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Quentin Tarantino e sua ode à Hollywood dos anos 1960 e o drama de guerra "1917" protagonizaram a 77ª edição do Globo de Ouro, realizada neste domingo (6), na qual a Netflix saiu praticamente de mãos vazias.

"Era uma Vez em... Hollywood" terminou com três estatuetas, incluindo a de melhor comédia e de melhor ator coadjuvante para Brad Pitt, enquanto o filme do britânico Sam Mendes conquistou o maior prêmio da noite - o de melhor drama - e o de melhor diretor.

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"Posso dizer que não há outro diretor nesta sala, outro diretor no mundo que possa fazer sombra a Martin Scorsese? Tinha que dizer isso", afirmou Mendes, ao receber a estatueta.

"Coringa" levou dois prêmios, incluindo o de melhor ator para o aclamado Joaquin Phoenix.

"Rocketman", o musical inspirado na vida de Elton John, também conquistou um par de estatuetas: melhor canção original, composta pelo próprio intérprete com Bernie Taupin, e melhor ator de musical/comédia, para Taron Egerton.

"História de um Casamento", que chegou dominando as indicações (seis ao todo), levou apenas um Globo para casa, o de melhor atriz coadjuvante para Laura Dern. Já "O irlandês", filme de gângster de Martin Scorsese, não ganhou nenhuma de suas cinco indicações.

"Parasita" levou o prêmio de melhor filme em língua estrangeiro, categoria na qual competia com "Dor e glória", do espanhol Pedro Almodóvar.

Maior festa de Hollywood, o Globo de Ouro abre a temporada de premiações que este ano termina em 9 de fevereiro, com o Oscar.

Os resultados da noite deste domingo são um primeiro termômetro do que virá.

Awkwafina faz história

O comediante britânico Ricky Gervais abriu o show com seu humor afiado, abordando temas polêmicos como o #MeToo, Jeffrey Epstein, o escândalo de admissão das universidades e a guerra do streaming.

"Ninguém vai ao cinema, ninguém vê televisão. Tudo é a Netflix. Eu deveria sair deste deste palco e dizer 'levou tudo, Netflix', boa noite", lançou.

Nada mais longe da realidade. O gigante do streaming, que chegou com 17 indicações em categorias de cinema, mais do que qualquer outro estúdio, levou apenas um troféu, o de Dern.

E, na televisão, onde também tinha 17 indicações, conquistou um Globo, pela atuação de Olivia Colman, em "The Crown".

A atriz americana de ascendência chinesa e sul-coreana Awkwafina conquistou a estatueta de melhor atriz de musical/comédia pelo filme "The Farewell", tornando-se a primeira mulher de origem asiática a ganhar nesta categoria.

Renée Zellweger venceu na categoria de melhor atriz de drama por seu papel como Judy Garland, em "Judy".

Ao receber o prêmio, Brad Pitt agradeceu aos também indicados Al Pacino, Tom Hanks, Joe Pesci e Anthony Hopkins, mas, principalmente, a seu colega de filmagem, Leonardo DiCaprio.

"Não estaria aqui, se não fosse por você", afirmou.

Barreira de legendas

Ao vencer com "Parasita" - que não podia competir como melhor filme pelas regras da competição -, Bong Joon-ho disse, por meio de um tradutor: "Uma vez superada a barreira de uma polegada de altura das legendas, terão muito mais filmes incríveis".

Por "Dor e glória", Antonio Banderas competia como melhor ator de drama, categoria que teve como vencedor Joaquin Phoenix, por "Coringa", com sua aclamada interpretação do vilão de Batman.

"Link Perdido" se impôs como melhor filme animado, superando gigantescas produções como "Toy Story 4", "Frozen II" e "O Rei Leão", da Disney.

O Globo de Ouro também reconhece os melhores da televisão.

Russell Crowe, escolhido melhor ator em minissérie/filme para TV, não compareceu à festa, devido aos devastadores incêndios na Austrália.

Em uma mensagem enviada por ele e lida pela atriz Jennifer Aniston, Crowe afirmou que "a tragédia que acontece na Austrália é parte da mudança climática".

"Succession" levou a estatueta de melhor série de televisão dramática, enquanto Phoebe Waller-Bridge conquistou o Globo de melhor atriz de comédia por "Fleabag", produção que também ganhou na categoria de melhor série de comédia.

Uma das mais famosas agências artísticas de Hollywood cancelou sua tradicional noite pré-Oscar como forma de protesto contra o decreto migratório do presidente americano, Donald Trump, e decidiu fazer uma doação a associações de defesa dos direitos civis.

A United Talent Agency (UTA), que representa, entre outros, a cantora Mariah Carey, os diretores Ethan e Joel Coen e os actores Chris Pratt, Harrison Ford e Alicia Vikander, organiza habitualmente um evento de gala anual na luxuosa residência de seu presidente, Jim Berkus, em Los Angeles.

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Este ano, a UTA pretende organizar um evento contra a medida do presidente americano em Beverly Hills, sede da empresa, dois dias antes da cerimônia do Oscar, que acontecerá em 26 de fevereiro.

A agência também pretende doar 250.000 dólares para a American Civil Liberties Union (ACLU) e para o International Rescue Committee (IRC), uma organização de ajuda aos refugiados.

"É um momento que precisa de nossa generosidade, nossa atenção e nossa impaciência", afirma o diretor geral da UTA, Jeremy Zimmer, em um memorando enviado aos funcionários da empresa, informou a revista Hollywood Reporter.

"Nosso mundo é melhor graças às interações entre artistas, as trocas de ideias e a expressão criativa. Se nossa nação deixar de ser um lugar onde os artistas podem se expressar livremente, então acredito que deixaremos de ser Estados Unidos", completa o texto.

A empresa queria "expressar a preocupação da comunidade criativa ante o sentimento anti-imigração nos Estados Unidos", escreve a revista Variety.

A decisão da UTA foi anunciada no momento em que um tribunal de apelações de San Francisco examina a ação do governo Trump que pede a retomada do decreto migratório do presidente, suspenso por um juiz federal de Seattle, que proíbe por três meses a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana.

O decreto, que o presidente Trump apresenta como uma medida para lutar contra o terrorismo, recebeu muitas críticas em todo o mundo, com protestos e cenas de caos nos aeroportos.

A medida também proíbe, durante 120 dias, o acesso dos refugiados ao país. O prazo é indeterminado no caso dos sírios.

A UTA representa em particular o diretor iraniano Asghar Farhadi, que disputa pela segunda vez o Oscar de filme em língua estrangeira por "O Apartamento" e que já anunciou que não comparecerá à cerimônia de 26 de fevereiro em protesto pelo decreto que envolve seu país.

Farhadi já venceu um Oscar de filme em língua estrangeira por "A Separação".

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