SISTEMA PRISIONAL
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No primeiro mês do ano, início do mandato do governador Paulo Câmara à frente do estado, um caldeirão há muito tempo cheio transbordou. Rebeliões, mortes, dezenas de feridos. Reeducandos do Complexo do Curado se mobilizam contra o sistema prisional do qual são personagens diretos.
A indignação chega a outras unidades pelo estado. Vídeos e fotos mostram o cenário de guerra dentro dos blocos dos presídios da Região Metropolitana do Recife. Em dois dias, 72 feridos e dois mortos: um sargento da PM e um detento. A transferência de presos – uma das principais exigências durante as manifestações – amenizou a tensão, mas os tumultos dentro das unidades prisionais continuaram ao longo do ano.
Revistas contínuas seguem sendo realizadas e, quase que semanalmente, novas armas são encontradas nos presídios. Tão comuns como as descobertas de túneis nestes locais. Em meio às fugas, a certeza de que a segurança pública pernambucana precisa ser repensada. O ano de 2015 chega ao fim, mas os problemas persistem.
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OCUPE ESTELITA VS NOVO RECIFE
O movimento e o debate sobre os antigos armazéns do Cais José Estelita continuaram a estampar os noticiários locais, em 2015. Depois das grandes manifestações e a conturbada reintegração de posse realizadas no ano anterior, o Ocupe Estelita prosseguiu com as reivindicações em episódios também marcantes neste ano.
A votação do Projeto de Lei que versava sobre o Plano Urbanístico Específico do local causou indignação nos manifestantes. Segundo o movimento, houve bloqueio do poder público à participação popular. Indignados, os integrantes do Ocupe acamparam em frente ao prédio do prefeito do Recife, Geraldo Julio, no bairro da Torre. Durante protesto no mês de outubro, uma ação de um PM que atirou à queima-roupa em integrantes do movimento gerou revolta e fortaleceu ainda mais as críticas ao autoritarismo da gestão municipal.
Em sequência, após a Polícia Federal já ter afirmado que via fortes indícios de fraudes no leilão do terreno, a Justiça Federal anulou a compra do terreno e determinou que o Município do Recife, a União e o Iphan se abstenham a autorizar todo e qualquer projeto que controverta ao ambiente histórico, paisagístico, arquitetônico e cultural das áreas do entorno do Forte das Cinco Pontas, incluindo o Cais José Estelita, sob as penas da lei.
Porém, mais um capítulo da novela foi apresentado. O Tribunal Regional Federal (TRF) derrubou a liminar que anulava a compra do Cais José Estelita e impedia construções no local. A decisão unânime foi proferida pela 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região durante a última sessão de julgamento de 2015. O movimento ainda não determinou datas, mas deve se manifestar diante da decisão do parecer.
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ACIDENTES FATAIS NOS ÔNIBUS DA RMR
O ano de 2015 foi marcado por acidentes envolvendo o sistema de transporte público da Região Metropolitana do Recife (RMR), que resultaram em vítimas fatais. Duas pessoas morreram após caírem de ônibus.
Em maio, a estudante Camila Mirele Pires da Silva, de 18 anos, caiu de um coletivo da linha Barro/Macaxeira, da empresa Metropolitana, e não resistiu aos ferimentos. Na ocasião, testemunhas afirmaram que o motorista do coletivo teria aberto a porta do meio com o veículo ainda em movimento.
Um mês depois, o universitário Harlinton dos Santos também foi vítima de um acidente envolvendo coletivos. O jovem tentou subir em um ônibus da TI Tancredo Neves (IMIP), mas o motorista não abriu a porta e arrancou. O jovem se pendurou no veículo e, em seguida, foi arremessado, fraturando bacia e costela.
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CAOS NO IML DO RECIFE
“Vocês precisam ter estômago pra entrar lá. Não há condições dignas para nossos trabalhadores”. O alerta fora dado pelo vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Rafael Cavalcanti. Ele se referia ao setor de necropsia do Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. Indignados com a precariedade do local e a falta de respeito a familiares, profissionais abriram as portas da instituição para a imprensa e para a sociedade recifense.
Restos mortais em sacolas ao ar livre, couro cabeludo de cadáveres pelo chão, corpos guardados sem os devidos cuidados e falta de estrutura. Os problemas eram inúmeros. Após a denúncia, deputados da bancada de oposição da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) fizeram uma visita ao IML e promoveram audiência pública para debater as condições desumanas do local.
Apesar das tentativas, os trabalhadores pareceram não ter sido atendidos. Em setembro, terceirizados – responsáveis pelos serviços de limpeza, preparação e busca de corpos – entraram em paralisação por tempo indeterminado. A categoria reivindicou o pagamento do salário, que estaria há quase dois meses atrasado. Devido ao protesto, corpos demoraram a ser liberados. Após pressão, a Secretaria de Defesa Social garantiu o pagamento dos valores em atraso.
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DESAPARECIDOS
Um ano marcado por desaparecimentos com desfechos dos mais diversificados, em Pernambuco. O sumiço de Vaniela, em maio, comoveu toda a população e, nas redes sociais, todos tentaram auxiliar a delegada Gleide Ângelo, responsável pelas buscas. Depois de três dias, a estudante de Direito é reencontrada e, sem sinais de violência, mais polêmica sobre o que tinha acontecido com a garota. Até hoje, a versão oficial sobre o ocorrido é incerta.
Mais dramático foi a conclusão do caso da jovem Maria Alice. Desaparecida enquanto ia, supostamente, para uma entrevista de emprego com o padrasto. A revelação de que este teria sido o autor do crime – estupro seguido de homicídio – chocou a comunidade pernambucana. Gildo da Silva Xavier já começou a ser julgado e a previsão é de que em 2016 saia a sentença.
Outro caso com “final feliz” foi o da jovem Rafaela Costa que, segundo a polícia, teria tido um surto psicológico e retornou pra casa. Fato que não ocorreu com Aleff. Mãe e parentes do garoto de 17 anos garantem: o jovem foi agredido e morto pela Polícia Militar. O sumiço é cercado de mistério. Não encontraram Aleff. E a dor dos familiares segue sem ser enterrada.
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SURTO DE MICROCEFALIA
O aumento no número de casos de bebês nascidos com microcefalia causou um alerta em Pernambuco. Resultados de exames realizados em fetos com a malformação apontaram fortes indícios de que a doença tenha sido causada pelo zika vírus, transmitida pelo Aedes aegypti.
O surto fez com que o governador Paulo Câmara encaminhasse um ofício para Dilma Rousseff solicitando uma audiência “em caráter de urgência”. No início de dezembro, a presidente esteve no Recife para uma reunião de monitoramento do combate ao mosquito.
Em busca de proteção, os consumidores zeraram as prateleiras de repelente de várias farmácias do Recife. Uma criança com microcefalia foi abandonada em abrigo da capital pernambucana.
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DESASTRE EM MARIANA
Era por volta das 16h quando a barragem de Fundão, da Samarco Mineração, localizada em Mariana, se rompeu. Ao todo, 35 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de minério desceram em forma de avalanche pelas comunidades próximas, como a de Bento Rodrigues, local mais atingido por um dos maiores desastres registrado no país.
Ao todo, 35 municípios foram afetados pela lama decorrente do rompimento da barragem. O Rio Doce foi absolutamente atingido e muitos pesquisadores garantem que fluente está acabado. Entre Mariana e Linhares, no Espírito Santo, cerca de 1,5 mil hectares de vegetação foram destruídos pela enxurrada de lama. Uma semana após o incidente, a presidente Dilma sobrevoou a área e garantiu investimentos na tentativa de recuperar a área.
Até o momento, inúmeras famílias seguem sem lar e tentar reconstruir suas vidas. A Justiça bloqueou R$ 300 milhões da empresa Samarco, considera responsável pelo “acidente” que muitos consideram, deliberadamente, o pior crime ambiental da história brasileira. Na soma das sanções aplicadas pelo Ibama à Samarco, estima-se um valor aproximado de R$ 250 milhões.
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CRISE DOS REFUGIADOS
O êxodo em busca da dignidade mínima de viver em paz. A crise dos refugiados não é recente, porém foi em 2015 que a situação tomou proporções talvez antes nunca vistas na história da humanidade (apenas durante a Segunda Guerra Mundial). Primordialmente sírios fugidos de aéreas de conflitos comandados pelo Estado Islâmico, jovens, crianças e idosos deixaram toda uma vida para trás em busca de dias melhores em países europeus.
Em setembro, as chocantes imagens do menino Alan Kurdi - morto afogado em uma praia da Turquia após naufrágio do barco onde se encontrava, no Mar Mediterrâneo – percorreram o mundo e fizeram líderes mundiais pararem, de fato, para discutir a crise dos refugiados. Como esta, diversas outras embarcações nos mares da Itália, Grécia e outras nações europeias ficaram pelo caminho, levando consigo diversas vidas desesperadas.
Nações como o Canadá e Islândia se abriram para a recepção dos refugiados, mas o mundo ainda engatinha na tentativa de solucionar as questões relacionadas às migrações. Cada vez mais, as ações do Estado Islâmico apavoram o Ocidente e o fluxo de cidadãos do Oriente Médio não para.
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TERREMOTO NO NEPAL
Um forte terremoto de magnitude 7,9 atingiu, em maio, uma região próxima a capital do Nepal, Katmandu. O tremor causou danos generalizados, matou mais de nove mil pessoas e deixou cerca de 200 mil desabrigados.
Por conta do bloqueio na fronteira do País, houve falta de comida e de medicamentos para as vítimas. Foi estimado um valor de US$ 6,66 bilhões para que o Nepal pudesse reconstruir toda a infraestrutura destruída ou danificada pelo terremoto.
Após o massacrante terremoto do dia 25 de abril, outros temores atingiram regiões do país asiático e ampliaram ainda mais o sofrimento da população nepalesa. Segundo relato de brasileiros que estavam no país, muitas casas que ficaram fragilizadas depois do primeiro terremoto, acabaram caindo de fato nos posteriores. Em boletim da Unicef, no fim de novembro, mais de 200 mil pessoas permaneciam sem casa após a catástrofe.
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FRANÇA DE LUTO
Sem dúvidas, 2015 ficará marcado na história recente francesa. Um ano no qual a violência, a intolerância e as mortes comporão as páginas dos livros futuros. Os ataques dos jihadistas no jornal satírico Charlie Hebdo, na primeira semana de janeiro, iniciaram o calendário violento que a população parisiense presenciaria ao longo do ano.
Dois dias depois, outra investida terrorista: ataque a um mercado kosher, o Hyper Cacher, deixou quatro judeus mortos. Somados os dois ataques, foram 17 mortes em três dias de violência extrema. O presidente François Hollande reuniu lideranças e confirmou que os ataques eram frutos de atentados terroristas. Mas o pior estava para vir.
No dia 13 de novembro, ataques coordenados em quatro pontos da capital francesa deixaram 137 mortos e outras centenas de feridos naquele que é considerado o pior atentado terrorista no mundo ocidental, depois do 11 de setembro. Estado Islâmico reivindica as ações e o governo francês declara “guerra” ao grupo jihadista. Ataques aéreos são realizados nas bases dos radicais, na Síria; em contrapartida, novas ameaças aterrorizam não só a França, mas toda a Europa e também países americanos.
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