados para atuar em festivais da Prefeitura do Recife. “Muitas vezes a gestão coloca qualquer pessoa para trabalhar, por indicação política, e muitas vezes essa pessoa não está capacitada para estar lá”, finaliza.

Uma das alunas do Radar Zona Norte, Mayra Vitorino, 25 anos, encontrou a oportunidade pela internet. Após passar por bandas de artistas como Antúlio Madureira e Arlindo dos Oito Baixos, como vocalista, ela agora pretende começar sua própria banda. “A oportunidade veio bem a calhar porque estou querendo voltar a ter uma banda. O curso vai ensinar como me sustentar no mercado cultural, como vender minha arte e me sustentar”, comenta. 

Moradora de Água Fria, bairro da periferia do Recife, Mayra acredita que a iniciativa é muito importante para a formação dos profissionais da área. “Essas capacitações profissionais são fundamentais para a cultura local. Tem muita gente precisando, por mais que tenha experiência, como é o caso de muita gente no curso, é sempre essencial aprender mais com profissionais capacitados”, afirma a cantora.

Empreendedorismo

A Secretaria da Mulher (SecMulher) da Prefeitura da Cidade do Recife lançou o segundo curso do programa Mulher, Trabalho e Renda. Com o objetivo de promover uma melhor formação em artesanato e mostrar os caminhos do empreendedorismo, o curso “Artesãs tecendo a cidadania” terá início no próximo dia 17. Ao todo, 150 recifenses participarão das oficinas. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Mulher, a capacitação é uma oportunidade para as artesãs se tornarem empreendedoras, podendo participar de feiras para expor seus trabalhos e produzir renda. 

Oportunidades no interior do Estado

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) abriu cursos de formação técnica na área cultural. Com inscrições abertas, as atividades visam qualificar os produtores e agentes culturais do Estado e oferecer uma nova visão de como viver a partir da arte. Ao todo, 463 vagas em 10 capacitações são oferecidas em 11 municípios de Pernambuco, o que mostra a necessidade de levar esse tipo de iniciativa para o interior. Há oportunidades em cursos como o de ilustrador e o de assistente de produção cultural. Para ter acesso a todas as capacitações oferecidas, clique AQUI

“Por meio da profissionalização da cultura, a potencializamos enquanto mecanismo de desenvolvimento social, reforçando laços identitários e tradições ao mesmo passo em que criamos condições para que o profissional na área cultural possa viver de maneira digna de seu trabalho, de sua arte”, comenta Denizá Barbosa, um dos gestores do Pronatec. 

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