Tópicos | Carlos Arthur Nuzman

Novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley Teixeira era vice de Carlos Arthur Nuzman, que renunciou este mês para se defender de participação em suposto esquema de compra de votos para o Rio de Janeiro sediar os Jogos Olímpicos do ano passado. A passagem de bastão não teve nenhuma pompa, já que se resumiu a uma transmissão automática assim que Nuzman assinou a sua carta de renúncia de dentro da prisão - ele agora está em liberdade.

Com a decisão da Justiça de proibir o ex-cartola de se comunicar com qualquer membro do COB, Paulo Wanderley tem caminho aberto para modificar a estrutura montada por Nuzman ao longo de 22 anos de presidência. Ao assumir a entidade este mês, ele elogiou o antecessor, mas em seus primeiros dias já dá mostras de que algumas coisas vão mudar.

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Ao Estado, o novo presidente disse que "não sabe se o COB gasta muito", mas está trabalhando em corte de custos. O mais vistoso será a mudança da sede da entidade de um prédio exclusivo na Barra da Tijuca para o Parque Aquático Maria Lenk, junto ao Parque Olímpico. A economia será próxima de R$ 4,5 milhões/ano.

O corte de custos deverá atingir todas as áreas, inclusive um dos principais eventos organizados pela entidade: o Prêmio Brasil Olímpico. O COB chegou a cogitar o fim da premiação, que acontece anualmente desde o início do século, mas decidiu mantê-la com alguns ajustes. "Vamos fazer de uma forma mais realista", assegurou Paulo Wanderley, informando ainda que ela acontecerá em março do próximo ano.

O dirigente também revelou que irá fazer mudanças no quadro de pessoal da entidade. "Fatalmente, em função do que está sendo posto, poderá haver, sim, algumas mudanças. Mas não é pra já", sustentou. "Provavelmente no mês que vem já teremos alguma coisa".

Sobre o diretor executivo de Esportes, Agberto Guimarães, Paulo Wanderley elogiou o trabalho, mas fez uma ressalva: "o Agberto é um dos grandes quadros profissionais do comitê olímpico, é um patrimônio do esporte nacional. Mas carta-branca não tem pra ninguém".

O senhor assumiu o COB em meio a uma investigação, com o Nuzman preso e com a Polícia Federal fazendo buscas na sede do comitê. Como encontrou o ambiente?

Eu já estava dentro do COB, mas naquele dia, especificamente, não. Evidentemente que uma notícia dessas não é do agrado de absolutamente ninguém. Mas o que eu constatei é que aquilo que o COB sabe fazer melhor, que é fomentar o esporte, tratar o esporte como ele tem que ser tratado, estava funcionando. Não parou de funcionar nada. Os projetos que estavam em andamento continuaram à frente, aquilo que estava chegando de demanda continuou a ser atendido. Sua atividade básica e precípua não sofreu nenhum tipo de interrupção ou continuidade. Essa foi minha visão. A gente observa o esporte.

O senhor já conseguiu se inteirar de tudo o que está acontecendo aqui?

Desde que assumi a vice-presidência, eu vinha numa postura de entender o funcionamento. A organização é grande, tem 100 anos, mais de 100 anos. Eu vinha de uma estrutura grande de confederação, uma das maiores do País, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ), e tinha uma noção. O que acontece lá acontece aqui também, são os mesmos objetivos, só que aqui o volume é muito maior. Eu vinha fazendo o trabalho de relacionamento com as confederações, e brincando com o pessoal aqui eu dizia 'hoje eu quero ler uma página do manual'. Quando você recebe um equipamento novo, para aprender tem que ler o manual. Eu vinha lendo o manual com o tempo que me era dado, já vinha atuando nesse sentido. Eu não tinha poder decisório, mas (buscava) o conhecimento que era necessário. Estou ainda nesse processo, adiantado, acelerado, mas estou nesse processo ainda.

E dentro desse processo, o que o senhor percebeu que tem que ser seu principal foco de preocupação?

Está dentro daquilo que eu já defini que são as palavrinhas-chaves a se tratar. A transparência, e acho que isso já está sendo feito. A gente tem procurado pessoas, órgãos, instituições, para tratar e demonstrar o que estamos fazendo. As pessoas não sabem o que a gente faz. As próprias instituições esportivas não têm noção do trabalho desta organização aqui, do que ela produz. Todo mundo liga só a imagem à competição, Olimpíada, Jogos Pan-Americanos, mas não, tem trabalho interno, trabalho de preparação de técnico, de atleta. Transparência tem que ser jogada para fora em todos os níveis. Mérito, ou meritocracia, tem que trabalhar com esse objetivo, de valorizar quem busca o conhecimento, quem está atrás do resultado. A gente está com essa visão de premiar a conquista de seus propósitos, e isso foi mostrado na última exposição que nós fizemos (plano de distribuição de recursos da Lei Agnelo-Piva, apresentado na terça-feira). E controle de gastos e otimização de recursos. É nessa linha que estamos andando, já estamos implementando, já está funcionando.

Transparência, mérito e austeridade. Desses três, o que o senhor considera que é o mais difícil?

Eles caminham juntos. Não adianta você ter austeridade se você não está se comunicando, se você não sabe o que se está fazendo. A pessoa tem que saber. O mérito é implícito do esporte. O que o comitê olímpico trata? É de alto-rendimento, resultado. Tem que ter meta, tem que ter resultado. As três são interligadas e interdependentes. O que hoje se procura mais, se exige mais, que é mais visível, é a transparência.

O COB gasta muito?

Não sei isso ainda, tenho que estudar melhor pra dizer isso pra você. Gastar muito é relativo. O que é gastar muito para uma federação, para um governo? Tem resultado? De repente o que ele gasta é muito numericamente, mas os resultados justificam.

Na apresentação sobre os planos para distribuição dos recursos da Lei Agnelo-Piva do próximo ano, uma rubrica previa investimento menor, justamente aquela que trata dos gastos do próprio COB. Como reduzir o custeio?

Na austeridade. Vamos gastar dentro do que é possível. Vou lhe dar um exemplo, uma informação que ainda não demos publicamente, que é o PBO (Prêmio Brasil Olímpico). Um exemplo dessa questão de austeridade, de controle interno, é o PBO. É um evento que ocorre há 16 anos, de premiação do mérito dos atletas, e nós estamos dentro de um dilema. Vamos cortar a hora de o atleta receber os seus louros fora das quadras, dos tatames? É difícil, mas podemos gastar esse orçamento? Não, não podemos. Aí veio o consenso, dentro da questão da austeridade: vamos fazer, mas dentro da nossa realidade atual. Vai ser feito, sim, vai acontecer, mas de uma forma mais realista.

Vai ser ainda este ano?

Não, vai ser em março do ano que vem.

Como aconteceu este ano...

Exato, e acho que é uma coisa bem razoável, porque você termina o ano completo. Você pode estar em dezembro (mês em que tradicionalmente acontecia a premiação) com competições ainda acontecendo. Como tudo acontece, o ano fiscal é de janeiro a dezembro, eu acho razoável nós pensarmos em manter esta data de março. Este está definido que vai ser em março dentro dessas condições.

A mudança da sede do COB para o Maria Lenk já era prevista ou foi ideia do senhor?

Não, foi dentro do plano de austeridade.

Tem ideia de quanto vão economizar?

Em torno de R$ 4,5 milhões por ano. Envolve não só questão de aluguel, mas tem também serviços, a manutenção aqui é muito maior, segurança, enfim, tem algumas rubricas paralelas. O montante é uma economia saudável, necessária sob o ponto de vista de custo. E também tem que estar junto com o esporte, não cabe mais a administração estar aqui, apartada. Lá já está funcionando.

A intenção é mudar quando?

É aquela coisa: você tem a ideia, tem a vontade, mas não é só em função disso. O projeto já está finalizado, faltam ajustes, quem fica aonde, em que posição. Tem uma parte de obras, tem que fazer alguns ajustes, mas não tem nada de construção grande, não vamos botar abaixo e construir nada. Vamos utilizar e otimizar o que a gente já tem. Esse projeto de execução, planejamento, mudanças e obras, está se prevendo, a partir do momento que assinar o contrato, em torno de nove meses. É um parto.

Metade do ano que vem, segundo semestre...

É, segundo semestre do ano que vem. Não pode passar disso.

O senhor pretende manter todos os diretores e gerentes do COB?

Olha... Fatalmente, em função do que está sendo proposto, poderá, sim, haver algumas mudanças. Mas não é pra já.

"Não é pra já" tem um prazo?

Pra já seria este mês, não vai acontecer nada assim. Provavelmente mês que vem já tenha alguma coisa nesse sentido. O que eu observo é que os profissionais atuantes, específicos de cada área, são extremamente competentes e capazes. São compromissados realmente. Tem que ter uma análise muito fria, mas é necessário. O corte, quando vem, não dá pra dizer 'esta área sim, esta não'. Mas eu realmente não pensei em pessoas nem pra trazer, nem pra tirar.

Isso inclui a diretoria ligada diretamente ao esporte?

Pode, pode chegar. Diretoria, gerentes, funcionários, colaboradores. Não é uma visão focal, ela é ampla, de 360 graus.

O senhor deu carta branca ao Agberto Guimarães? Considerando, claro, que ele não seja um dos previstos para mudança...

O Agberto é um dos grandes quadros profissionais do comitê olímpico, é um patrimônio do esporte brasileiro pelo que ele fez pessoalmente pelo esporte e pelo que ele fez na trajetória de administrador esportivo. Carta branca não tem pra ninguém.

O senhor estabeleceu metas para o esporte?

Não, ainda não. Tenho que conversar com eles que estão fazendo o esporte, mas estão implícitas algumas coisas dentro daquelas palavrinhas mágicas que a gente tem falado. Materialmente, ainda não.

Quando o senhor diz que "carta branca não tem pra ninguém", o quê, por exemplo, não está autorizado a se fazer de maneira total?

Talvez o termo "carta branca não tem pra ninguém", ou tem para algumas pessoas, não seja a resposta apropriada, porque ainda falta conhecimento de tudo. Dentro do esporte, primeiro que não são eles que escalam as equipes. São os atletas que conquistam o direito de participar. "Ah, a equipe tal não vai". Não vou falar uma coisa dessas, porque foi o atleta que conquistou e as confederações que nos entregam as equipes delas. Nós damos condições e oportunidades. Talvez a resposta seja muito mais dependente da pergunta de o que é dar ou não carta branca. Só sei dizer o seguinte: não vai passar nada que eu não saiba - não vai passar nada que eu não saiba humanamente.

Como deverá ser a participação do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2019?

Isso eu tenho que perguntar à assessoria responsável pela área, o planejamento estratégico, esportivo, mas com certeza vou perguntar.

Mas certamente será diferente da última edição, não? Agora tem uma questão de classificação olímpica e de redução de custos.

Cada modalidade tem uma especificidade. Tem entidades nacionais que obedecem à classificação dirigida por suas similares internacionais, que exige participação nesse ou naquele evento. Tem outras que vão direto. Diferente vai ser, com certeza, não tem como ser igual.

Voltando um pouco na questão da gestão, por que a decisão de encurtar o prazo de 90 para 45 dias para a elaboração do estatuto?

Talvez porque eu queira, de uma forma bastante pragmática, resolver a situação. Foi feita uma proposta de 90 dias, mas vamos fazer em 45 porque eu já milito há muito tempo nessa área e sei que é possível fazer. Vai ter que se fazer um esforço concentrado, e está sendo feito, as pessoas estão se reunindo, discutindo. A gente precisa não só pensar em fazer, em mudar. Tem que mudar, e o quanto antes melhor. Temos que dar respostas o mais rápido possível.

Um novo estatuto ainda este ano também é uma forma de sinalizar ao Comitê Olímpico Internacional (COI) de que está havendo uma mudança na questão da governança e, assim, agilizar o fim da suspensão imposta ao COB?

Essa atualização - na verdade eu não sei nem o termo adequado, se é um novo estatuto, uma atualização, uma reforma -, passa, sim, por uma necessidade de demonstrar ao COI que nós estamos caminhando no sentido da transparência, das boas práticas de governança, tudo que está se exigindo mais do esporte hoje.

A suspensão cai ainda este ano?

Pela minha vontade ela cairia amanhã, mas não vai depender de mim, depende do executivo do COI. O que eu posso dizer é que estamos em contato e estamos bastante avançados.

Na opinião do senhor, qualquer pessoa deveria ter o direito de concorrer à presidência do COB?

Isso é motivo de propostas no reformado, revitalizado estatuto. Me fizeram uma pergunta recentemente sobre qual minha opinião a respeito, e eu disse o seguinte: a composição da comissão (de reforma do estatuto) foi indicação, aprovação e eleição. Há pessoas assessorando. Eu não queria dar opinião, porque qualquer opinião que eu der poderia direcionar uma linha de ação, e eu não quero interferir nesse estudo. Eu confio nas pessoas que foram eleitas pra isso.

Mas o senhor já disse, por exemplo, que considera que as condições impostas hoje para se inscrever uma chapa devam ser menos duras...

Sim, nisso eu concordo. Menos tempo, menos pessoas indicando a chapa - eram dez confederações e seis meses de antecedência. Eu já demonstrei na prática, é só pesquisar o estatuto lá na confederação (CBJ). O atletismo tem um estatuto supermoderno. Não é padrão, e se foi vai ter que mudar.

Vamos ter uma eleição para vice?

Sim, tem que ter. De acordo com o atual estatuto, a "x" tempo do término do mandato não seria necessário, mas é início de mandato e é necessário fazer uma eleição.

O senhor comandou a CBJ por 16 anos e conhece seus pares de outras confederações. Eles são abertos a mudanças?

Posso dizer que, na atualidade, há uma sensibilidade para mudanças. Eu já vinha conversando com eles há algum tempo sobre a necessidade de se ajustar à modernidade administrativa. Posso dizer que há uma simpatia da maioria deles nesse sentido, mas não posso afirmar que este ou aquele ou quantos são favoráveis a mudanças. No geral, o ambiente é propício.

O que fará o senhor ter o sentimento de dever cumprido ao final do mandato?

O mesmo sentimento que eu não consegui na Confederação Brasileira de Judô: tornar autossustentável. Consegui fazê-la mais equilibrada, não dependente na sua totalidade de recursos públicos, não dependente exclusivamente de um patrocinador. Foram avanços substanciais, mas é muito difícil conseguir, por toda a conjuntura do País. Não me sinto frustrado. Vão acontecer melhorias.

A Justiça Federal no Rio de Janeiro aceitou no início da noite desta quinta-feira a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Carlos Arthur Nuzman (presidente licenciado do Rio-2016 e ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil), Sérgio Cabral (ex-governador do Rio de Janeiro), Leonardo Gryner (ex-diretor do COB e do Rio-2016), Arthur César de Menezes Soares Filho (empresário conhecido como "rei Arthur"), Lamine Diack e Papa Massata Diack (dirigente esportivo africano e seu filho, respectivamente).

Com isso, os seis acusados se tornam réus no processo resultante das investigações que apuraram suposto esquema de compra de votos para o Rio sediar os Jogos Olímpicos do ano passado e posterior superfaturamento de obras necessárias para o evento.

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A denúncia foi recebida pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Nuzman, que está preso desde o dia 5 e teve um habeas corpus concedido nesta quinta-feira pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, vai responder pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Cabral será processado por corrupção passiva, enquanto Gryner vai responder por corrupção passiva e organização criminosa. Papa e Lamine Diack serão processados por corrupção passiva, e Soares Filho vai responder por corrupção ativa.

Na denúncia apresentada na quarta-feira e aceita nesta quinta, o MPF pede reparação aos cofres públicos no valor de R$ 1 bilhão por danos morais, além de ressarcimento de R$ 6,34 milhões por danos materiais.

DEFESA - Nélio Machado, um dos advogados de Carlos Arthur Nuzman, disse na quarta-feira que a denúncia apresentada pelo MPF é "fruto de mera criação mental" e que o dirigente "paga pelo sucesso e não pelo fracasso". Na peça, os procuradores equiparam Nuzman e Leonardo Gryner a funcionários públicos, uma vez que tanto o COB quanto o Rio-2016 receberam e eram gestores de verbas públicas.

Segundo o MPF, "por delegação", ambos exerciam uma atividade típica de Estado: o desporto. "Para fugir do vazio acusatório, criaram uma situação esdrúxula de funcionário público que não é funcionário público. A situação do Carlos Arthur Nuzman, e até mesmo dos senegaleses, está apontada como corrupção passiva. Isso não passa no exame de qualquer tipo de análise jurídica séria que se possa fazer sobre essa imputação", criticou Machado.

Já o advogado de Sérgio Cabral, Rodrigo Roca, disse na quarta-feira que a denúncia é "um acinte, um desmerecimento, não só ao ex-governador Sérgio Cabral, como à vitória consagradora do Rio, ao País e aos membros do COI". "O Rio foi eleito com uma diferença de 40 votos com relação à segunda candidata, Madri. Pela versão do MPF, seriam todos corruptos. Não tenho dúvidas de que em pouco tempo conseguiremos desmontar essa invencionice e mostrar que os verdadeiros criminosos continuam gozando das benesses legais que conseguiram com suas histórias fantasiosas", afirmou.

O Estado ainda não conseguiu contato com as defesas de Gryner e Soares Filho.

A defesa do presidente afastado do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, entrou com um pedido de habeas corpus, na madrugada desta terça-feira, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). Na alegação, o escritório Nélio Machado Advogados chama a prisão preventiva do dirigente de "medida abusiva, desnecessária e ilegal". Também argumenta que a interpretação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, que decretou a prisão preventiva de Nuzman, nesta segunda-feira, é "equívoca" a falar do "atleta consagrado" e "denodado dirigente esportivo".

Nuzman está preso desde o último dia 5, no Rio, sob suspeita de corrupção durante o processo de votação que elegeu o Rio de Janeiro a sede da Olimpíada de 2016, da qual o dirigente brasileiro também foi o presidente do Comitê Organizador Local.

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A defesa do presidente afastado do COB, porém, alegou por meio do pedido de habeas corpus, assinado pelos advogados Nélio Machado, João Francisco Neto e Guido Ferolla, também o seguinte: "Se vê, pela ótica do juiz de primeiro grau, que todo o esteio de sua argumentação se louva na equívoca interpretação de que Carlos Arthur Nuzman, o atleta consagrado, o denodado dirigente esportivo, dedicado ao desporto em muitas décadas de sua existência, contando 75 anos de idade, pudesse desprezar por completo seus ideais, seu sonho, sua razão de viver, seu maior mote existencial, para, obtendo êxito, mercê da realização dos Jogos Olímpicos em 2016, viesse a auferir vantagens, benesses ou propinas".

Além disso, os advogados chamam "a hipótese formulada pelo Ministério Público", com participação de Nuzman, "na empreitada criminosa", "de criação mental de seus algozes, que não contam com qualquer elemento de prova capaz de respaldar a tese arquitetada".

Eles também alegaram que a colaboração da França ao grupo da Lava Jato no Rio, na Operação Unfair Play, "vicejou a imaginação fértil de investigadores". "Só depois da investigação em curso na França, por delito que não tem previsão normativa no direito penal brasileiro, e a partir da implementação de acordo de colaboração é que vicejou a imaginação fértil de investigadores, levando à conjectura de que existisse, há muito, uma "organização criminosa", diz a peça.

Por fim, os advogados argumentam que "não se tem prova consistente de comprometimento" de Nuzman na acusação da Operação Unfair Play, que denunciou a compra do voto do presidente da Associação das Federações Internacionais de Atletismo, Lamine Diack, por US$ 2 milhões, para a escolha da sede olímpica de 2016.

O juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, acatou pedido do Ministério Público Federal (MPF) e converteu nesta segunda-feira a prisão temporária de Carlos Arthur Nuzman em prisão preventiva, quando não há prazo para terminar. Bretas também determinou a prorrogação da prisão temporária de Leonardo Gryner, apontado como braço direito de Nuzman.

No pedido, o MPF destacou que "a ocultação do dinheiro ilícito produzido pela corrupção sistêmica" perduram até hoje. Na deflagração da Operação Unfair Play, os procuradores apontaram para a ocultação de bens de Carlos Arthur Nuzman, incluindo 16 barras de ouro depositadas em um cofre na Suíça.

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Os procuradores também alertaram que Carlos Arthur Nuzman continuava a atuar em benefício próprio, usando os instrumentos do Comitê Rio-2016, do qual também é presidente, bem como a sua influência sobre as pessoas que lá trabalham. Eles citaram um e-mail do cartola datado de 25 de setembro deste ano - portanto, após deflagração da operação -, em que ele determinava "urgência" no pagamento do escritório Nelio Machado Advogados, que atua em sua defesa.

O pagamento solicitado era de R$ 5,5 milhões, mas o Estado apurou que a liberação do montante não foi autorizada por não passar pelas regras de governança do comitê. O Rio-2016 tem dívidas na casa dos R$ 100 milhões.

O MPF também pediu a prorrogação da prisão provisória de Leonardo Gryner, que também está preso desde a quinta-feira passada. Ele é apontado pelos investigadores como "braço direito" de Carlos Arthur Nuzman e divide a cela com o dirigente na cadeia de Benfica, na zona norte do Rio, onde estão confinados os investigados na Operação Lava Jato.

A polícia de Genebra abriu nesta segunda-feira (9) o cofre alugado por Carlos Arthur Nuzman na cidade suíça e confirmou a existência de "vários quilos de ouro" escondidos pelo brasileiro, ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), preso na semana passada sob suspeita de corrupção durante o processo de votação que elegeu o Rio de Janeiro a sede da Olimpíada de 2016. As barras foram apreendidas pelas autoridades locais.

A reportagem do Estado revelou na manhã desta segunda-feira que uma operação estava sendo realizada na Suíça pelos procuradores locais. Sem dar detalhes do que encontraram, as autoridades confirmam que policiais foram até o local designado, abriram o cofre e emitiram uma ordem para que nada que esteja dentro do cofre possa ser retirado.

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O Estado havia revelado ainda na quinta-feira que o ouro estava no Port Francs de Genebra, um armazém usado para guardar obras de arte, peças raras e verdadeiras fortunas. Implicado em escândalos no passado, o local garantiu nesta segunda-feira que foram eles quem informaram às autoridades sobre a existência de um cofre em nome de Nuzman, assim que a referência ao brasileiro foi feita na imprensa.

"No momento que descobrimos na sexta-feira que essa pessoa (Nuzman) alugava um cofre em nossa empresa, imediatamente informamos ao Ministério Público de Genebra", disse Alain Decrausaz, diretor-geral do armazém ao jornal Tribune de Geneve.

A declaração se contradiz ao que o Estado presenciou ainda na quinta-feira passada. Sem saber que falavam com a reportagem, os representantes da companhia deram uma outra versão. Funcionários de alto escalão alertaram por telefone que, enquanto a polícia não entrasse em contato, qualquer pessoa com uma procuração de Nuzman poderia retirar as barras de ouro. No Brasil, o MP indicou que as barras somariam um total de 16 quilos. Mas não excluem a possibilidade de que o cofre possa conter até mais recursos.

Naquele mesmo dia, o Estado foi até o local. Sem saber uma vez mais que estavam falando no mesmo recinto onde estava a reportagem, funcionários mostravam nervosismo ao se referir ao fato de que tinham revelado informações sobre Nuzman ao jornalista do Estado. "Não fizemos nosso trabalho", dizia um dos responsáveis aos seus funcionários.

Além do desembarque da polícia ao armazém, o Ministério Público da Suíça indicou também que aceitou o pedido de cooperação para investigar e bloquear as contas de Nuzman. Todas as transações do brasileiro estão sendo coletadas e os extratos bancários serão repassados aos investigadores brasileiros. O objetivo é o de identificar todos os depósitos e transferências, na esperança de traçar a "rota do dinheiro".

Se os dados seguirão ao Brasil, as barras de ouro e o dinheiro em suas contas apenas podem ser repatriados quando Nuzman for condenado em último grau.

Em um breve comunicado, Berna indicou nesta segunda-feira que "pode confirmar que o pedido de cooperação do Brasil está sendo atualmente executado". O MP não da detalhes das ações ou operações realizadas. De acordo com pessoas envolvidas no caso, no Brasil, a ação envolveria o congelamento de todos os ativos do dirigente e um mapeamento de todas suas transações nos bancos locais.

Pela cooperação com a Suíça, os bancos são obrigados a repassar todos os extratos bancários que, então, poderão alimentar a investigação no Brasil e na França. A ação também exige o bloqueio dos bens do dirigente.

No dia 28 de setembro, os procuradores brasileiros encaminharam um pedido aos suíços para que as contas fossem bloqueadas, assim como o ouro mantido por Nuzman em Genebra. No dia 5 de outubro, dia da prisão do dirigente, o Departamento de Justiça deu o primeiro sinal verde para a cooperação e encaminhou a documentação para a "execução" por parte do Ministério Público de Berna. Dentro do sistema de cooperação, a aprovação inicial é considerada como um passo decisivo.

Agora, os procuradores suíços deram prosseguimento. ao caso.

ROTA - O trabalho dos investigadores agora é o de traçar a "rota" da fortuna do brasileiro. Documentos e envelopes encontrados durante a operação policial na casa de Nuzman, em setembro, revelaram que o brasileiro não apenas mantinha dinheiro vivo em sua residência em diversas moedas, mas também guardava informação sobre contas na Suíça.

No dia 27 de junho de 2014, Nuzman escreveria para Laetitia Theophage, funcionária da Federação Internacional de Atletismo, um e-mail no qual colocava seus dados de uma conta na Suíça. Tratava-se de um depósito que deveria ser realizado no banco Societe General Private Banking, instituição financeira dedicava a administrar grandes fortunas.

Laetitia, o Estado apurou, era a assistente pessoal do então presidente da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), o próprio Lamine Diack, investigado por corrupção e hoje detido. Com a conta bancária número 1720399, ele indicava para onde a IAAF deveria fazer um depósito. O local do banco também é revelador: Lausanne, cidade sede do COI e para onde Nuzman viajou com grande frequência entre 2009 e 2016, durante a preparação do Rio de Janeiro.

Em seu pedido de Habeas Corpus, Nuzman indicou que a conta servia para receber pagamentos de trabalhos realizados para a IAAF e suas despesas. O brasileiro chegou a ser membro do Conselho de Ética da entidade.

Agora, um dos trabalhos dos investigadores será o de apurar se a conta em nome de Nuzman serviu para algum outro objetivo. Para isso, o Ministério Público Federal espera a cooperação da Suíça. O Estado apurou que um fluxo ainda importante de dinheiro passou pelos EUA e pelo Caribe, o que exigiu a cooperação da Justiça americana e da Grã-Bretanha.

Os advogados de defesa do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, protocolaram no Tribunal Regional Federal da 2ª Região um pedido de soltura do seu cliente, que foi preso provisoriamente na quinta-feira (5), acusado de envolvimento num suposto esquema de compra de votos no Comitê Olímpico Internacional (COI) para a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos 2016.

A solicitação é um aditamento do habeas corpus impetrado no mês passado, quando ele foi levado à Polícia Federal para prestar esclarecimentos.

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Além da soltura imediata do presidente do COB, o documento requer também a nulidade da operação. A defesa de Nuzman é assinada pelos advogados Nélio Machado, João Francisco Neto e Guido Ferolla e alega participação abusiva de autoridades francesas na ação em território brasileiro. Eles alegam que o ato se configura crime na França, mas não é tipificado no Brasil.

“O procedimento inquisitorial se revela impregnado de vícios insuperáveis pela notória atipicidade da suposta corrupção privada, figura penal inexistente em nossa legislação, não se podendo ir além da Lei para perseguir-se fora de seus parâmetros”, argumenta a defesa. Os advogados acrescentam que a tipificação de organização criminosa surgiu apenas em 2013, com a lei n.º 12.850/2013 – ou seja, quatro anos após ter ocorrido a suposta compra de votos – e que Nuzman não tinha nenhuma ingerência sobre contratos públicos.

“Como se vê, a única maneira de se ligar o nome do Paciente a orçamentos supostamente superestimados e a percepção de vantagens indevidas por agentes públicos seria a invocação genérica, fugidia, oca, do crime de organização criminosa, que nada define, no que lhe concerne, não se sabendo de nenhum ato concreto, preciso e determinado que se lhe possa afivelar para justificar a pretendida integração típica”.

Os advogados também alegam “estranheza” pelo mesmo fato estar sendo investigado por dois organismos diferentes, o Ministério Público e a Polícia Federal, e o “inusitado” do fato de o  depoimento na quinta-feira ter sido interrompido para os procuradores e delegados darem uma entrevista coletiva à imprensa, “colocando-se o ato que se realizava em patamar secundário e desimportante”, enquanto a defesa e o acusado permaneciam em uma sala ao lado sem poder se manifestar aos jornalistas.

Os advogados anexaram ao pedido a negativa de extradição, pelo governo dos Estados Unidos, do empresário Arthur Soares, conhecido como “Rei Arthur”, acusado pelo Ministério Público de ter feito os pagamentos para a compra de votos. Segundo a defesa, os documentos apresentados na acusação de Soares teriam sido considerados insuficientes pelo governo norte-americano.

O pedido de habeas corpus também cita como justificativa para Nuzman ser colocado em liberdade a condição de saúde, “em face de seríssima cirurgia de dissecção de sua aorta, a impor cautelas especiais”.

Ontem, o Comitê Olímpico Internacional (COI) suspendeu o COB e Nuzman provisoriamente de suas atividades junto à entidade internacional.

Dezenas de atletas olímpicos brasileiros se articularam para escrever uma carta sobre a situação do esporte nacional e a prisão temporária de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador Rio-2016. Para evitar possíveis retaliações de dirigentes, os esportistas preferiram não dar suas opiniões individualmente e sim divulgar uma declaração conjunta.

A Comissão de Atletas se mobilizou desde as primeiras horas da manhã, por telefone e redes sociais, a fim de colocar o ponto de vista de quem é afetado diretamente pela situação do esporte olímpico no País. São 19 membros que representam os outros atletas brasileiros nesta comissão que foi criada em 2009.

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No documento, os atletas manifestam apoio total às investigações e pedem que não se faça confusão entre o COB e seu dirigente, reforçando que a atuação de Nuzman não pode manchar a entidade. Por fim, os esportistas esperam que os escândalos no movimento olímpico brasileiro não apague o brilho dos Jogos Olímpicos realizados no Rio.

"A Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil vem através desse documento expressar total apoio às operações que buscam transparência na gestão das entidades esportivas brasileiras. Não devemos fechar os olhos para o ilícito e é nosso dever como qualquer cidadão brasileiro, proteger e preservar o bom funcionamento do nosso País", diz um trecho da carta.

Preso nesta quinta-feira acusado de fazer parte de suposto esquema de compra de votos para que o Rio fosse a sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e indiciado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, de 75 anos, anos conseguiu transformar uma entidade privada em uma organização multimilionária graças à injeção de dinheiro público.

Foi sob o seu comando que o COB passou a contar, a partir de 2001, com recursos da Lei Agnelo/Piva, que destina parte da arrecadação das loterias federais ao esporte. Se em 2002 o montante dos repassados foi de R$ 50 milhões, esse valor foi se multiplicando ao longo dos anos, com o COB trabalhando com uma estimativa de arrecadar R$ 210 milhões em 2017.

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Mesmo assim, Nuzman não conseguiu fazer do Brasil uma potência olímpica depois de duas décadas no comando do COB. Presidente da entidade desde 1995, o dirigente fracassou ao não atingir a meta proposta por ele mesmo de colocar o Brasil entre os dez primeiros colocados no ranking de medalhas nos Jogos do Rio. Com 19 pódios (sete ouros, seis pratas e seis bronzes), o País ficou apenas na 13.ª colocação.

Enfraquecido politicamente, Nuzman também acumulou derrotas antes da sua prisão nesta quinta-feira. Em abril deste ano, por exemplo, perdeu a eleição à presidência da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa). Apontado como favorito, acabou ficando em terceiro - e último - lugar. No mês seguinte, pediu demissão da Organização Desportiva Sul-Americana (Odesur), entidade que presidia havia 14 anos.

Nuzman ganhou destaque no cenário esportivo com uma carreira que chamou atenção pela rápida ascensão. Como jogador de vôlei, defendeu o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Após abandonar as quadras, com apenas 32 anos assumiu a presidência da Confederação Brasileira de Vôlei em 1975.

Liderou, em 1979, um movimento de oposição ao major Silvio de Magalhães Padilha ao lançar a sua candidatura ao COB, mas acabou derrotado. Em 1990, assumiu a vice-presidência da entidade, sendo eleito presidente em 1995. Com ações de marketing consideradas inovadoras à época, Nuzman fez com que novos grupos de investidores entrassem no esporte e os patrocinadores passaram a ter maior visibilidade na mídia. Após os Jogos do Rio, no entanto, a entidade perdeu o aporte financeiro de várias empresas e agora se vê envolvida num esquema internacional de corrupção.

O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e o ex-diretor de marketing e comunicação da entidade, Leonardo Gryner, foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira no Rio de Janeiro. Ambos são investigados na Operação Unfair Play, um desdobramento da Lava Jato que aponta que houve compra de votos para que o Rio fosse escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

A investigação conjunta do Ministério Público Federal (MPF) do Brasil e do Ministério Público Financeiro de Paris, da França, apura a relação entre viagens dos dois dirigentes à África em 2009 e transferências bancárias para o Papa Massata Diack, filhão de Lamine Diack, então presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês).

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Há um mês, o juiz federal Marcelo Bretas decretou o bloqueio de R$ 1 bilhão de Nuzman e dos empresários Arthur Soares e Eliane Cavalcante.

A força-tarefa aponta que "neste grande esquema ganha-ganha" o empresário Arthur Soares direcionou propina que seria destinada ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) para Papa Massata Diack, filho do então presidente da IAAF, Lamine Diack. Segundo o Ministério Público Federal, o objetivo era "garantir mais um voto na escolha do Rio de Janeiro como sede para os Jogos Olímpicos de 2016".

"Cabral determinou que Arthur Soares realizasse pagamento de US$ 2 milhões a representante da Associação Internacional de Atletismo, como forma de obter votos para a eleição da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016", afirmou a procuradoria na época.

"Carlos Arthur Nuzman, como presidente do COB (e, posteriormente, também do Comitê Rio-2016), foi o agente responsável por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI, o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares", acrescentou a procuradoria.

Jean-Yves Lourgouilloux, procurador francês responsável pela investigação da suspeita de compra de votos para a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 contou em detalhes como ocorriam as fraudes. Em entrevista à Rede Globo, Lourgouilloux afirmou que depósitos eram feitos por intermediários nas contas do senegalês Lamine Diack, que usava sua influência e presenteava outros integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) com joias e relógios de luxo, compradas em uma joalheria em Paris.

"Todos os pagamentos são seguidos de compras enormes de relógios de luxo e joias de luxo. Investigamos que membros do COI receberam presentes de Lamine Diack. O nome de Lamine Diack aparece ligado a várias transações. Ele é africano, mas não podemos dizer que todos os votos africanos estão corrompidos, mas nem que apenas votos africanos foram comprados", disse Lourgouilloux.

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"Cada vez que havia necessidade de se escolher uma cidade para organizar uma competição esportiva mundial, era uma oportunidade para extorquir dinheiro. É interessante também notar que Tóquio era candidata a sediar os Jogos de 2016, mas o Rio ganhou. Tóquio na época denunciou que haveria esquemas entre o Brasil e a África, e em seguida Tóquio acabou procedendo da mesma maneira para se certificar de que ganharia", afirmou o procurador, lembrando a escolha da cidade japonesa como sede da Olimpíada de 2020.

O procurador francês ainda lamentou que o esporte seja usado dessa forma. "Enquanto toda a economia mundial passa por momentos de recessão, a economia do esporte está em plena expansão. E onde está o dinheiro, está a corrupção."

O francês ainda comentou sobre a participação de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), um dos acusados de envolvimento no esquema. "Não é possível que uma pessoa possa ser dirigente de uma mesma federação por 20 anos. Não vamos parar de investigar. Nós somos obrigados a verificar se pessoas físicas corromperam ou foram corrompidas. O resto é problema da organização dos Jogos Olímpicos. É preciso criar regras claras e rígidas de controle e transparência", finalizou Lourgouilloux.

Os responsáveis pelas investigações que apuram a fraude na escolha do Rio de Janeiro para sede da Olimpíada de 2016 também apuram se, além dos países africanos, a compra de votos atingiu outros continentes. Existe a suspeita de que uma operação de maior dimensão foi realizada para garantir o apoio, principalmente, da América do Sul e da Ásia, com participação decisiva de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Rio-2016.

Na última terça-feira, as procuradorias do Brasil e da França realizaram operação de busca e apreensão na casa de Carlos Arthur Nuzman, que também teve de ir à sede da Polícia Federal prestar depoimento. Na denúncia inicial, reunião em Abuja (Nigéria), em agosto de 2009, foi apontada como um das ocasiões em que teria ocorrido pagamento de propinas.

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Mas os votos africanos representavam cerca de 10% do total do colégio eleitoral do COI e, de acordo com informações coletadas nos últimos dias, as suspeitas apontam que a estratégia não se limitou à África. Ao acumular 66 dos 98 votos para conseguir ser sede dos Jogos, o Rio apostou principalmente nos países em desenvolvimento e também nas economias do Leste Europeu - neste caso, ainda não há indícios de irregularidades.

No governo, uma estratégia de "sedução" também foi criada para convencer votos a migrar para a cidade brasileira. No Itamaraty, um departamento foi criado exclusivamente para oferecer cooperação no setor esportivo, com o aporte de financiamento para programas, envio de material e mesmo de treinadores. Na semana da votação, diplomatas que cuidavam desta área em Brasília foram transferidos para Copenhague, na Dinamarca, local da escolha em 2009.

Agentes que participaram da operação na casa de Carlos Arthur Nuzman admitem que coletaram "muita coisa" e que parecia que ele não esperava ser surpreendido por uma busca. Com o caso já em andamento na França, investigadores acreditavam que o dirigente poderia ter destruído ou escondido parte da informação. "Acreditamos que a compra de votos foi geral. Mas começaremos a ter mais certeza com a análise da documentação apreendida", disse um dos investigadores.

As novas pistas ampliam a tensão entre os membros do COI que, a partir da semana que vem, estarão em Lima para o Congresso Anual da entidade. Investigadores admitiram ao Estado que vão acompanhar de perto membros que eventualmente não viajem, temendo ser questionados ao desembarcar no Peru, um país que vem mantendo uma estreita cooperação judicial com o Brasil. "O timing da realização da operação no Rio dias antes do evento em Lima não ocorreu por acaso", admitiu um dos envolvidos no caso.

Peça-chave na denúncia e uma das principais testemunhas na investigação sobre a compra de votos pelo Rio-2016, o brasileiro Eric Walther Maleson alerta que o caso representa a pior crise no movimento olímpico. "O escândalo é maior que o de Salt Lake City", disse ao Estado. Sua referência é o escândalo de corrupção vivido pelo COI no final dos anos 90, quando descobriu-se que a cidade norte-americana comprou votos para sediar os Jogos de Inverno de 2002.

Eric Walther Maleson, que vive nos Estados Unidos, confirma que procurou o COI em diversas oportunidades desde 2012 para relatar as irregularidades no COB e no Rio-2016. Em uma das ocasiões, diz que chegou a falar por telefone com Dick Pound, na época um dos dirigentes mais poderosos do COI, além de enviar cartas para os presidentes Jacques Rogge e Thomas Bach.

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Sem uma resposta, ele se apresentou aos procuradores franceses para relatar o que sabia de Carlos Arthur Nuzman e da compra de votos.

O Comitê Olímpico Internacional confirmou que, em 2012, foi contactado pela testemunha. Mas, segundo a entidade, o assunto teria sido "um problema entre a Federação de Desportos no Gelo (presidida por Eric Walther Maleson) e o COB". "Naquele momento, o COI pediu a Maleson que entrasse em contato diretamente com o COB para resolver qualquer potencial disputa", explicou, por e-mail.

O COI ainda afirmou que "não tem a capacidade de realizar investigações criminais". Eric Walther Maleson rebate. "Isso não é verdade. Óbvio que falei de minha federação. Mas não foi só isso. Talvez tenham de abrir as gavetas e achar. Está tudo lá".

Além do contato de 2012, em 6 de setembro de 2014 ele mandou a Thomas Bach e à Comissão Judicial do COI carta sobre o "caos no Comitê Organizador Rio 2016". "Eu e outras autoridades brasileiras informamos ao COI pelo menos há dois anos sobre corrupção, fraude em eleição e violação de regras do COI, perpetradas pelo Comitê Olímpico Brasileiro e pela Rio-2016, ambas presididas pela mesma pessoa: Carlos Nuzman", escreveu Eric Walther Maleson.

A testemunha agora coloca em dúvida o papel do COI. "Antes dos Jogos, eu achei que eles não teriam agido para não abalar o evento. Até me responderam, dizendo que a papelada estava na mesa do presidente. Até hoje não entendi como deixaram o Nuzman acumular os cargos do COB e da Rio-2016. Mas, depois dos Jogos, eles também não agiram. Não podem mais ser negligentes", atacou.

Questionado se tomaria alguma medida em relação ao COB ou se considera uma intervenção, o COI se limitou a dizer que seria "prematuro comentar neste momento".

A procuradora Fabiana Schneider, da força-tarefa da Lava Jato, afirmou, nesta terça-feira (5), que já existem elementos que, reunidos, comprovam que houve compra de voto para o Rio sediar a Olimpíada de 2016. Estariam envolvidos no caso o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como "Rei Arthur", entre outros.

A procuradora disse que um dos fatores que indicam a fraude são as datas próximas entre depósitos suspeitos no valor de US$ 2 milhões (R$ 6,2 milhões, na cotação atual) e o resultado da votação, ocorrida na Dinamarca.

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O indício maior foi uma transação financeira feita em 29 de setembro de 2009 entre a Matlock Capital Group, empresa com sede em Miami, nos Estados Unidos, e a Pamodzi Consulting, empresa de Papa Massata Diack. Três dias depois, o Rio foi escolhido, informou a procuradora.

Ela destacou no entanto que ainda falta um elemento de ligação entre Artur César de Menezes e Lamine Diack, então presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) e o membro do COI e seu filho, Papa Massata Diack. Por este motivo, o presidente do COB, Carlos Nuzman, passou a ser investigado.

"Aqui entra o Comitê Olímpico Brasileiro, que tinha o poder de aproximar essas duas pontas. É inegável que Nuzman atuou de forma expressiva para convencer pessoas a votar pelo Rio de Janeiro", disse Fabiana.

E por conta desses indícios, disse a procuradora, Nuzman está proibido de deixar o País. "Nuzman se mostra como elemento central entre os pontos, entre empresários e os representante dos Comitê Olímpico. Formou-se uma verdadeira triangulação de interesses, de favores de esportistas e de um seleto grupo que planejou cada passo para que os jogos viessem para o Brasil", afirmou.

O juiz federal Marcelo Bretas decretou o bloqueio de R$ 1 bilhão do presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e dos empresários Arthur Soares e Eliane Cavalcante. Os três são investigados na Operação Unfair Play, deflagrada nesta terça-feira.

A apuração mira um esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha do Rio pelos membros do Comitê Olímpico Internacional como sede dos Jogos de 2016.

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O Ministério Público Federal havia solicitado a Bretas "em razão do dano moral causado, que o patrimônio dos representados Arthur César de Menezes Soares Filho, Eliane Pereira Cavalcante e Carlos Arthur Nuzman" fosse bloqueado em, pelo menos, R$ 1 bilhão "a fim de fazer frente ao dano causado, cujo valor será fixado quando da prolação da sentença penal".

Ao decidir, Bretas anotou. "Presentes os pressupostos e as circunstâncias autorizadoras, determino o sequestro/arresto dos bens móveis e imóveis (medidas assecuratórias) dos três investigados e das pessoas jurídicas a eles vinculadas, nos termos requeridos pelo Ministério Público Federal."

O bloqueio solicitado pela força-tarefa da Lava Jato atinge um lote de terreno de Mangaratiba, dois apartamentos na Lagoa, no Rio, quatro carros, uma aeronave e 870 cotas de Fundo de Investimento em Participações LSH.

Bretas determinou que as medidas assecuratórias de sequestro/arresto devem ser cumpridas mediante "sequestro de numerário mantido em instituições financeiras por meio do sistema Bacenjud, sequestro/arresto de veículos por meio do sistema Renajud, bloqueio de bens imóveis por meio da Central Nacional de Indisponibilidade de Bens (CNIB) e/ou de expedição de ofícios conforme o caso, sequestro/arresto de embarcações e aeronaves mediante expedição de ofícios à Capitania dos Portos e à ANAC".

OPERAÇÃO - Arthur Soares e sua sócia Eliane Cavalcante são alvos de mandado de prisão da Unfair Play. Nuzman foi intimado a depor nesta terça-feira. Em nota, a PF informou que 70 policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio, na cidade do Rio de Janeiro - Leblon, Ipanema, Lagoa, Centro, São Conrado, Barra da Tijuca e Jacaré -, no município de Nova Iguaçu e em Paris.

Segundo a PF, as investigações, iniciadas há nove meses, apontam que os pagamentos teriam sido efetuados tanto diretamente com a entrega de dinheiro em espécie, como por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.

"Os fatos apurados indicam a possibilidade de participação do dono das empresas terceirizadas em suposto esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha da capital fluminense pelo Comitê Olímpico Internacional como sede das Olimpíadas 2016, o que ensejou pedido de cooperação internacional com a França e os Estados Unidos", informou a PF. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Como era esperado, Carlos Arthur Nuzman foi reeleito nesta terça-feira para a presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Será a sexta vez consecutiva que Nuzman presidirá o comitê, cargo que assumiu em 1995. Candidato único para o pleito desta terça, ele foi reconduzido para um mandato até 2020 com 24 votos entre 29 possíveis - quatro confederações e a comissão de atletas do COB não enviaram representantes. Na votação, houve três abstenções, um voto contra e um nulo, já que o envelope onde deveria estar a cédula estava vazio.

A chapa de Nuzman tem Paulo Wanderley Teixeira como vice. Presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Teixeira está sendo preparado para comandar o COB após 2020, quando Nuzman não poderá mais concorrer.

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Em seu discurso de posse, Carlos Arthur Nuzman anunciou que Agberto Guimarães, quarto colocado nos 800m rasos em Moscou-1980 e diretor de Esportes do Comitê Rio-2016, será o novo diretor executivo de Esportes do COB, cargo que era ocupado por Marcus Vinicius Freire até a última Olimpíada, na qual o Time Brasil não atingiu a meta de ser Top 10 no número total de medalhas.

"Vamos ter muito trabalho pela frente", afirmou Nuzman. "Não é em pouco tempo que se transforma uma entidade em vencedora", prosseguiu o dirigente que completará 25 anos à frente do COB se concluir o novo mandato, em 2020.

VOTAÇÃO - No início da assembleia, Nuzman pediu um minuto de silêncio em homenagem ao ex-presidente da Fifa João Havelange, falecido em agosto aos 100 anos. Membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) por 48 anos, Havelange renunciou ao cargo em 2011 alegando problemas de saúde em meio a uma investigação do comitê de ética da entidade. O dirigente teve papel ativo na candidatura do Rio para ser sede dos Jogos Olímpicos deste ano.

Das trinta confederações com direito a voto, quatro não enviaram representantes (Desportos no Gelo, Desportos na Neve, Tae Kwon Do e Tiro com Arco). O pleito ainda contou com os votos de três membros natos do COB - incluindo Nuzman. Presidente da Comissão de Atletas do comitê, o ex-jogador de vôlei de praia Emanuel Rêgo enviou carta apoiando a reeleição do dirigente.

Apesar da (quase) aclamação, a reeleição de Nuzman corre o risco de ser anulada pela Justiça. Principal opositor do dirigente, Alaor Azevedo, que preside a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), chegou a ter duas liminares a seu favor deferidas pela Justiça do Rio. Ele entrou com ação questionando o prazo exigido pelo COB - 30 de abril - para o registro de candidaturas numa eleição que ocorreria só no último trimestre. As liminares foram derrubadas em agosto, mas o mérito da ação ainda será julgado.

O presidente do Comitê Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, assegurou neste sábado, em Toronto, que a revisão de custos pela qual passa a entidade não irá prejudicar a realização dos Jogos Olímpicos do próximo ano. A entidade, que é a responsável por organizar os Jogos, vem fazendo cortes de gastos para tentar não estourar o orçamento.

Orçado inicialmente em R$ 7 bilhões, os recursos do comitê vêm exclusivamente da iniciativa privada. Mas, devido a fatores como a variação cambial e o momento da economia brasileira, esse valor já está estimado em R$ 7,4 bilhões, o que obriga a entidade a rever suas planilhas.

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"É uma dinâmica que o Comitê Rio-2016 tem para poder ter equilibradas as suas finanças. Há necessidade em algumas áreas de aumento de recursos, e há outras em que um equacionamento tem que ser feito. E é isso que está sendo feito desde que nós ganhamos e será assim até os Jogos", minimizou Nuzman.

Para não aumentar o risco de enfrentar dificuldades financeiras, o comitê está mexendo no planejamento de algumas áreas, como alimentação e transporte. Membros do Comitê Olímpico Internacional, por exemplo, deverão ter alimentação semelhante à dos trabalhadores do Rio-2016. Apenas atletas terão comida diferenciada.

As mudanças, garante Nuzman, não afetarão a realização dos Jogos. "Isso é feito por todas as cidades. Todos os comitês organizadores fazem dessa maneira, assim como aqui em Toronto eles fizeram também. É uma dinâmica natural e não pode ser diferente, porque ninguém consegue em sete anos, quando ganha (o direito de sediar a Olimpíada), ter todos os seus elementos e números financeiros adequados."

As declarações do dirigente foram dadas ao lado de autoridades brasileiras durante uma entrevista coletiva concedida no centro de imprensa dos Jogos Pan-Americanos. O evento contou com as presenças do ministro do Esporte, George Hilton, do secretário estadual de Esporte do Rio, Marco Antônio Cabral, do presidente da Empresa Olímpica Municipal, Joaquim Monteiro de Carvalho, e do presidente interino da Autoridade Pública Olímpica, Marcelo Pedroso.

A intenção do astro de MMA Anderson Silva de disputar o tae kwon do pelo Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016 é vista com bons olhos por Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Rio-2016, responsável pela organização. Nesta sexta-feira, Nuzman afirmou que seria "um prazer muito grande" a participação de Anderson na Olimpíada.

"Eu gostaria de ver os melhores atletas do mundo participando. E se o Anderson for cumprindo tudo o que tem que cumprir, e ele se classificar - porque o presidente da Confederação Brasileiras de Tae Kwon Do deixou muito claro que ele não vai ganhar (a vaga) de presente -, será um prazer muito grande (termos) mais um atleta brasileiro de renome", disse Nuzman.

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Na avaliação do dirigente, a presença de Anderson Silva nos Jogos ajudaria no próprio desenvolvimento do tae kwon do no País. "Acho que para o tae kwon do é uma grande conquista, é de grande importância. O tae kwon do é um esporte em grande desenvolvimento, e será benéfico", considerou.

Sobre o caso de doping pelo qual Anderson Silva está envolvido, Nuzman declarou que a tolerância é "zero", mas que isso não será impedimento para disputa dos Jogos caso o lutador resolva a questão com a Comissão Atlética de Nevada e, eventualmente, com a Agência Mundial Antidoping.

"Defendemos que o doping é uma questão zero para nós, mas no mundo diversos atletas campeões olímpicos tiveram no passado problemas de doping. Então, ele cumprindo o que for estabelecido pela comissão de Nevada, ele estará sem problemas para poder competir", disse Nuzman.

O presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, disse nesta quinta-feira que confia em uma boa parceira com o novo ministro do Esporte, George Hilton. Ausente na cerimônia de posse, Nuzman se encontrou com o ministro na quarta-feira, em Brasília. No encontro, o dirigente soube que o secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, será o novo secretário-executivo da pasta.

"Ele (Hilton) disse que a equipe que estava trabalhando no alto rendimento, o Ricardo Leyser, vai continuar. Não sei se saiu ou vai sair (o comunicado oficial), se estou fazendo uma confidência, mas o Leyser deve ser o secretário-executivo", destacou Nuzman, em encontro com jornalistas na sede do comitê. O antigo secretário executivo da pasta, Luis Fernandes, ocupará a função no ministério de Ciência e Tecnologia, acompanhando Aldo Rebelo.

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Sobre George Hilton, que ao ser anunciado ministro admitiu "não entender profundamente" de esportes, Nuzman demonstrou confiança. "Ao longo desses anos que a gente liga com o esporte tivemos vários ministros que não tinham ligação, e fizemos um trabalho excelente e tivemos uma relação ótima", disse o dirigente, que também preside o Comitê Olímpico do Brasil (COB).

"Eu conversei mostrando como nós trabalhávamos com o ministério há muitos anos, e ele respondeu que a parceria não muda em nada. 'Sinergia' foi uma palavra usada por ele de uma maneira muito clara, e essa sinergia vai continuar", afirmou.

No fim do mês, Hilton deverá ir ao Rio para uma reunião com presidentes de confederações nacionais no COB e também para visitar a sede do Comitê Rio 2016.

O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, realizou na tarde desta quarta-feira a primeira visita ao novo ministro Esporte, George Hilton. Entre os tópicos discutidos, o principal assunto foi a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio. E Nuzman se mostrou animado com o que foi conversado.

"Vamos manter a parceria, a sinergia e o trabalho em conjunto. O ministro está entusiasmado com a preparação para os Jogos", afirmou Nuzman. "O Brasil vem se preparando para organizar os melhores Jogos Olímpicos e Paralímpicos da história. A integração de todos os entes públicos com o Comitê Rio 2016 é um fator chave para o sucesso da organização."

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Esta aliança entre os órgãos responsáveis pela realização dos Jogos foi o ponto mais elogiado por Nuzman. "A relação entre o Ministério do Esporte, o COB e o Comitê Rio 2016 é exemplar para o mundo olímpico."

Os elogios de Nuzman vão de encontro às críticas que vêm sendo feitas à escolha de Hilton como novo ministro do Esporte, na vaga de Aldo Rebelo. O político, que se apresentava como "radialista, apresentador de televisão, teólogo e animador", nunca trabalhou com esporte e chegou a admitir que não entendia muito do assunto.

Mas isso não abalou a confiança de Nuzman, que apostou em uma grande edição dos Jogos Olímpicos no Brasil. Os eventos-testes estão previstos para terem início em julho deste ano e nem mesmo o atraso em diversas obras desanimou o presidente do COB.

"Os eventos estão sendo bem alinhados. Para nós, são importantes pela estrutura dos locais e pela operação de cada modalidade que teremos durante os Jogos, para podermos fazer ajustes, caso seja necessário", afirmou.

Com a aproximação dos Jogos do Rio/2016, crescem as críticas da comunidade internacional pela poluição na Baía de Guanabara, palco das provas de vela na próxima Olimpíada. O presidente do Comitê Organizador e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, porém, minimiza o problema. Segundo ele, não houve nenhuma reclamação formal com relação à sujeira.

"O trabalho de despoluição está sendo feito, mas os locais de competições não conflitam tão fortemente com locais que eles são problemas. É uma problema que está sendo enfrentado e que a alteração de local de competição não vai haver, todos virão treinar", comentou Nuzman, neste sábado (8), em Santiago (Chile).

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A preocupação é grande desde já porque, entre 3 a 9 de agosto, a Marina da Glória vai receber o primeiro evento-teste do Rio/2016, exatamente na vela. "Queria lembrar que o Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara, sedia dezenas de campeonatos mundiais, dezenas. Nunca nenhum atleta reclamou, nenhuma entidade. Todos competiram na Baía de Guanabara como ela é e como ela está", apontou o dirigente.

Por conta da influência das condições climáticas na vela, a tendência é que muitos atletas internacionais façam estágios de treinamento no Rio, na raia olímpica, antes dos Jogos. E as imagens da Baía suja afetariam ainda mais a reputação dos organizadores. "Claro que o que está sendo procurado fazer é dar melhores condições e limpá-la dentro do máximo possível. Quis chamar atenção para isso para não parecer que é um local de competição que foi escolhido sem ter tido previamente outros eventos", observou.

Falando com a imprensa brasileira em Santiago, onde acontecem os Jogos Sul-Americanos, Nuzman negou o risco de que, a imagem ruim do País pelos atrasos nas obras da Copa, respinguem sobre os Jogos Olímpicos.

"Na história só três países fizeram Copa e Olimpíada juntos. O México em 68 e 70, Alemanha em 72 e 74, primeiro Olimpíada e depois Copa. O único que fez a Copa antes foi os Estados Unidos em 94 e 96. Sempre os benefícios existem, não terão pontos negativos que vão prejudicar um ou outro. O País é o grande beneficiado e os resultados serão muito bons tanto para um quanto para o outro. É uma caminhada longa, caminhada de mudanças de todo o esporte brasileiro", disse, politicamente.

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