Quase dois mil professores da rede pública e privada continuaram a reivindicação pelo cumprimento da Lei do Piso, geração de plano de carreira para a categoria, e mais investimentos para a educação. Na tarde desta quarta-feira (14), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), dentro das atividades da paralisação nacional, organizou uma mobilização em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), área central do Recife. Vários movimentos que apoiam as reivindicações participaram da ação, que por volta das 16h culminou numa grande caminhada pelas ruas do centro da Cidade.
Com faixas e bandeiras, bem como o auxílio de carros de som, os professores saíram da Alepe, passaram perto do Parque Treze de Maio, seguiram pelas avenidas Conde da Boa Vista e Guararapes, finalizando a movimentação na praça do Diário. De acordo com o presidente do Sintepe, Heleno Manoel Gomes de Araújo, a reivindicação possui três objetivos principais. “A greve nacional tem três eixos: aplicação integral do reajuste salarial, promover o nosso plano de carreira e aplicar recursos da união na educação”. Heleno também disse que “os estados e municípios tem que fazer a sua parte, valorizando os professores e investindo na infraestrutura das escolas”.
Há 22 anos Elisabeth Estevão é professora e atualmente atua no município do Cabo de Santo Agostinho. Ela afirmou que a prefeitura ainda não informou nada sobre o reajuste. “Até agora a prefeitura do Cabo não se pronunciou. Estou aqui para reivindicar o meu direito. Queremos o reajuste estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC)”, contou a professora.
Presidente do Sintepe fala sobre as reivindicações.
Já o professor Eduardo Câmara, que há 8 anos atua na profissão, disse que uma reivindicação importante dos professores é sobre a forma de reajuste. “O principal motivo é impedir a forma de reajuste pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Nós lutamos para que o reajuste seja realizado pelo MEC, porque isso é uma conquista nossa”, exaltou Câmara. A senhora Vilma Marinho, de 65 anos, trabalhou 25 como professora e hoje está aposentada. Mesmo assim, ela fez questão de participar do protesto. “É bom fortalecer o movimento. Temos que sair as ruas e lutarmos pela nossa profissão”, relatou dona Vilma, entusiasmada.
Presença política
Ainda na concentração da movimentação, um fato chamou atenção. Alguns tiveram espaço para falar em nove dos objetivos dos protestantes, como o deputado estadual Luciano Siqueira, do PCdoB. Porém, uma pequena parte dos professores não aceitaram as palavras do deputado e começou um princípio de vaias. “Eles só estão aqui porque é época de eleição”, disse uma professora que não quis revelar o nome. Logo a situação foi controlada, quando o presidente do Sintepe tomou frente ao público e pediu a união e apoio dos professores pela causa.
Tia não, professora sim
Professoras integrantes de um movimento feminista, que briga pelo direito das mulheres estavam fazendo a seguinte campanha: “Tia não, professora sim”. A intenção do grupo foi chamar a atenção sobre algumas profissionais que não são reconhecidas como profissionais de fato, de acordo com Maria Mazarelo, integrante do movimento. “Tia é uma armadilha ideológica. Ela é prestadora de favores. Exigimos ser tratadas como as profissionais que somos. Existem pais de alunos que não conhecem o nome da gente, e isso é muito ruim. Exigimos respeito.
Apoio estudantil
Alisson Barbosa é estudante e esteve presente na movimentação, com o intuito de ajudar os professores. “O que os professores querem são coisas essenciais para o desenvolvimento do Brasil. Os estudantes precisam aderir ao movimento e mobilizar as suas escolas. O professor tem um papel decisivo na formação do cidadão”, defendeu o estudante.