Nenhum treinador em atividade hoje, em Pernambuco, comandou mais times do que Pedro Manta, 57 anos, 33 deles no futebol. Só aqui no estado, foram 14. Segue a lista: Salgueiro, Ypiranga, Serrano, Vitória, Araripina, Petrolina, Serra Talhada, Pesqueira, Porto, Afogados, Belo Jardim, Retrô, Cabense e América.
São seis acessos no currículo. Da Série A2 para A1 com Vitória, América, Araripina, Afogados, Petrolina e Retrô, esse ano. Com o Sport, como auxiliar, tem ainda o vice-campeonato brasileiro da Série B em 2006. Para 2020, de volta ao Afogados, onde terminou em 3º no Pernambucano 2019, Manta projeta um ano que vem melhor ainda.
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“Temos uma boa expectativa, pelo calendário que a gente conseguiu. Copa do Brasil é um momento que o clube tem que ser atrevido, pois não tem nada a perder. A Série D dá um espaço melhor para a equipe crescer. Estamos montando um time forte, isso foi uma coisa que me fez voltar, essa boa estrutura. Algumas contratações estão sendo feitas para que o grupo ganhe mais cancha, experiência e seja mais cascudo”, disse.
O calendário que Manta tanto comemora começou a se desenhar nas quartas de finais do estadual desse ano, quando o Afogados eliminou o Santa Cruz, em pleno Arruda, nos pênaltis, após um 1 x 1 no tempo normal .Para ele, esse feito inédito para o time sertanejo também foi o mais memorável da sua carreira de técnico.
“A conquista mais importante, pra mim, foi a gente ter tirado o Santa Cruz esse ano. Jogamos melhor e podíamos ter ganho nos 90 minutos. Tinha jogador que estava de mala pronta no ônibus para ficar no Recife, pois o clube já tinha até pago o elenco e dado férias. Não se achava que a gente passaria. Aí eu usei isso para motivar o time. Ganhamos e tivemos mais 17 dias de trabalho até a decisão do terceiro lugar”, relembra.
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Andarilho do futebol
Com tantos clubes na carreira, sobretudo no interior do Nordeste, Pedro Manta é o que pode ser chamado de “andarilho do futebol”. Para ele, não há como fugir dos “ossos do ofícios” e revela um lado ruim do cargo.
“É um sacrifício. Futebol, para muitos, aparece só o topo da montanha, mas embaixo é luta, é perseverança, longe da família, longe do lazer. Por exemplo, as formaturas dos meus filhos não pude estar presente, poucas festas participei, em virtude da profissão, de toda essa entrega. É uma vida solitária. Não vou dizer que me preparei, mas me acostumei e a gente entende que é dessa forma que funciona”, conta.
Amizade com Givanildo
Pedro Manta também já foi auxiliar técnico. E seu padrinho é ninguém menos que Givanildo Oliveira, um dos maiores treinadores do estado. “É uma cara que gosto muito. Trabalhei com ele no Athletico Paranaense, no Sport e no Santa Cruz. Tenho uma relação muito boa. Sempre nos falamos, trocamos ideias, ele é muito experiente. Tem um jeitão, mas tem um grande coração. É um cara vencedor, com títulos e acessos”, elogia.
Times do Recife
Apesar da longa estrada e de passagens pela comissão técnica de grande clubes, Manta nunca chegou a comandar um time do Recife. Para ele, existe um certo tipo de receio de não se dar chance a treinadores da terra.
“Existem bons profissionais no estado, como Dado Cavalcanti, Roberto Fernandes e Sérgio China, por exemplo. Não vou usar a palavra preconceito, mas acho que nossos dirigentes preferem trazer de fora, porque tira a responsabilidade deles. Nossa própria imprensa não ajuda o ‘de casa’, acha sempre que estamos fora do contexto”, desabafou.
“A gente tem uma mania de valorizar o que vem de fora. A gente se prepara, o livro que vende lá no Sul vende aqui também. Se o diretor colocar alguém daqui, ele não aguenta a pressão. Acho um absurdo. E isso a gente vai sendo desvalorizado. Tem hora que a gente fica chateado, é injusto, mas eu tiro como incentivo. Sigo trabalhando contra essa mentalidade arcaica, não me culpo”, garante.