Uma quadrilha que extorquia desde pessoas humildes a 'celebridades' na Região Metropolitana do Recife (RMR), foi desarticulada pela polícia. Entre os detidos estão um sargento da Polícia Militar, um soldado do 1° Batalhão de Olinda, um servidor da reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um ex-policial civil que hoje é pastor evangélico, e um ex-policial militar que já foi condenado por roubos de carga.
O líder da organização, Marcos Heraldo de Araújo Campos, funcionário da Previdência Social, possui várias casas, galerias e apartamento em Boa Viagem. Segundo as investigações, ele era uma pessoa temida, que andava sempre com seguranças. Um dos suspeitos, o agiota Josemar Lira Batista, teria dito que em seu depoimento que estava morto após ter falado o nome de Marcos.
##RECOMENDA##De acordo com o delegado Ivaldo Pereira, responsável pelo caso, o grupo era bem organizado e tinha maneiras diferentes de agir. Eles emprestavam a quantia em dinheiro ao cliente e em seguida cobrava com juros. Caso o cliente não fizesse o pagamento, eles tinham integrantes com contatos dentro do banco para conseguirem empréstimos com os documentos da vítima. Por último, se a pessoa tivesse o nome sujo na praça, o núcleo mais violento entrava em ação. “Eles utilizavam de ameaça e agressão para que quitassem a dívida de alguma forma. Pegavam computador, imóvel da vítima, qualquer coisa”, disse Pereira.
Em uma das ações relatadas pelo delegado, o soldado Everaldo Epifânio Lopes encontrou com uma cliente na frente do banco, puxou-a pelo cabelo e ainda a atropelou. Apesar da agressividade, a não há registros de homicídios de autoria do grupo.
Ao todo foram detidas nove pessoas. O sargento Amaro José Montenegro Correia de Melo também comercializava armamentos e com ele foram apreendidas quase quatro mil munições de diversos calibres. Com os suspeitos também foram confiscados cartões de crédito e cartões do Bolsa Família, aparelhos celulares e R$ 2.300 em dólares e euros.
Um das apreensões que chamou a atenção do delegado foi a de 652 cheques, cerca de 500 na posse de Marcos. “Esta era a garantia mais forte deles, porque conseguiam uma extorsão indireta, tanto com o acionamento na parte cível quanto penal. Com o cheque eles podiam alegar que a vítima era um estelionatário, e aí a vítima que passava a ser o criminoso”, explicou o delegado. Havia cheques com valores de até R$ 60 mil e com data de 1998.
Os integrantes vão responder por agiotagem, extorsão, associação criminosa e venda de munições. Os policiais militares foram levados para o Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed) e os demais para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). A polícia não divulgou quais seriam as 'celebridades' que recorriam aos agiotas, mas revelou que algumas construtoras também procuravam o serviço.