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Os pioneiros das vacinas anticovid? Geneticistas importantes? As opositoras de Belarus? As apostas sobre os vencedores dos prestigiosos Prêmios Nobel deste ano estão abertas, em uma edição novamente marcada pela pandemia do coronavírus.

Os Nobel de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz, criados pelo inventor sueco Alfred Nobel há 120 anos, assim como o de Economia - mais recente - serão anunciados em Estocolmo e Oslo na próxima semana. O objetivo: premiar "benfeitores da humanidade".

Entre os nomes que aparecem como favoritos estão o da húngara Katalin Kariko e o do americano Drew Weissman, que abriram o caminho para as vacinas de RNA mensageiro da Pfizer e da Moderna. Doses destes imunizantes já foram aplicadas em mais de um bilhão de pessoas em todo mundo para protegê-las da covid-19.

Especialistas entrevistados pela AFP afirmaram que eles podem receber o Nobel de Medicina, que abre a temporada na segunda-feira (4), ou de Química, que será anunciado na quarta-feira (6).

"Seria um erro, se o Comitê do Nobel não atribuísse o prêmio à vacina de RNA mensageiro este ano", opina a diretora do departamento de Ciência da rádio pública sueca, Ulrika Björkstén.

Às vezes criticada por sua tendência a conceder prêmios para descobertas muito antigas, a Academia de Ciências também poderia recompensar, finalmente, os especialistas em linfócitos Max Cooper e Jacques Miller.

Pesquisas sobre o câncer de mama (Mary-Claire King e Dennis Slamon), sobre áreas de resistência aos antibióticos, ou epigenética, também são mencionadas pelos especialistas na premiação.

Na terça-feira (5), será a vez do prêmio de Física; na quarta, o de Química; e, na quinta, o de Literatura. O prêmio de Economia encerrará a temporada no dia 11.

Na sexta-feira (8), todos os olhares estarão voltados para Oslo, onde será anunciado o vencedor do Nobel da Paz. No ano passado, esta distinção foi atribuída ao Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA).

"Não acredito que exista um favorito evidente este ano, ao menos no sentido convencional", afirma Henrik Urdal, diretor do Instituto de Pesquisas para a Paz, de Oslo.

Organizações de defesa da liberdade de imprensa, como Repórteres Sem Fronteiras e o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, voltam a aparecer como possíveis vencedores este ano.

A opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya - sozinha, ou com suas compatriotas Maria Kolesnikova e Veronika Tsepkalo - também é uma das favoritas.

A menos que o Comitê Nobel queira destacar a causa climática este ano, entre os 329 candidatos, homenageando, por exemplo, a jovem sueca Greta Thunberg.

"Este é o tema mais importante do momento", afirmou o historiador do Nobel Asle Sveen.

- "Colonialismo positivo" -

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o programa de vacinas Covax para os países pobres perderam parte de seu brilho, após as polêmicas e os atrasos na distribuição das doses.

O prêmio de Literatura também está especialmente aberto, e alguns apostam em um vencedor não ocidental.

Com exceção do vencedor de 2017, o britânico Kazuo Ishiguro, que nasceu no Japão, todos os vencedores nos últimos anos foram europeus, ou norte-americanos, de Bob Dylan a Peter Handke, chegando até a poeta americana Louise Glück, vencedora em 2020.

"Acredito que desejam descobrir um gênio de um lugar que foi marginalizado até agora. Poderíamos chamar de colonialismo positivo", disse Jonas Thente, crítico literário do jornal sueco Dagens Nyheter, que citou como candidata a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Outros nomes apontados para o Nobel de Literatura são o sul-coreano Ko Un, o queniano Ngugi wa Thiong'o e o chinês Can Xue. Apostas mais recentes citam ainda o indiano Vikram Seth, o moçambicano Mia Couto e o opositor chinês Liao Yiwu.

Em uma época que questiona o pós-colonialismo, também são mencionados os nomes de Jamaica Kincaid (nascida em Antigua e Barbuda e radicada nos Estados Unidos) e da francesa da ilha de Guadalupe Maryse Condé.

O japonês Haruki Murakami, sempre citado e nunca premiado, seguirá os passos do americano Philip Roth, que morreu sem receber o prêmio Nobel?

Na Europa, a russa Ludmila Ulitskaya, o húngaro Peter Nadas, o francês Michel Houellebecq e o albanês Ismaël Kadaré voltam a figurar nas listas de favoritos, assim como as canadenses Anne Carson e Margaret Atwood e as americanas Joyce Carol Oates e Joan Didion.

Assim como no ano passado, devido à Covid-19, os vencedores receberão os prêmios em seu país de residência, exceto para o Nobel da Paz, para o qual ainda existe uma pequena possibilidade de entrega em uma cerimônia em Oslo.

Os prêmios Nobel de Literatura, Medicina, Química e Economia foram entregues nesta terça-feira (10) em Estocolmo, em cerimônia que contou com homenagem a Nelson Mandela. O evento também foi marcado por um incidente envolvendo quatro homens nus que tentaram interromper a solenidade em ato pelo dissidente chinês Liu Xiaobo.

Celebrada na Sala de Concertos de Estocolmo, no 117º aniversário de morte de Alfred Nobel, a cerimônia não contou com a presença da princesa herdeira, Victoria da Suécia, que estava na África do Sul no funeral de Mandela. O líder da luta contra o apartheid recebeu o Nobel da Paz em 1993, com o então presidente sul-africano Frederik Willem de Klerk.

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Pouco antes do início do evento, quatro homens nus tentaram passar pelos cordões de segurança para protestar a favor do dissidente chinês Liu Xiaobo - premiado com o Nobel da Paz em 2010 e desde 2009 cumprindo uma pena de 11 anos de encarceração. "Quatro pessoas não conseguiram entrar na área restrita ao redor da sala de concertos", afirmou a polícia, confirmando informações fornecidas pela televisão, sem fornecer maiores detalhes.

Os premiados de 2013 receberam seus prêmios das mãos do rei Carlos Gustavo da Suécia, após o discurso do presidente da Fundação Nobel, Carl-Henrik Heldin, que destacou a importância das ciências e da pesquisa em tempos de crise. "Como consequência dos problemas econômicos que o mundo sofre atualmente, muitos países reduziram seu apoio à pesquisa (...) Isso é algo lamentável. Hoje em dia, é mais importante do que nunca continuar e aumentar o apoio à pesquisa, em particular à pesquisa de base", destacou Heldin, que também lembrou Mandela.

Vencedora do Nobel de Literatura e 13ª mulher a ser premiada, a canadense Alice Munro, de 82 anos, não estava presente na cerimônia e foi representada pela filha Jenny, que recebeu a distinção em seu nome. Três acadêmicos americanos - Robert Shiller, Eugene Fama e Lars Peter Hansen - receberam o Nobel de Economia por sua pesquisa em mercados financeiros, concretamente sobre os preços dos ativos financeiros, ajudando a explicar boa parte da crise atual.

Hansen alertou para a necessidade "de ensinar economia às crianças e jovens". O prêmio de Medicina foi entregue a outro trio de cientistas americanos, um deles de origem alemã. James Rothman, Randy Schekman e Thomas Suedhof dividiram o Nobel por seu trabalho pioneiro sobre o sistema de transporte das células no corpo, o que permitiu avançar nas pesquisas sobre a diabetes, transtornos imunológicos e outras enfermidades.

O britânico Peter Higgs e o belga François Englert foram premiados com o de Física, pela descoberta, em 2012, da partícula chamada de 'bóson' de Higgs, que explica a origem da massa das partículas elementares. O prêmio de Química foi para Martin Karplus, Michael Levitt e Arieh Warshel, de origem austríaca, britânica e israelense, respectivamente, embora o trio também se considere americano. Seu trabalho premiado estuda modelos multi-escala para sistemas químicos complexos, com o qual, graças a computadores, é possível prever reações químicas.

O Prêmio Nobel consiste em uma medalha de ouro, um diploma, e uma concessão de oito milhões de coroas suecas (cerca de 890.000 euros, ou seja, pouco mais de um milhão e duzentos dólares). À noite, os premiados foram recebidos com um banquete presidido pelo rei, com a presença de cerca de 1.300 convidados. Em Oslo, a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em pleno processo de desmantelamento do arsenal químico sírio, que deve começar a ser destruído antes do final de janeiro.

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