Torturado e assassinado durante a ditadura militar, o padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, mais conhecido como padre Henrique, completaria 75 anos de vida na próxima quinta-feira (28). Para lembrar a data, neste sábado (24) aconteceu um ato na Praça do Parnamirim, Zona Norte do Recife, local onde o sacerdote foi capturado por três homens armados no dia 26 de maio de 1969. Os participantes distribuíram flores aos motoristas e pedestres que circularam pelo local, reverenciando a importância que o auxiliar de Dom Hélder Câmara teve em prol da democracia.
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A vereadora Isabella de Roldão (PDT) esteve presente no ato e reforçou a necessidade de relembrar a luta de padre Henrique, principalmente entre os mais jovens. “Precisamos trazer à tona esse movimento que aconteceu e que poucas pessoas se recordam. As pessoas mais velhas reconhecem a importância de padre Henrique no enfrentamento à ditadura, mas a gente sente uma dificuldade em discutir o tema com a geração mais nova. É fundamental que a gente não deixe a luta de padre Henrique ficar em brancas nuvens”, frisou.
De acordo com os participantes do ato, as flores distribuídas aos pedestres e motoristas que circularam próximo à Praça de Parnamirim simboliza o amor, a beleza e a paz. A moradora do bairro de Casa Forte, Larissa Nogueira, foi uma das pessoas que receberam uma flor.
“Em tempos de paz, é sempre necessário relembrar a luta de pessoas como padre Henrique. Acho que nada mais simbólico que uma flor para chamar a atenção de quem não conhece essa história”, pontuou. Além do ato simbólico, também está programada uma sessão solene às 9h da próxima terça-feira (27), na Câmara Municipal do Recife, a pedido da vereadora Isabella de Roldão.
Entenda o caso
Entre todos os casos de torturas e agressões ocorridas durante o golpe militar, um dos que mais chocou Pernambuco foi a morte do padre Antônio Henrique. Ligado ao arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, o jovem foi sequestrado, torturado e jogado próximo à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no bairro da Cidade Universitária, no Recife, em 1969.
O crime, visto como uma barbárie, tinha como objetivo atacar o arcebispo, religioso desbravador dos direitos humanos e da paz. Apenas em maio de 2014, exatamente 45 anos após o assassinato e depois que o delito já havia prescrito, um relatório com os nomes dos responsáveis pelo sequestro, tortura e morte de Antônio Henrique foi divulgado.