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O Banco Central (BC) reduziu as projeções para a alta dos preços administrados em 2018 e 2019, conforme a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta terça-feira (18). Para este ano, o índice calculado passou de 7,4% para 6,1% no cenário de mercado. Para o próximo ano, o porcentual esperado caiu de 5,6% para 5,1%. Já a projeção para 2020 nesse cenário foi mantida em 3,9%.

As estimativas anteriores constavam na ata do encontro de outubro do Copom. O cenário de mercado utiliza como parâmetros as projeções para câmbio e juros do Relatório de Mercado Focus.

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No cenário de referência, que utiliza como parâmetros câmbio constante a R$ 3,85 e juros constantes a 6,50% ao ano, a projeção para a alta dos preços administrados em 2018 caiu de 7,3% para 6,1%. No caso de 2019, recuou de 5,4% para 5,2% e, para 2020, caiu de 4,1% para 4,0%.

Na segunda-feira (17) o Focus indicou que a estimativa para 2018 no mercado financeiro é de elevação de 6,69% dos administrados. Para 2019, a expectativa está em 4,75% e, para 2020, em 4,00%.

As projeções para os preços administrados ajudaram a formar a base para que o colegiado mantivesse na semana passada a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano. Foi o sexta encontro consecutivo em que o colegiado não alterou a taxa básica.

IPCA

A ata do Banco Central Agota divulgada também indica que a projeção para o IPCA de 2018 no cenário de mercado está em 3,7%. Já a projeção para 2019 é de 3,9% e, para 2020, de 3,6%. São os mesmos valores citados no comunicado que acompanhou a decisão sobre a Selic do colegiado na semana passada.

Não param de subir - e de forma rápida - as projeções para os preços administrados no Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 2, pelo Banco Central. A mediana das previsões para esse conjunto de itens em 2015 avançou de 10,40% na semana passada para 11,00% agora. Um mês antes, a mediana estava em 9,00%. A estimativa central do mercado continua acima da projeção mais recente feita pelo BC, de alta de 9,30% para esses preços. Esta foi a 12ª semana consecutiva em que houve revisão das projeções para cima.

Já para 2016, a expectativa é a de que a pressão para a inflação desse conjunto de itens seja menor. A mediana das estimativas continuou em 5,50% pela terceira vez consecutiva. Há um mês, a Focus apontava uma taxa de 5,80% para os preços administrados no ano que vem. A projeção do mercado para o próximo ano segue também mais pessimista que a do BC, que na última ata do Copom projetou inflação de administrados em 5,1%.

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Sobre os preços administrados de 2015, o BC explicou que a sua projeção em nível elevado considera hipótese de elevação de 8% no preço da gasolina, em grande parte, reflexo de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e da PIS/COFINS; de 3,0% no preço do gás de bujão; de 0,6% nas tarifas de telefonia fixa; e de 27,6% nos preços da energia elétrica, devido ao repasse às tarifas do custo de operações de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). As informações fazem parte do Relatório Trimestral de Inflação de dezembro.

Os preços administrados deverão ser uma pedra no sapato do governo não apenas neste como também no próximo ano, levando-se em conta o relatório de mercado Focus divulgado nesta segunda-feira (12), pelo Banco Central, O mercado voltou a ajustar para cima a mediana das previsões para os preços administrados de 2015, que subiu de 7,85% para 8,00%. Um mês antes estava em 7,48%. Já para 2016, a expectativa é de que a pressão para a inflação desse conjunto de itens seja menor, mas ainda crescente, já que a mediana das estimativas está em 6,00%, ante 5,80% do levantamento anterior e da pesquisa de um mês antes.

O mesmo documento apontou que o IGP-DI deve encerrar 2015 em 5,66%. Na pesquisa anterior, feita com aproximadamente 100 instituições financeiras, a taxa apontada era de 5,67% e, quatro semanas atrás, de 5,73%. Para 2016, a perspectiva é de uma alta de 5,50% desse indicador apontada há 23 semanas.

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Já o ponto central da pesquisa para o IGP-M de 2015 passou de 5,62% para 5,67% de uma semana para outra - no mês passado estava em 5,68%. No caso do ano que vem, a expectativa dos participantes é a de que o principal índice de inflação referência para reajuste de alugueis também suba 5,50%, de acordo com o boletim Focus, que registra esse patamar também há 23 semanas.

O IPC-Fipe para 2015 passou de 5,20% para 5,50%, segundo a Focus de hoje. Um mês antes, a mediana das projeções do mercado para o IPC era de 4,96%. Para 2016, a inflação de São Paulo, conforme o mesmo levantamento aponta há seis semanas, deverá ficar em 5,00%.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira (15) durante o 11º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que no próximo governo não será necessário "fazer tarifaço" de preços administrados.

"Subimos os preços de energia em média em 17%", exemplificou, citando que ajustes nessa categoria já estão ocorrendo.

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Descartado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, o risco de tarifaço em 2015 ainda não saiu do radar. O ajuste nas tarifas de serviços que têm preços regulados pelo governo, como energia elétrica, combustíveis e transporte, já começou em 2014, mas o ritmo ainda está aquém do ideal e a avaliação é de que falta muita correção até dezembro e, sobretudo, até o fim do próximo ano.

Enquanto o Banco Central espera uma alta de 6% dos preços administrados, estimativas do setor privado apontam que o desmonte da política de represamento de preços adotada pela presidente Dilma Rousseff exigirá um reajuste médio de 12,64% nas tarifas no próximo ano. Essa recomposição de preços, se for dada na totalidade, poderá resultar em um aumento adicional de 3 pontos porcentuais no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2015, colocando em risco o cumprimento da meta de inflação no primeiro ano do próximo governo.

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"Não importa quem seja o governo, ninguém vai promover um tratamento de choque dessa magnitude", ponderou o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa. "Não vejo um ajuste dessa magnitude. Implicaria em uma forte contração dos preços livres e se traduziria em forte aumento do desemprego", argumentou.

Mercado e governo têm projeções para o comportamento dos preços monitorados no próximo ano, mas os agentes avaliam que essas estimativas podem mudar, pois o cenário é bastante incerto. Os reajustes de energia, combustíveis, água e esgoto e transporte público podem ter correção menor que o esperado em função do apelo popular que uma alta forte nesses itens poderia causar e do risco de estouro da meta de inflação no primeiro ano do próximo governo.

"O ajuste que o governo der não fará frente a todo o represamento que foi feito, mas já é pelo menos uma sinalização de que de fato vai ocorrer um ajuste para colocar os preços administrados mais em linha com os preços livres", disse o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno. Para ele, no entanto, a correção total deve demorar entre dois e três anos para se concretizar.

Cálculos feitos pela SulAmérica Investimentos, considerando a defasagem de preços dos últimos anos, indicam a necessidade de um reajuste de 20% na gasolina, que hoje é comprada pela Petrobras no exterior por um valor superior ao de revenda no mercado doméstico. No caso das tarifas de ônibus, que não subiram em resposta às manifestações populares do ano passado, a defasagem é de 18%.

O maior represamento, no entanto, está concentrado em um dos serviços com maior peso no IPCA: a energia elétrica, que responde por 14% do cálculo de correção dos preços monitorados. Pelo levantamento, a conta de luz precisará subir 27,5% para recompor o custo adicional provocado pela falta de chuvas e alto uso de termelétricas.

Outros itens também têm necessidade elevada de ajuste. O seguro saúde teria de subir 8,6%; medicamentos, 5,5%; e demais preços, 6,2%. Apenas telefonia fixa não precisaria de mudança. Apesar de ter feito esse exercício, a SulAmérica projeta que o governo não fará a recomposição integral dos preços e dará uma correção menor (em relação a estimativa de defasagem média de 12,64% nas tarifas), de 7,02% - previsão próxima da mediana das expectativas do mercado para 2015, de 6,90%, de acordo com o último boletim Focus divulgado pelo BC. "O tarifaço pode estar na cabeça do mercado, mas (ainda) não está em seus números, nem nos do BC", observou o economista-chefe da Tullett Prebon Corretora, Fernando Montero.

Para a equipe econômica, o ajuste já começou em 2014 e está se acelerando. Os dados do IPCA, entretanto, mostram que esse movimento é mais gradual do que a equipe econômica quer fazer crer. A alta dos preços administrados acumulada em 12 meses, até julho, é de 4,63%; ante 1,31% em igual mês de 2013, no pico do represamento feito pelo governo para evitar um aumento maior da inflação.

Esse valor de 4,63% ainda está cerca de 8 pontos porcentuais inferior ao que seria necessário para recolocar os administrados no lugar. Até o fim deste ano vai pesar, sobretudo, o reajuste de energia. Enquanto o BC calcula uma alta de 14% em 2014, o IPCA até julho mostra um crescimento de 9,73%, indicando que há expectativa de forte correção no segundo semestre.

Com o risco da ameaça de tarifaço comprometer a campanha à reeleição, o governo saiu a campo e começou a sinalizar um cronograma gradual de aumento dos preços administrados para um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. A estratégia visa afastar o fantasma de que depois das eleições o governo promoverá um choque nos preços - medida impopular que poderia tirar votos da presidente na eleição de outubro.

O governo também quer dar mais previsibilidade para os reajustes e evitar que as expectativas de inflação sejam ainda mais contaminadas pelas incertezas em relação ao realinhamento dos preços - termo usado pelo Banco Central e os economistas de mercado para indicar o processo de correção da defasagem nas tarifas, que foi acentuado em 2013. Essas expectativas têm poder de influenciar a inflação corrente, porque os agentes econômicos se antecipam e remarcam os preços com medo do aumento do custos.

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Na linha de frente dessa força-tarefa, o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, divulgou um calendário com o impacto na tarifa de energia das duas operações de crédito às distribuidoras de energia que somam R$ 17,8 bilhões. O cronograma prevê uma alta de 2,6% em 2015; 5,6% em 2016 e 1,4% em 2017. Os valores já levam em consideração o efeito positivo da renovação de concessões de usinas hidrelétricas. Sem essa renovação, o reajuste da energia seria de 25% durante os próximos três anos. Zimmermann deu entrevistas a rádios e jornais na tentativa de conter a proliferação de previsões de alta de energia que ganharam força nos últimos dias, em meio à campanha eleitoral.

Combustíveis

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também deu sinalizações importantes para o reajuste dos combustíveis, preço que foi segurado pelo governo para ajudar no controle da inflação. Presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Mantega afirmou que "todos os anos tem correção do preço da gasolina, uns mais, outros menos, mas todos os anos tem correção".

Depois da indicação do ministro, ficou mais claro para o mercado que o governo vai reajustar a gasolina até o fim do ano, mas somente após as eleições. As ações da petrolífera subiram no rastro das declarações de Mantega. A última vez que houve reajuste de preços dos combustíveis foi em novembro do ano passado, quando a Petrobras foi autorizada aumentar em 4% a gasolina e em 8% o diesel, nas refinarias. Um dia antes, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Mantega já havia manifestado que não há necessidade de tarifaço em 2015. A própria presidente Dilma também sinalizou esta semana, a possibilidade de aumentar para 27,5% a mistura do etanol na gasolina, medida que poderá ajudar a conter a pressão de alta para o consumidor final.

O governo trabalha com um cenário gradual de realinhamento dos preços administrados e considera que boa parte do represamento que ocorreu em 2013 começou a ser diluído a partir de outubro do ano passado. A prova desse movimento, segundo um integrante da equipe econômica, é que a alta dos preços administrados, que desacelerou para 1,54% em 2013, já subiu para 4,63% em 12 meses até julho. "O ajuste está ocorrendo. No caso de energia elétrica está claro que não há represamento. As tarifas estão subindo. Tem empresa que foi autorizada a aumentar mais de 30%", destacou a fonte. Em julho, o custo da energia residencial subiu 4,52% somente em julho e 9,73% no ano. Até o final do ano, o BC espera um reajuste total de 14% da conta de luz.

Mesmo com o cronograma divulgado, há ainda incertezas em relação ao impacto da entrada em funcionamento da chamada bandeira tarifária, a partir de janeiro de 2015. A bandeira é um mecanismo que repassa rapidamente para a tarifa o aumento do custo da energia. A bandeira vermelha, por exemplo, indica que as térmicas mais caras, movidas a diesel e óleo combustível, estão ligadas, o que adiciona um custo extra já na conta do mês seguinte.

Também há perspectiva de alta em relação a dois preços administrados que têm peso importante na inflação: água e ônibus paulistanos. As passagens de ônibus do município de São Paulo estão há dois anos congeladas e a tarifa de água deve aumentar no ano que vem, em função do problema de abastecimento.

A despeito da inflação alta, insistentemente flertando com o teto da meta, professores de economia ligados a institutos de pesquisas de preços avaliam que o momento não comporta mudanças no centro da meta, hoje em 4,5%, nem no intervalo de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo. Para eles, há uma distorção muito grande na estrutura de preços relativos no Brasil que não se corrige com ampliação da meta e sim com a correção dos preços administrados, ainda que num primeiro momento a inflação extrapole o teto do intervalo, de 6,5%.

Heron do Carmo, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e ex-coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), é voz dissonante, mas só no que diz respeito à ampliação do intervalo da meta. No que tange à queda, desde que se liberem os aumentos dos preços administrados, até agora represados, o próximo governo, segundo ele, poderia reduzir em 0,5 ponto porcentual as bandas inferior e superior da meta, hoje de 2 pontos porcentuais. Essa alteração poderia ocorrer em 2015, se a situação sair vencedora das urnas e promover o ajuste dos administrados já em novembro. Ou em 2016, se o presidente eleito for da oposição e o ajuste dos administrados for feito em janeiro.

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O economista Eduardo Giannetti da Fonseca, um dos articuladores do programa de governo do candidato Eduardo Campos (PSB), disse que, caso o ex-governador pernambucano vença a eleição, o primeiro ano de governo será de reajuste de preços. Segundo ele, tecnicamente a inflação já supera a meta porque está artificialmente controlada. As medidas que teriam de ser tomadas de imediato envolveriam uma correção plena e imediata dos preços que ficaram defasados, como o da gasolina. "Se não se fizer isso imediatamente, as expectativas de inflação futura vão ficar altas e isso realimenta a inflação", afirmou.

Para Luiz Roberto Cunha, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) e membro do Conselho Técnico do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o problema não está no intervalo da meta, mas sim na distorção da estrutura dos preços administrados.

Quanto às promessas de candidatos, de que vão acertar a defasagem dos preços caso sejam eleitos, Cunha sugere cautela. "Não se deve dar ouvidos ao que os candidatos falam em campanha. Mas, independente de qualquer viés pró ou contra, é inegável que existe uma distorção muito grande dos preços relativos", disse. O IPCA, por exemplo, que segundo ele fechará este ano entre 6% e 6,5%, chegará perto do teto da meta pelo quinto ano. "É uma distorção porque este resultado será alcançado com alguma recuperação, mas ainda pequena perto do que precisa ser recuperado em termos de preços administrados", explicou.

Meta real

Na avaliação do professor de econometria e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, de uma forma ou de outra as pessoas já assumiram que o centro da meta é de 6%. "Nos últimos quatro anos, a inflação girou ao redor disso e o Banco Central não fez uma afirmação enfática contrária", lamentou. Segundo Picchetti, para os agentes econômicos, a meta hoje é de fato 6%. "E dessa forma, considerando que 6% já é uma inflação alta, ficaria preocupado em colocar a meta em 6,5%, por exemplo", afirmou. Segundo ele, o intervalo existe apenas para acomodar choques.

E mesmo com o represamento dos preços administrados as expectativas em relação ao IPCA para 2015 são menores que as de 2014. As medianas das projeções do mercado financeiro no Relatório Focus, divulgado segunda-feira, 4, pelo BC, a projeção mediana do mercado para o IPCA este ano ficou em 6,39% e a de 2015, em 6,24%. "Essa ideia de trocar inflação por crescimento não é uma boa coisa. Vejo isso como um sinal de leniência, o que pode levar os agentes econômicos a forçar preços mais perto do teto da meta de inflação", apontou Picchetti.

Querer elevar o teto da meta, segundo Heron do Carmo, seria "uma coisa inconsequente". "Seria um contrassenso para o regime de meta de inflação aumentar o teto da meta. Não tem que acomodar nada", disse o professor da FEA-USP. Política econômica consequente, segundo ele, é aquela em que o resultado aparece. Para isso, diz o economista, é preciso reduzir o déficit e a dívida pública.

Picchetti discorda de Heron quando ele afirma que as bandas de cima e de baixo da meta de inflação poderiam ser reduzidas se o próximo presidente liberar os ajustes dos preços administrados. "Reduzir também não dá porque o BC não está conseguindo cumprir nem o que está aí. O que o BC e o CMN (Conselho Monetário Nacional) vão dizer? Que agora é para valer e que antes não era?", questionou.

Segundo Cunha, inevitavelmente o próximo governo terá que enfrentar o dilema da distorção dos preços relativos. Se insistir na complacência, a inflação continuará entre 6% e 6,5%, podendo fechar entre 7% e 7,5% se ocorrer algum problema climático. "Aí a coisa se ajustaria pelo lado ruim, que é pela perda de renda das pessoas. Agora, se o governo ajustar logo os preços, a inflação pode chegar aos mesmos 7%, 7,5% no ano que vem, mas com uma trajetória decrescente nos próximos anos", disse o professor da PUC-RJ.

De qualquer forma, segundo os economistas, a sociedade vai entender se a inflação furar o teto da meta. "É só explicar que a inflação superou o teto por conta de um ajuste que vai levar à queda da inflação e ao crescimento mais à frente. Isso pode ser feito sem que se tenha que mexer na meta", disse Cunha.

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada há pouco pelo Banco Central, manteve a estimativa de alta de 4,5% para os preços administrados ou monitorados pelo governo em 2014 e projetou a mesma variação, pela primeira vez, para o comportamento desse conjunto de itens no ano que vem.

No Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que foi publicado ao final de dezembro do ano passado, o BC já havia apresentado sua expectativa de alta de 4,5% para esse conjunto de preços este ano. No RTI, a autoridade monetária também já considerava hipóteses de estabilidade dos preços da gasolina, do gás de botijão e das tarifas de telefonia fixa ao longo de 2014. Tudo isso foi mantido na ata do Copom divulgada há pouco. Para o setor de eletricidade, no entanto, o BC contava, no RTI, com um aumento de 7,5% das tarifas, previsão que também ficou inalterada no documento divulgado nesta quinta-feira, 23.

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Superávit

Já o superávit praticamente repetiu o parágrafo que aborda a questão fiscal visto no documento anterior. A diretoria do BC voltou a informar que considera como indicador fiscal o superávit primário estrutural, que deriva das trajetórias de superávit primário para 2014 e incluiu, no mesmo trecho, o ano de 2015 pela primeira vez. O documento lembra que o BC optou por seguir os parâmetros estabelecidos no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO)/2014. "Dessa forma, em determinado período, o impulso fiscal equivale à variação do superávit estrutural em relação ao observado no período anterior", trouxe o documento.

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