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 De acordo com o jurista autor dos pedidos de impeachment de Dilma Rousseff e Fernando Collor, Miguel Reale Júnior, o Ministério Público possui autonomia para pedir a interdição do atual presidente Jair Bolsonaro, se ele for declarado mentalmente incapaz para continuar no cargo. A declaração foi dada em entrevista à revista Veja, publicada nesta sexta-feira (11).

“O Ministério Público pode pedir a interdição do presidente, mas temos certeza que o atual procurador, Augusto Aras, não tomará essa medida”, comentou Reale.

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Segundo o jurista, tal ação é baseada no Código de Defesa Civil, cabendo o pedido à família e à autarquia. “Bolsonaro tem quadros de anormalidade, falta de empatia, personalidade antipática e antissocial. Gosta de tortura, não é solidário na doença, já propôs que 30 mil morram em um projeto de poder. É um quadro triste”, continuou.

A lei 13.146, de 2015, presente no Código Civil de 2002, institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência e regulamenta o processo de interdição de indivíduos classificados como pessoas com deficiência mental. Elas são definidas pelo artigo 2º como aquelas que têm impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, “o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas".

Em 2020, um grupo composto pelos juristas Alfredo Attié Jr, José Geraldo de Souza Jr, Pedro Dallari, Alberto Zacharias Toron e Fábio Roberto Gaspar, bem como pelos filósofos Renato Janine Ribeiro e Roberto Romano, pediu que o Supremo Tribunal Federal interditasse o presidente Bolsonaro. Eles ainda solicitaram "a produção de prova pericial para avaliação da capacidade do interditando para praticar atos relativos ao cargo e à função de presidente da República".

Reale, contudo, ressalta que a prerrogativa legal passa somente pelo procurador-geral da República. "Aras não fará nada", coloca.

Questionado sobre questões técnicas em seu discurso de acusação, um dos autores do impeachment, Miguel Reale Jr., afirmou que há muito clareza na responsabilidade da presidente na edição de créditos suplementares.

"Nunca vi um crime com tanta impressão digital", afirmou Reale. O jurista alegou que é evidente que não havia autorização para que a presidente editasse os decretos de créditos suplementares. "Pode haver autorização legislativa, e se houver, pode-se editar o decreto. Mas não houve. Por que não? Por que realizar decretos passando por cima da Casa Legislativa?", indagou.

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Em defesa da presidente, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) argumentou que havia, sim, autorização para os decretos. "Fica autorizada a abertura de créditos suplementares, desde que sejam compatíveis com a meta fiscal. Tem um princípio da anualidade", argumentou.

Reale rebateu afirmando que a prova de que não havia autorização do Legislativo é a edição dos créditos por decreto pela presidente.

Em meio a um tumulto generalizado, começou na tarde desta quarta-feira, 30, o depoimento na comissão especial do jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Reale terá 30 minutos para se apresentar e, em seguida, será questionado por parlamentares.

A sessão começou com um quórum de 50 membros e 51 parlamentares - entre membros e não membros - já inscritos para falar e um clima acalorado em plenário, com gritos de governistas e oposicionistas. Durante a audiência com Reale, cada deputado poderá falar por três minutos.

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No começo da reunião, o presidente do colegiado, Rogério Rosso (PSD-DF), disse que a audiência é para esclarecer as denúncias de crime de responsabilidade contra a presidente Dilma. Ele aproveitou para indeferir questão de ordem da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que questionou a oitiva de convidados antes do término do prazo de 10 sessões para apresentação da defesa de Dilma.

Na resposta, Rosso alegou que os depoimentos não servem para instrução probatória e sim apresentação do conteúdo já descrito no pedido de impeachment. "Não pode haver negligência de nossa parte e, por isso, temos o dever e o compromisso de buscar a clareza e o entendimento da denúncia aqui apresentada", afirmou. Jandira avisou que vai recorrer da decisão.

Na sequência, o líder do PDT, Weverton Rocha (MA), fez uma nova questão de ordem alegando a necessidade de a presidente Dilma acompanhar os trabalhos da comissão ou indique um procurador para representá-la. Ela sugeriu que os trabalhos fossem suspensos. Os oposicionistas se revoltaram e a sugestão causou tumulto no início da sessão.

Reale foi convidado a iniciar sua apresentação, mas os governistas foram até a mesa exigir que fosse aberto espaço para novas questões de ordem. Houve um tumulto generalizado no plenário, com governistas gritando "não vai ter golpe" e oposicionistas aplaudindo o jurista e gritando "impeachment".

Essa é a sexta reunião ordinária da comissão e é acompanhada por manifestantes pró e contra o impedimento da petista. Durante a audiência, parlamentares de oposição levantaram panfletos escritos "impeachment já".

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