O Partido dos Trabalhadores decidiu em reunião, nesta quinta-feira, 3, convidar o ex-ministro de Finanças grego Yanis Varoufakis e o economista francês Thomas Piketty para participarem da conferência econômica que o partido pretende organizar entre o fim de maio e começo de junho.
A ideia foi discutida em reunião da Executiva nacional do PT na tarde desta quinta-feira, 3, em São Paulo. Segundo participantes, a reunião já estava marcada previamente e o vazamento da delação do senador Delcídio Amaral não entrou na pauta formal. Carlos Árabe, da corrente Mensagem ao Partido, ficou responsável por convidar Varoufakis e Piketty para o evento do PT. "O PT está em busca de uma alternativa possível, no mundo de hoje, ao neoliberalismo", disse Árabe à reportagem.
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Varoufakis integrou o governo radical de esquerda na Grécia até julho de 2015. Do partido Syriza, o ex-ministro é representante da linha antiausteridade na Europa. Varoufakis foi uma das principais vozes críticas à negociação do primeiro-ministro grego Alexis Tsipras com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Eleito em setembro, Tsipras reabriu as negociações com o FMI, com a Comissão Europeia e com o Banco Central Europeu, depois de a Grécia ter sido o primeiro país da história a dar um calote no FMI em 30 de junho do ano passado. O plano de Tsipras inclui medidas impopulares, como uma reforma previdenciária.
Já Thomas Piketty é de uma linha ideológica mais moderada, mas ainda à esquerda. O francês se notabilizou pela obra publicada em 2013: O Capital no Século 21. Piketty mostrou com uma série de compilações de dados que há uma concentração de riqueza no mundo capitalista e recomenda que governos implantem impostos sobre a riqueza como forma de combater a desigualdade social. Uma das principais propostas há anos no PT é aumentar a tributação sobre heranças e criar faixas de imposto de renda com alíquotas maiores para as parcelas mais ricas da população.
Como adiantado pelo Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o PT sugeriu a realização da conferência econômica na semana passada, em reunião do diretório nacional no Rio de Janeiro, em mais um movimento de pressão para que o governo Dilma Rousseff mude a direção da política econômica. O partido é crítico ao ajuste fiscal e à priorização do resultado primário como medida para conter o endividamento do Estado. O partido não aceita a proposta de discutir reforma previdenciária e chega a sugerir que o governo use as reservas internacionais para a criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego. Dilma vem sinalizando que não pretende mexer nas reservas.