Tópicos | Operação Unfair Play

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral disse, durante depoimento na 7ª Vara Federal Criminal, que o empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, atualmente foragido da Justiça, contribuiu com R$ 6 milhões, em caixa dois, para a campanha do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, em troca de ganhar uma licitação para oferecer serviços no Centro de Operações Rio (COR). O ex-prefeito nega ter recebido doações irregulares.

“Em 2008 eu consegui convencê-lo [Arthur] a ser o maior doador da campanha de Eduardo Paes. Ele deu cerca de R$ 6 milhões, até mais do que pra mim, na campanha do Eduardo. Houve depois um certo ruído entre ele e o Eduardo, porque ele reclamou que o Eduardo não o atendia com contratos. Acabou sendo atendido na área da saúde e também na área do centro de controle da prefeitura, o centro de operações, aí ele ganhou a concorrência. Foi endereçada para ele, para contemplar pela ajuda dele na campanha eleitoral”, disse o ex-governador, nesta segunda-feira (1º), ao juiz Marcelo Bretas.

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Cabral explicou que Paes, em sua primeira campanha à prefeitura, detinha percentuais muito baixos de intenção de votos e que seria necessário injetar dinheiro na campanha para viabilizá-lo eleitoralmente.

Cabral pediu para ser reinterrogado na 7ª Vara Federal Criminal, a fim de trazer novos elementos aos autos, sobre a operação Unfair Play, que investiga, entre outras coisas, irregularidades na campanha vitoriosa para o Brasil sediar os Jogos Olímpicos de 2016.

Na próxima quinta-feira (4), Cabral adiantou que falará especificamente sobre o processo, sobre o qual recaem suspeitas de favorecimentos a comitês olímpicos para votarem no Rio como sede.

Procurado para se pronunciar sobre as declarações de Cabral, o ex-prefeito do Rio respondeu em nota, dizendo que todas as doações feitas para as campanhas dele sempre foram realizadas de forma voluntária e espontânea. “As doações foram declaradas e devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral. Aliás, o próprio Sr. Sérgio Cabral já admitiu, perante o juiz Marcelo Bretas, que Eduardo Paes não fazia parte da sua organização”.

 

O juiz federal Marcelo Bretas decretou o bloqueio de R$ 1 bilhão do presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e dos empresários Arthur Soares e Eliane Cavalcante. Os três são investigados na Operação Unfair Play, deflagrada nesta terça-feira.

A apuração mira um esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha do Rio pelos membros do Comitê Olímpico Internacional como sede dos Jogos de 2016.

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O Ministério Público Federal havia solicitado a Bretas "em razão do dano moral causado, que o patrimônio dos representados Arthur César de Menezes Soares Filho, Eliane Pereira Cavalcante e Carlos Arthur Nuzman" fosse bloqueado em, pelo menos, R$ 1 bilhão "a fim de fazer frente ao dano causado, cujo valor será fixado quando da prolação da sentença penal".

Ao decidir, Bretas anotou. "Presentes os pressupostos e as circunstâncias autorizadoras, determino o sequestro/arresto dos bens móveis e imóveis (medidas assecuratórias) dos três investigados e das pessoas jurídicas a eles vinculadas, nos termos requeridos pelo Ministério Público Federal."

O bloqueio solicitado pela força-tarefa da Lava Jato atinge um lote de terreno de Mangaratiba, dois apartamentos na Lagoa, no Rio, quatro carros, uma aeronave e 870 cotas de Fundo de Investimento em Participações LSH.

Bretas determinou que as medidas assecuratórias de sequestro/arresto devem ser cumpridas mediante "sequestro de numerário mantido em instituições financeiras por meio do sistema Bacenjud, sequestro/arresto de veículos por meio do sistema Renajud, bloqueio de bens imóveis por meio da Central Nacional de Indisponibilidade de Bens (CNIB) e/ou de expedição de ofícios conforme o caso, sequestro/arresto de embarcações e aeronaves mediante expedição de ofícios à Capitania dos Portos e à ANAC".

OPERAÇÃO - Arthur Soares e sua sócia Eliane Cavalcante são alvos de mandado de prisão da Unfair Play. Nuzman foi intimado a depor nesta terça-feira. Em nota, a PF informou que 70 policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio, na cidade do Rio de Janeiro - Leblon, Ipanema, Lagoa, Centro, São Conrado, Barra da Tijuca e Jacaré -, no município de Nova Iguaçu e em Paris.

Segundo a PF, as investigações, iniciadas há nove meses, apontam que os pagamentos teriam sido efetuados tanto diretamente com a entrega de dinheiro em espécie, como por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.

"Os fatos apurados indicam a possibilidade de participação do dono das empresas terceirizadas em suposto esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha da capital fluminense pelo Comitê Olímpico Internacional como sede das Olimpíadas 2016, o que ensejou pedido de cooperação internacional com a França e os Estados Unidos", informou a PF. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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