A Europa, as Américas, a Ásia, a África: o diretor artístico da maison Christian Dior, Raf Simons, encontrou sua inspiração na observação de outras culturas e de diferentes estilos para a coleção de Alta-Costura que apresentou nesta segunda-feira em Paris, derrubando alguns códigos da famosa maison de moda parisiense.
Há um ano, o estilista belga Raf Simons apresentou sua primeira coleção de Alta-Costura para Dior. Desde então modernizou com sucesso os clássicos da marca, que tinha várias peças muito parisienses, mas usadas por mulheres ricas do mundo inteiro. Desta vez, o estilo (ou os estilos) apresentado é diferente.
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"Comecei a observar as clientes de Alta-Costura de diferentes continentes e de diferentes culturas, e seus estilos próprios", disse o estilista em uma nota aos convidados.
"A coleção não é somente sobre um Dior parisisense ou francês, mas sobre um Dior confrontado no mundo inteiro", acrescentou.
Assim como seus clientes, a Dior escolheu modelos de diferentes origens: muitas asiáticas, mas também negras, enquanto a diversidade ainda é rara nas passarelas.
Essa diversidade apareceu também nos looks. A famosa jaqueta "bar", mais conhecida de Dior, apareceu, junto ao pied-de-poule, sobre um vestido-coquetel em lã azul cobalto e vermelha. Mas alguns cortes deram asas à imaginação, lembrando quimonos, estampas em referência à Ásia Central e África. As estampas também apareceram gráficas, com listras coloridas, inspiradas pelas Américas.
Raf Simons usou técnicas tradicionais, como o shibori japonês, que dá a impressão de pontos sobre vestidos de seda.
Será que isso significa que é necessário criar diferentes vestidos segundo a clientela? "A Alta-Costura não se adapta à uma geografia. Aqui, Raf Simons se inspirou em todos os continentes. Mas o vestido com inspiração japonesa pode muito bem ser comprado na Europa"" disse o presidente da Dior, Sidney Toledano.
-- "Não é mais algo de senhoras" --
Os grandes vestidos de noite vão com certeza aparecer nos tapetes vermelhos de todo o mundo, como um vestido tomara-que-caia longo de seda com cinto em tom cru e rosa pálido bordado ou outro em lã azul cobalto com um grande decote acinturado e saia assimétrica.
O desfile foi muito aplaudido por celebridades do mundo inteiro, muitas vestidas em looks Dior, é claro. A garota propaganda da marca, a atriz americana Jennifer Laurence, "amou" o desfile, assim como a francesa Léa Seydoux. As estrelas asiáticas apareceram em peso, como a atriz sul-coreana Gianna Jun e a chinesa Sun Li.
O presidente da Dior parecia encantado. "A Alta-Costura funciona muito bem e em todos os lugares. Raf (Simons) conquistou o coração dos clientes que já existiam e ganhou novos. Os americanos voltaram com força".
A Alta-Costura "não é mais algo de senhoras. Nós vendemos muito para mulheres de 30 anos", disse.
Antes do desfile da Dior, o francês Christophe Josse apresentou sua elegante e luminosa coleção. Seus clientes vão enfrentar o próximo inverno em longos vestidos brancos e rosa antigo, amplos ou justos no corpo. Tafetá e chifon foram aquecidos por lã natural de carneiro.
Já a estilista holandesa de 29 anos Iris Van Herpen criou uma coleção vanguardista, entre Alta-Costura e arte contemporânea, ficção científica e poesia.
Em bege, preto e verde-alga, enriquecidos com joias espelhadas, seus espetaculares vestidos-esculturas misturam resina e óxido de ferro, bordados tradicionais e inovações tecnológicas, e parecem crescer no corpo das modelos como árvores ou conchas.
Trinta peças vanguardistas de Iris estão expostas até 31 de dezembro na Cidade Internacional da Renda e da Moda de Calais (norte).
Os desfiles do dia terminam com Giambattista Valli e na terça-feira é a hora de ver Chanel e o brasileiro Gustavo Lins.